RUI MENDES
O país que somos
Esta deverá ser uma das últimas, senão a última crónica antes das
eleições de 6 de outubro.
Por isso é tempo
de fazer contas da governação.
Uma governação
peculiar. Apoiada por uns e, tantas vezes, criticada por esses mesmos. Em que
as metas orçamentais tiveram sempre o apoio de toda a esquerda, porque a
esquerda esteve sempre unida na aprovação de todos os Orçamentos de Estado.
Uma oposição que
esteve tantas vezes ausente e que não tem sabido tirar partido dos sucessivos
erros e falhas da governação, tantos e tantas que têm ocorrido.
Mas o que fica
destes quatro anos de governação.
Um pais sem rumo,
sem projecto e sem estratégia de crescimento. Tudo vai acontecendo ao sabor do
vento.
As finanças
assumem o poder governativo. O primeiro-ministro foi prometendo o fim da
austeridade, o céu à administração pública e um país muito diferente daquele
que hoje temos.
Aos cidadãos foi
imposto uma carga fiscal sem precedentes. Os impostos indiretos foi um dos
trilhos para aumentar a receita fiscal.
Á administração
pública foi imposta uma política de cativações que limitou a ação dos serviços
e criou um país em que os serviços degradaram-se em todos os setores.
Um país em que as
diferentes classes profissionais estão insatisfeitas e desmotivadas.
Professores, oficiais de justiça, enfermeiros, talvez não se encontre nenhuma
classe que apresente níveis de satisfação.
Descongelamentos
prometidos mas que tardam por fazer.
Um país em que as
greves estenderam-se por todos os setores e por diferentes períodos, e que não
mostram sinais de abrandar. Na calha estão greves de magistrados, de
enfermeiros e de médicos, criando o caos em muitos serviços.
Um país em que a
saúde está em completa rutura. Todos os dias conhecemos um caso de algo que não
funciona, ou serviços que não tem capacidade de resposta. Uma área gerida por
uma ministra completamente autista.
Continuam a
fazer-se promessas, que logo a seguir se adiam, porque fala-se sem
verdadeiramente se conhecer os efeitos das medidas tomadas. O apregoado fim das
taxas moderadoras é um bom exemplo do que se disse.
Os transportes
estão um caos, os cidadãos foram incentivados para que utilizassem os
transportes públicos, reduzindo-se de forma significativa os custos dos passes,
mas esquecendo-se que os serviços não têm capacidade de resposta e, muitas das
vezes, mínimos de qualidade, pelo que pôs-se a nu o que são os transportes
públicos portugueses.
Um país em que a
justiça tarda a responder, e em que os índices de corrupção atingem níveis
dramáticos.
A protecção civil
continua a ser uma permanente preocupação. Quando se chega ao momento algo está
sempre por resolver. Incompreensível.
As forças de
segurança são tantas vezes desconsideradas, quando Portugal é um dos países
mais seguros do mundo.
A habitação
atinge preços insuportáveis para a maioria dos que dela precisam. Utilizar a
fiscalidade per si não resolverá este grave problema.
Um país em que o
desemprego caiu de uma forma brutal, mas em que o emprego está sustentado numa
política de baixos salários.
Áreas que
praticamente, durante a legislatura, estiveram out. Foi o caso do mar e do
ensino superior, e nesta fase final, da agricultura e da economia. Terão
terminado funções e nós não nos apercebemos.
Um interior cada
vez mais esquecido. Os anos passam e os problemas crescem. Esta é a verdade.
Um país em que a
economia está sustentada no consumo interno.
Um país em que a
taxa de poupança das famílias é das mais baixas da Europa.
Um país em que a
divida pública foi sucessivamente aumentando durante estes últimos quatro anos.
Um governo que,
por estarmos a três meses de eleições, já promete aumentos para os mais qualificados
da AP, quando refere que não possui verba para reposicionar os professores e
outros quadros qualificados da Administração Pública. Não dá para compreender.
O eleitoralismo tem limites. Haja decência.
É este o retrato
do país que estamos a construir.
É este o país que
quer?
Até para a semana
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