sexta-feira, 28 de junho de 2019

A CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM


                                                                                            RUI MENDES
                                         O país que somos
Esta deverá ser uma das últimas, senão a última crónica antes das eleições de 6 de outubro.
Por isso é tempo de fazer contas da governação.
Uma governação peculiar. Apoiada por uns e, tantas vezes, criticada por esses mesmos. Em que as metas orçamentais tiveram sempre o apoio de toda a esquerda, porque a esquerda esteve sempre unida na aprovação de todos os Orçamentos de Estado.
Uma oposição que esteve tantas vezes ausente e que não tem sabido tirar partido dos sucessivos erros e falhas da governação, tantos e tantas que têm ocorrido.
Mas o que fica destes quatro anos de governação.
Um pais sem rumo, sem projecto e sem estratégia de crescimento. Tudo vai acontecendo ao sabor do vento.
As finanças assumem o poder governativo. O primeiro-ministro foi prometendo o fim da austeridade, o céu à administração pública e um país muito diferente daquele que hoje temos.
Aos cidadãos foi imposto uma carga fiscal sem precedentes. Os impostos indiretos foi um dos trilhos para aumentar a receita fiscal.
Á administração pública foi imposta uma política de cativações que limitou a ação dos serviços e criou um país em que os serviços degradaram-se em todos os setores.
Um país em que as diferentes classes profissionais estão insatisfeitas e desmotivadas. Professores, oficiais de justiça, enfermeiros, talvez não se encontre nenhuma classe que apresente níveis de satisfação.
Descongelamentos prometidos mas que tardam por fazer.
Um país em que as greves estenderam-se por todos os setores e por diferentes períodos, e que não mostram sinais de abrandar. Na calha estão greves de magistrados, de enfermeiros e de médicos, criando o caos em muitos serviços.
Um país em que a saúde está em completa rutura. Todos os dias conhecemos um caso de algo que não funciona, ou serviços que não tem capacidade de resposta. Uma área gerida por uma ministra completamente autista.
Continuam a fazer-se promessas, que logo a seguir se adiam, porque fala-se sem verdadeiramente se conhecer os efeitos das medidas tomadas. O apregoado fim das taxas moderadoras é um bom exemplo do que se disse.
Os transportes estão um caos, os cidadãos foram incentivados para que utilizassem os transportes públicos, reduzindo-se de forma significativa os custos dos passes, mas esquecendo-se que os serviços não têm capacidade de resposta e, muitas das vezes, mínimos de qualidade, pelo que pôs-se a nu o que são os transportes públicos portugueses.
Um país em que a justiça tarda a responder, e em que os índices de corrupção atingem níveis dramáticos.
A protecção civil continua a ser uma permanente preocupação. Quando se chega ao momento algo está sempre por resolver. Incompreensível.
As forças de segurança são tantas vezes desconsideradas, quando Portugal é um dos países mais seguros do mundo.
A habitação atinge preços insuportáveis para a maioria dos que dela precisam. Utilizar a fiscalidade per si não resolverá este grave problema.
Um país em que o desemprego caiu de uma forma brutal, mas em que o emprego está sustentado numa política de baixos salários.
Áreas que praticamente, durante a legislatura, estiveram out. Foi o caso do mar e do ensino superior, e nesta fase final, da agricultura e da economia. Terão terminado funções e nós não nos apercebemos.
Um interior cada vez mais esquecido. Os anos passam e os problemas crescem. Esta é a verdade.
Um país em que a economia está sustentada no consumo interno.
Um país em que a taxa de poupança das famílias é das mais baixas da Europa.
Um país em que a divida pública foi sucessivamente aumentando durante estes últimos quatro anos.
Um governo que, por estarmos a três meses de eleições, já promete aumentos para os mais qualificados da AP, quando refere que não possui verba para reposicionar os professores e outros quadros qualificados da Administração Pública. Não dá para compreender. O eleitoralismo tem limites. Haja decência.
 É este o retrato do país que estamos a construir.
É este o país que quer?
 Até para a semana



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