RUI MENDES
Eleições Europeias – Os
resultados
No passado domingo realizaram-se eleições para a escolha de
deputados para o parlamento europeu. Vamos escalpelizar os resultados
eleitorais.
Leitura dos
resultados
Grosso modo os resultados de 2014 mantiveram-se em 2019.
Em 2014 o PS
venceu as eleições europeias com 31,5% (correspondente a 1 milhão e 33 mil
votos). Em 2019 tornou a vencer com 33,4% (equivalente a 1 milhão, cento e seis
mil votos).
A coligação PAF
(PSD e CDS) obteve 27,7% em 2014 (909 mil votos). Em 2019 a soma das votações
de PSD e CDS dá 28,1% (932 mil votos).
Em 2019 PS, BE e
PAN ganham, cada um, 1 eurodeputado. CDU perde 1 e MPT perde os dois
europdeputados que havia elegido em 2014.
Leitura politica
Claramente que se
fixa o voto à esquerda.
A vitória do PS
não tem uma dimensão muito superior à que obteve em 2014. Apelidar a vitória de
2014 de “poucochinho”, e a vitória de 2019 de “grande vitória do PS”, tem algo
de irónico.
Mas falemos dos
vencedores e dos vencidos.
Como vencedores o
PS, que ganha as eleições, ganhando em 17 distritos do continente, em todas as
ilhas dos Açores e em 2 concelhos da Madeira, o BE que mais que duplica a
votação de 2014, ganha mais de 175 000 votos, e o PAN que passa de 1,7% em 2014
para 5,1% em 2019.
Os vencidos foram
a CDU com perdas de mais de 188 000 votos, existindo fuga de votos da CDU para
o BE, passando a CDU a representar em 2019 apenas 6,9%, quando em 2014
representava 12,7%. O MPT que pura e simplesmente desaparece.
O centro direita
que não consegue crescer em eleitos, apresentando apenas um ligeiro crescimento
em votos expressos, mas que coloca este bloco politico com um papel pouco
relevante.
Leitura da
abstenção
É evidente o
desinteresse da maioria em votar. Portugal está no grupo dos paises em que a
abstenção foi mais elevada, e em contraciclo com a maioria dos paises europeus
que viram nestas eleições aumentar o número de votantes.
A abstenção subiu
para 69,3%, mais 3,1 pontos percentuais do que em 2014. Esta taxa é
assustadora, não tendo votado cerca de 7 milhões e quatrocentos mil eleitores,
ou seja, votaram somente cerca de 3,3 milhões de eleitores. Convenhamos que é
muito pouco para uma democracia dita madura.
Mas quando
assistimos à desvalorização das pessoas, como é o caso dos professores e de
tantos outros, à perda da qualidade dos serviços públicos, observável na
segurança social, na saúde, na educação, na justiça, e em tantas outras áreas.
Quando os casos de
corrupção e o tráfico de influência nos são dados a conhecer quase diariamente
pela comunicação social, havendo hoje uma percepção pública de que a corrupção
é um imenso problema da nossa sociedade, talvez já se compreenda porque existe
este afastamento entre o cidadão e a participação na vida pública,
particularmente no cumprimento do seu dever de votar.
A realidade
é que este país é bem diferente daquele que os nossos governantes nos querem
vender.
Até para a semana
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