JOSÉ POLICARPO
Lugares mal
frequentados
O Estado português sempre se confundira com as famílias, só com
algumas diga-se em abono da verdade. O que estamos a viver hoje em dia não é
caso isolado. Na primeira republica já o era assim, não foi diferente durante o
estado novo e, infelizmente, para infortúnio da nação lusa, o pós-revolução,
nada ou pouco trouxe a esta situação.
Na verdade, o
problema das nomeações de familiares e de amigos para cargos na administração
pública central, regional e local, traz consigo um problema incontornável e não
é de fundo ético. A questão mais funda e principal é na desigualdade de
tratamento dos cidadãos, uns são queridos, os outros, tão-somente, ignorados.
Aqueles que
nasceram no ceio de uma família importante ou que conhecem alguém com poderes
públicos, não precisam muito para terem um lugarzito ao sol. Os outros, a
maioria, estão votados à sua sorte. Ou conseguem por esforço próprio e
dedicação alcançar um trabalho que os dignifique, ou, então, ficam no limiar da
pobreza.
Ora, não é
preciso ser muito esclarecido para se concluir que a desigualdade de tratamento
acarreta consigo grandes distorções nas oportunidades que se concedem aos
cidadãos. A primeira e resulta logo à evidência, é que nem sempre os mais
capazes são os escolhidos. Significando isto que os serviços a prestar pelo
estado ficam condicionados, por não serem os melhores. Em princípio, pessoas
mais capazes prestam melhores serviços.
Por isso, se
queremos um melhor país, se é que queremos, mais rico e que proporcione uma
melhor qualidade de vida a todos, na minha modesta opinião, temos que criar na
escola e nas famílias novas formas de educar e de formar os portugueses. Os
princípios do esforço, da dedicação e da responsabilidade deverão premiar e
recompensar aqueles, que, os adotarem, para si. Porque já vimos, porque já foi
experimentado, que não é com novos modelos, novas comissões, que as coisas
mudam. Mudam tudo, para que tudo fique na mesma.
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