J.S. in Memorial do Convento
CRICAS e MANGALHOS
1) Através da via aberta pelo Al tejo vamos actualizar a informação sobre a tal dúzia de gatos ilegais "da vizinha Cachola" que foram despejados e postos ao relento numa manhã de princípios de Abril, como aqui foi anunciado e descrito.
Segundo as ultimas
informações que recolhemos, uns já estão no crematório e outros no gatil.
Sobraram "três tristes gatos" muito magros que andam por aqui vadiando à noite e errantes
durante o dia, acoitados na Travessa, onde mora a casa que os viu crescer.
Dois são pretos como
breu, o terceiro é malhado de cinzento. Neste preciso momento, andam passeando
as suas três molhadas tardes para começarem a escapar ás suas frias noites escuras.
Descansem, porém, os
bons espíritos porque ainda não lhes faltou água e comida. Embora se sinta, e
de que maneira, a ausência da sua dona que se chamava, a D. Emília, Senhora dos Gatos.
. 2) Feito
este ponto da situação, vamos variar o tema destes Apontamentos Locais com
alguns acrescentamentos sobre figuras históricas e reconhecidas do Alandroal.
Como sabem, houve um
Pero Rodrigues que Camões nos Lusíadas não se esqueceu de incluir no Canto VIII
por ser “um grande e leal amigo” do Rei D. João I nas circunstâncias difíceis
das intrigas e investidas castelhanas contra a independência do Reino de
Portugal (Século XIV).
Diogo Lopes Sequeira, ateve-se a dois casamentos. O primeiro enlace
deu-se com M. de Vilhena que era uma mulher assim/assim. O segundo,
aconteceu-lhe com Maria Freire de Andrade um traço fino e bonito de dama
daquela época, comparável ao tipo plebeu da Maria do Cesário e da Gracinda
quando cantavam e dançavam ao desafio
Teve também irmãos e irmãs, teve filhos e netos que foram marcando presença interventiva na nossa História. Destes, ainda um dia havemos de salientar, no Al tejo, um tal mano João Lopes Sequeira que andou pelo Norte de Africa um tanto por conta própria a conquistar e a filhar riquezas árabes. Desviando as demais que podia.
Teve também irmãos e irmãs, teve filhos e netos que foram marcando presença interventiva na nossa História. Destes, ainda um dia havemos de salientar, no Al tejo, um tal mano João Lopes Sequeira que andou pelo Norte de Africa um tanto por conta própria a conquistar e a filhar riquezas árabes. Desviando as demais que podia.
Fez-se de combatente e
de modas, voltou para Lisboa, reembarcando um Castelo de madeira que tinha mandado fazer nos becos e estaleiros do Tejo (à custa da Coroa) e
tornou a vender ao Rei D. Manuel quando este estava aqui por Évora.
A corrupção e grande mal da Corte naqueles tempos já era assim e, até esta data, ainda não deixou de o ser. Continuamente, quando é que irá diminuir?...
A corrupção e grande mal da Corte naqueles tempos já era assim e, até esta data, ainda não deixou de o ser. Continuamente, quando é que irá diminuir?...
Adiante.
3) Voltemos
a Pero Rodrigues.
Na “Antologia de Poesia
Portuguesa Erótica e Satírica”, organizada por Natália Correia, em 1965,
aparece-nos logo isto no poema de abertura com versos de Martim Soares, um
poeta do século XIII.
Ora vejam :
“ Pero Rodrigues, da
vossa mulher,/ Não acrediteis no mal que vos digam,/ Tenho eu a certeza que
muito vos quer,/ Sabei que outro dia quando eu a phodia,/ enquanto gozava, pelo
que dizia,/ muito me mostrava que era vossa amiga (…)”.
Em linguagem moderna, é
caso para exclamar e para fazer duas ressalvas: 1) mas que belo par de
cornos;
2) Claro que Martim Soares ainda não escrevia assim no século XIII.
Neste caso, observámos
que Natália Correia serviu-se da fixação de texto feita pelo Professor Rodrigues Lapa que,
por sua vez, já tinha adaptado livremente as composições dos trovadores das
famosas “Cantigas d` Escárnio e Mal Dizer”.
A derradeira questão
que vamos, por hoje, aqui colocar ao sabor e à perspicácia dos visitantes e
visitadoras do Al tejo é pois esta: que laços e parentescos familiares veio a
ter este antepassado Pero Rodrigues com o camoniano P. Rodrigues ser vivente
uns cento e tantos anos depois?
Para já terá de ficar,
entre os alandroalenses, este mistério e grande prazer de reconhecer que o
Alandroal, em matéria de “delícias sexuais”, sempre foi actuante e viveu com muito
que contar-nos.
Século após século,
família atrás de família, sequeiras atrás de sequeiras. ilustres atrás de
desilustres. Manajeiros atrás de mondadeiras…etc. E mais que possam enumerar.
Se, por bem ou até
vendo as coisas apenas pelo lado do mal, nos recordarmos havemos contudo de
reparar que o Alandroal teve uma roda e ainda tem uma rua com a tal pequena
janela de Roda (r).
Assim como foi sendo,
até há meia dúzia de décadas, uma terra de pais, filhos e filhas incógnitas,
lavradores de bolsos cheios e pixa descendente bastante criativa. Muitos
escapámos por um triz.
Qualquer um de nós que
tenha nascido no Alandroal ao longo do século XX sabe disso. E se não o
praticou, pior ficou, digo eu, que acredito piamente que os pecados moram
sempre ao lado das virtudes… “e que estas afinal não existem sem aqueles”.
E sabe como o dito Pero
Rodrigues bem o soube (e deve ter sentido) que “os amores carnais” têm tanto de
traidores como de pecadilhos maiores ou menores, sem os quais Portugal não
teria a natalidade pujante que teve e, hoje, anda à pressa a querer restaurar
sem o phoder conseguir.
Será apenas por causa da televisão e da
internet? Ou será como aqui, abreviadamente, o perfilhamos por causa da falta
de tomates quentes e de puros desejos carnais em transgressão?
Aqui fica a questão.
Saudações Democráticas
Antonio Neves Berbem
( 10 de Maio de 2019)
1 comentário:
Claro que o comentário enviado por uma Senhora Susana Garcia e posteriormente por um Senhor que assina Luís Nóbrega, não serão aqui publicado
Se por um lado o comentário de Susana, coloca em dúvida a linha editorial (o que tem todo o direito), já por outro lado faz insinuações vis e torpes sobre a conduta dos autores responsáveis pelo texto e ilustrações (Autor A.N.B. ilustrações de F. Tátá),
Já o comentário de Luiz Nóbrega limita-se a uma vergonhosa intrusão na vida particular do autor do texto com insinuações vis e torpes a propósito da sua profissão.
Não vos invejo, não só pela falta de humor demonstrado, como pelo total desconhecimento da obra literária de Natália Correia.
Acresce ainda que se torna impossível aludir a um comentário que nunca foi publicado (caso do de Suzana recebido às 17,30H), que repito não foi publicado, e referido por Luís Nóbrega com alusão ao mesmo (às 18,11H). Das duas uma: ou é a mesma pessoa utilizando nomes falsos ou então mereceu dar conhecimento do mesmo com o único intento de reforçar as suas idéias que facilmente se adivinham
A terminar: claro que vou continuar a dizer, a escrever e a publicar o que penso sem recear os moralistas de esquerda e os moralistas de direita que têm a mania que são santos, intocáveis mas que não passam de uns pobres doutores da mula russa.
O Administrador
Enviar um comentário