O Museu
Nacional de Arqueologia é o principal Museu Nacional de âmbito arqueológico em
Portugal. Localizado em Lisboa, no Mosteiro dos Jerónimos, o museu foi fundado
em 1893 por iniciativa de José Leite de Vasconcelos, conceituado arqueólogo,
nascido em Tarouca em 7 de Julho de 1858 e falecido em Lisboa a 17 de Maio de
1941, e que nos legou um vasto trabalho arqueológico, algum realizado no nosso
concelho.
Em 15 de
Março de 1986, foi a vez de Montemor-o-Novo inaugurar o seu “Museu de
Arqueologia”. Organizado pelo Arqueólogo Mário Varela Gomes, está instalado em
quatro salas do Convento de S. Domingos. O nosso Museu de Arqueologia está
considerado por ilustres arqueólogos, um dos melhores do País, e também da Europa.
O dia 15 de
Março de 1986, aniversário do importante Foral que Dom Sancho I concedeu em
1203, a esta Vila Notável, foi de grande festa pela inauguração do valioso
Museu de Arqueologia que honra Montemor-o-Novo, tanto no País como
além-fronteiras.
O
acontecimento justificava um Programa que marcou esse dia com os seguintes
actos:
Às 10,00 horas – Içar das Bandeiras
Nacional e do Grupo dos Amigos de Montemor-o-Novo na fachada do antigo Convento
de São Domingos, onde está o nosso Museu. Houve também lançamento de foguetes,
nesse momento, pela mesma razão.
Às 11,00 horas foi celebrada na
Igreja do Calvário, uma Missa pelas intenções dos Sócios vivos e defuntos do
referido Grupo dos Amigos de Montemor-o-Novo. À homilia, o celebrante Padre
Alberto Dias Barbosa, Secretário da Direcção e fundador do mesmo Grupo,
recordou à assistência as motivações que estiveram na origem do GAM: promover a
aproximação e mútua colaboração dos Montemorenses em prol do progresso integral
da população deste Concelho, especialmente no aspecto cultural, e ao mesmo
tempo trabalhar pela defesa, divulgação e desenvolvimento da Terra com todos os
seus valores e interesses. E apelou à colaboração de todos e principalmente dos
reformados, pelo menos nos seus tempos livres, para que se dediquem a esta e
outras iniciativas semelhantes, valorizando as suas vidas e engrandecendo
Montemor-o-Novo, à imitação de vários sócios vivos e falecidos, que ao Grupo
têm dado a sua melhor dedicação. É essa uma acertada e valiosa atitude humana e
cristã.
Pelas 15,00 horas iniciou-se a
Assembleia Geral Ordinária dos Sócios do citado Grupo na Biblioteca do Convento
de São Domingos.
… Proposta
pela Direcção e aprovada por unanimidade a eleição dos novos Sócios Honorários
do Grupo, pelo muito que este lhes deve: Excelentíssimos Senhores Professor
Doutor Artur Nobre de Gusmão, Arquitecto Jorge Sottomayor de Almeida, Doutor
Mário Nunes Vacas e Doutora Dona Ana Ribeiro da Mota Vacas.
Também por
proposta da Direcção foram escolhidos as Excelentíssimas Senhoras (es) Doutora
Dona Margarida Ribeiro, distinta Etnóloga, para Directora do Boletim do Grupo
dos Amigos de Montemor-o-Novo e Arquitecto Mário Varela Gomes, a quem
principalmente se deve a organização e a instalação do novo Museu, para
Director por tempo indefinido, do referido Museu de Arqueologia de
Montemor-o-Novo.
Pelas 16,00
horas chegaram destacadas personalidades na vida cultural portuguesa e grande
número de pessoas de Montemor e de outras terras, enchendo-se completamente a
vasta Sala da Biblioteca, que se diz ser a maior Sala do Distrito de Évora (40
x 14 metros).
Presidiu à
Sessão Solene que se seguiu, o Capitão José Claudino Tregeira, Presidente da
Direcção do Grupo dos Amigos de Montemor-o-Novo, ladeado pelas seguintes
entidades: Vice-Presidente do Instituto Português do Património Cultural,
representante do Governador Civil do Distrito, Director do Departamento de
Belas Artes da Fundação Calouste Gulbenkian, Vice-Reitor da Universidade Nova
de Lisboa, Director dos Serviços de Arqueologia do Sul, Vereador da Cultura da
Câmara Municipal de Montemor-o-Novo (José Vicente Grulha), e o Director do
Museu de Arqueologia de Montemor-o-Novo (Arquitecto Mário Varela Gomes).
O
Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Arcebispo de Évora ocupou um cadeirão em
lugar especial, à direita da Mesa da Presidência.
Entre a
Assembleia viam-se o Presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa, Directores
de Museus e destacadas personalidades na vida cultural portuguesa, além de
muitos Sócios e Amigos vindos de Lisboa, de Évora e de outras terras, além de
Montemorenses dedicados, aqui residentes.
Falaram,
além do Presidente do Grupo que historiou a formação da Instituição e agradeceu
a quantos levantaram o novo Museu: Professor Doutor Artur Nobre de Gusmão, em
nome pessoal e da Gulbenkian; José Vicente Grulha, Vereador da Cultura da
Câmara Municipal; o Senhor Arcebispo, a Doutora Ana da Mota Vacas e o Professor
Doutor Justino Mendes de Almeida. Todos foram unânimes em enaltecer o novo
Museu, felicitar os seus organizadores e Montemor-o-Novo, por esta rica
iniciativa, e agradecer a todos esta preciosa realização cultural e turística.
Por proposta
do Arquitecto Varela Gomes foi deliberado atribuir à Sala Grande do Museu de
Arqueologia, o nome de “Sala João de Lemos”, entidade que cedeu grande número
de peças que constam do espólio do Museu de Arqueologia, pelo que será enviada
uma carta a seus herdeiros com tal intenção.
Após a
Sessão Solene e a inauguração do novo museu, decorreu uma visita guiada ao
mesmo, na qual o Senhor Arquitecto Mário Varela Gomes foi explicando aos
visitantes nas sucessivas Salas do Museu, o espólio e fotografias das diversas
vitrinas. Todos exaltaram o valor dos objectos expostos, e os critérios
didácticos seguidos na sua montagem. O museu exibe um importante espólio
arqueológico, com peças do Paleolítico até à Idade Média.
Por fim,
várias Meninas serviram, em tabuleiros, um esmerado e abundante beberete,
oferecido a todos os presentes e preparado com distinção por um grupo de
dedicadas Senhoras desta Vila Notável.
O novo Museu
está diariamente aberto ao Público visitante, como qualquer outro Museu,
constituindo doravante um dos principais centros de interesse de
Montemor-o-Novo.
Para a
instalação do Museu de Arqueologia de Montemor-o-Novo, muito contribuiu a Senhora
Doutora Ana Ribeiro da Mota Vacas, que com a sua forte determinação, removeu
todos os obstáculos que se apresentavam, empenhando-se totalmente na realização
desta excelente obra, que muito dignifica Montemor-o-Novo, e que a Senhora
Doutora Ana Ribeiro da Mota Vacas, não nascendo cá, muito ama.
Os
visitantes que se desloquem até ao Convento de São Domingos, podem visitar,
além do já referido Museu de Arqueologia, sem dúvida alguma, a “Menina dos
Olhos do Convento”, as seguintes valências:
* “Colecção de Olaria Quinhentista”,
composta por 1.020 peças de olaria de quase todas as Olarias do Continente,
coleccionadas e estudadas criteriosamente pela etnóloga Dona Margarida Ribeiro,
que as ofereceu ao Grupo;
* Nas “Salas de Etnografia” podem
ser observadas cerca de 6.000 peças, distribuídas por 10 salões que rodeiam os
claustros, onde se situa a galeria de arte. A maior parte das peças expostas
descrevem os costumes e as tradições dos nossos antepassados, e foram
oferecidas por famílias de Montemor;
* “Colecção de Arte Sacra”,
constituída por um espólio de esculturas, paramentos e alfaias religiosas
riquíssimo;
* “Salas de Tauromaquia” que mostram
peças únicas, a atestar a “afición” e o gosto pela Festa Brava da população de
Montemor-o-Novo. Numa das salas está patente o espólio do Grupo de Forcados de
Montemor;
* “Sala do Traje”, onde os
visitantes podem observar mais de uma dezena de vestidos de outras épocas, que
caracterizavam a silhueta feminina. Os vestidos compridos de cores fortes
revelam uma visão do passado com uma essência especial que caracterizou um
Portugal já distante, mas não menos interessante;
* “Sala do Brinquedo” com mais de
trezentas peças. Esta sala, tem a virtude de enquadrar na filosofia pedagógica
do Núcleo Museológico do Convento de São Domingos, um apelo ao imaginário da
criança, ao seu equilíbrio emocional, e um apelo ao estudo da História:
mentalidades, formas de diversão, e formas de trajar no passado;
*
“Colecção de Coches, Charretes e Carroças, a maior parte pertencente ao
Estado, e de que o GAM é fiel depositário,
e ainda, a valiosa
* “Biblioteca” com cerca de 14 000
livros que estão à disposição dos montemorenses e dos turistas que nos visitam.
Através de
visitas guiadas, faça uma viagem no tempo, e venha conhecer de terça-feira a
domingo, estes fabulosos espaços recheados de história, que honram
Montemor-o-Novo.
Augusto Mesquita
In “Folha de Montemor” – Março 2019
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