quinta-feira, 30 de maio de 2019

DUQUES E CENAS (PARTE II) - Prof. J.L.N.

Vidé dia anterior publicação parte I
                          (Ainda não) é a hora
Mas se, por outro lado, os políticos da terra, de todos os quadrantes, pretendem utilizar esta questão como arma política para começar a discutir antecipadamente as próximas eleições autárquicas, julgo que não será esse o melhor caminho. Se, porventura, a inauguração deste espaço renovado coincidir com as vésperas dessa ida às urnas (lá para 2021), tal não será de admirar, pois o mesmo aconteceria com qualquer outro partido que governasse a câmara. (É a política, meus senhores!) E temos essa perfeita noção quando, em termos nacionais, assistimos às andanças de António Costa e demais familiares nestes tempos de eleições europeias e nacionais. As obras, essas, são absolutamente inocentes em relação a tudo isso e o executivo que as mandou fazer não tem de ser penalizado nas urnas pelos atrasos ou pelos avanços, pela chuva ou pela seca, que vão acompanhando todo o processo. A discussão para as autárquicas e a penalização nas urnas, se a houver, tem de ter outra base de diálogo. Deve discutir-se, isso sim, a necessidade de um urgente progresso económico do concelho e a consequente fixação de jovens à terra que os viu nascer ou onde decidiram viver a sua vida; deve ser implementada a aplicação de benefícios fiscais para quem, corajosamente, investe na cidade e no concelho, contra todas as marés e todos os velhos do restelo; é inadiável o investimento na desburocratização da nossa vida diária e na imperiosa necessidade de uma maior justiça no apoio às associações, em particular, e à cultura, em geral.
É por isso que esses debates devem passar, em primeiríssimo lugar, pela aceitação das opiniões de todos e pela vontade manifesta de uma abertura total em relação ao ajuste e à correcção do que deve ser melhorado. Para tal, há opções que devem ser feitas. Uma delas, fundamental na minha perspectiva, passa, obviamente, por uma maior libertação das orientações partidárias e pelo assumir, sem constrangimentos, que o autarca está em primeiro lugar e sempre ao serviço da população que o elegeu e não do partido que o lançou como candidato.
Sem querer fazer futurologia, acredito que, se não se operar uma mudança nos seus estatutos internos e nas suas ideologias antiquadas e “direccionistas”, os partidos têm os dias contados. Poderá ser apenas daqui a duas ou três décadas, mas os movimentos de cidadãos “livres” acabarão por ser a solução que marcará a diferença no nosso panorama autárquico. Porque também eles são conhecedores dos concelhos e dos aparelhos autárquicos que os governam e porque também eles mostram ter consciência das carências dos munícipes e da urgência de progresso nas suas terras. A marcar a diferença está a sua acrescida vontade ilimitada de construir uma comunidade mais unida, mais amiga e mais interessada nos seus vizinhos, independentemente das suas origens sociais e das suas ideologias políticas ou religiosas.
Estamos a viver no futuro. O passado já foi.
Sei que ainda não é a hora. Mas a hora soará.

João Luís Nabo
In O Montemorense, Maio 2019


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