RUI MENDES
A novela do Novo Banco
O
assunto é sério, embora os nossos governantes o tentem suavizar para que a
opinião pública não se aperceba da real dimensão do problema.
O Novo Banco (NB) não
deixa de ser um sorvedor de capitais.
Solicita agora mais
1149 milhões de euros ao Fundo de Resolução, o qual também necessitará de ser
reforçado por via de empréstimo do Estado, porque volta não volta está a ser
chamado para nova recapitalização.
Desde o início deste
processo que muita coisa está por esclarecer. Provavelmente não será
esclarecida, porque já nos habituámos aos tabus da banca.
A banca é um tema que
incomoda particularmente os politicos, muitos deles terão fortes
responsabilidades nestas teias que se foram criando, pelo que as dúvidas são
muitas e as resposta poucas.
Em 2014 quando é
injectado capital no Fundo de Resolução para capitalizar o NB o sentido era que
o montante injectado seria reposto com a venda do banco. Acontece que tal não
aconteceu.
Em 2017 dá-se a
compra de 75% do Novo Banco pela LONE STAR, com o aval do actual Governo, a
qual fez-se pela injecção de 750 M€ de capital no Novo Banco, ficando os
restantes 25% do capital do banco a ser detidos pelo Fundo de Resolução, fundo
que é suportado pelos bancos, entre os quais a CGD que é o banco público e,
quando necessário, capitalizado pelos contribuintes portugueses.
Pese embora a venda
se tenha efectivado o Fundo de Resolução ficou obrigado a injectar capital no
banco, caso se verificassem condições que foram acordadas para a venda ser
consumada.
Razão pela qual vão
acontecendo estas injecções de capital.
Este Governo não está
isento de responsabilidades neste processo. A venda do banco e a forma como foi
feita é bem prova disso.
Este Governo tem uma
forma curiosa de se desresponsabilizar.
Tomam as decisões e
fazem flores com as decisões que tomam, como se a resolução dos problemas
acontecesse pela sua acção. Logo que algo corre mal chama-se o passado para
achar um culpado. E a partir daí os culpados são sempre os outros.
Diz Mário Centeno que
“não há nenhum euro dos impostos dos portugueses a ser utilizado na operação” e
que “… no futuro, o Fundo de Resolução vai pagar este empréstimo ao Estado, em
30 anos, com as contribuições do sector bancário“.
Quando fez esta
afirmação esqueceu-se que o Fundo de Resolução integra também a CGD, que é um
banco público, ou então fê-la no propósito de não preocupar os portugueses.
Só não digo a ver
vamos, porque 30 anos é muito tempo e, claro está, daqui até lá este problema
estará enterrado e este governo esquecido.
Ainda assim Mário
Centeno tratou este assunto com algum cuidado.
Já António Costa
ter-se-á esquecido que estava a falar da banca e referiu que “ficámos com um
banco mau e um banco péssimo”, isto para justificar a divisão do ex-BES em dois
bancos, no Novo Banco e no Banco Mau, e para se desresponsabilizar da forma
desastrosa como este processo tem sido dirigido.
Os portugueses já
sabem que de uma forma ou de outra o custo ser-lhes-á imputado. A banca tem
saído cara aos contribuintes portugueses.
Ainda que os custos
destas injecções de capital venham a ser suportados pelo Fundo de Resolução, ou
seja, pelos restantes bancos, estes farão reflectir esses custos nos seus
clientes – leia-se nos portugueses.
Assim, cá estaremos,
sempre presentes, para pagar os erros dos outros.
Mas, pelo menos,
falem com verdade.
Até para a semana
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