quarta-feira, 12 de junho de 2019

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA RÁDIO DIANA/FM


JOSÉ POLICARPO
                                    Vou por aqui!
O discurso proferido pelo jornalista e cronista João Miguel Tavares na qualidade de presidente da comissão organizadora das celebrações do 10 de Junho, para além de muitos outros aspetos, trouxe à luz uma questão que na minha opinião é irredutível e prévia para qualquer democracia civilizada. Qual seja: a real e efetiva igualdade de oportunidades para todos quantos nela vivem.
A nossa história tem mais de 800 anos e o nosso país é um dos países europeus que, há mais anos, tem as suas fronteiras definidas. Há nisto, obviamente, um significado de estabilidade e de vida em comum de grande relevo. Há, todavia, como nos outros países períodos da história que nos envergonham. A inquisição, a ditadura e o período do PREC (período revolucionário em curso levado a cabo pela extrema esquerda, no pós 25 de abril), não são períodos da nossa história, que devamos orgulhar-nos, particularmente.
Na verdade, a história mais recente ainda não feita nem será feita nos próximos tempos com a objetividade necessária, por razões óbvias. Muitos dos protagonistas estão ainda vivos. Todavia, podemos e devemos fazer um balanço dos anos pós revolução de abril. Houve mudanças indiscutíveis no nosso país e a todos os níveis. Na segurança social, na saúde, na educação e nos equipamentos e infraestruturas.
Com efeito, há uma mudança que devia ter sido operada e ainda não o foi convenientemente. A da mentalidade coletiva. Porventura haja muitas outras explicações para além destas, mas os séculos de monarquia virada para si própria, as décadas de ditadura e os “donos” do atual regime, não podem ser indissociados à não concretização da verdadeira democracia.
Ora, para que a concretização da democracia portuguesa seja plena com tudo o que isto significa, nomeadamente, que seja assegurada a todos as mesmas oportunidades, é inevitável criarmos uma sociedade mais exigente e menos permissiva a questões como a cunha, o amiguismo e a corrupção.
Devemos, por isso, criar condições para que o empenho, a responsabilidade e a competência, sejam os verdadeiros critérios para a ascensão social e o bem-estar de cada um. Não sei, contudo, se a maioria dos portugueses está disponível para adotar estas regras.



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