EDUARDO LUCIANO
Os ilusionistas e os que se
deixam iludir
A propósito da contagem do tempo de carreira dos professores, veio
à superfície a natureza de PS, PSD e CDS.
O governo
entendeu por bem encenar uma crise política a propósito dos trabalhos
parlamentares, que concluíram pela recuperação integral do tempo de serviço
colocado no congelador pelos diversos governos, ameaçando com a demissão e a
dramatização da vida política em ambiente eleitoral.
PSD e CDS que
tinham acordado na recuperação integral vieram logo a seguir dizer que afinal
não era bem assim, um afirmando que a coisa era para os próximos 50 anos e o
outro colocando a condição de tal recuperação se fazer segundo os ditames das
regras da União Europeia.
Este exercício
permitia aos partidos da direita dizerem-se ao lado dos professores e ao mesmo
tempo tornarem inútil e ineficaz a decisão de recuperar a totalidade do tempo
de serviço.
O PCP recusou e
bem alinhar nesta jogada onde a demagogia desempenha o papel central, assumindo
que não votará favoravelmente as condições impostas pela direita e que na
prática inviabilizariam a efectiva e justa reposição do tempo de serviço.
Fê-lo por uma
questão de coerência e por se recusar a alinhar numa estratégia de engano dos
professores.
As imposições de
PSD e CDS fazem lembrar aquela velha história do homem que vendia mel por um
euro o quilo na condição do pagamento ser antecipado e a entrega se realizar
apenas quando a quantidade de mel necessária estivesse disponível. Questionado
pelos clientes sobre quando isso aconteceria, respondia sempre com um ar
responsável: não sei, ainda só tenho uma abelha.
Aos que dizem que
seria melhor votar com a direita essas imposições e garantir desde já que o
tempo é contado na totalidade que depois logo se via, lembro que daqui a 50
anos não estarão a exercer a profissão e que se ficarem a depender de regras e
critérios vindos da União Europeia a decisão será efectiva no dia de são nunca
à tarde.
A solução é
simples aprovar a recuperação do tempo sem reservas, negociar depois a sua
aplicação sem condições nem limites à partida.
E perante essa
proposta, PS, PSD e CDS irão unir-se para impedir a sua aprovação e só há uma
conclusão a tirar: retórica à parte, estão todos do mesmo lado no que toca à
contagem do tempo de serviço dos professores.
Até para a semana
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