sexta-feira, 8 de março de 2019

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM


                                                                                                                           RUI MENDES
                               A novela do Novo Banco
O assunto é sério, embora os nossos governantes o tentem suavizar para que a opinião pública não se aperceba da real dimensão do problema.
O Novo Banco (NB) não deixa de ser um sorvedor de capitais.
Solicita agora mais 1149 milhões de euros ao Fundo de Resolução, o qual também necessitará de ser reforçado por via de empréstimo do Estado, porque volta não volta está a ser chamado para nova recapitalização.
 Desde o início deste processo que muita coisa está por esclarecer. Provavelmente não será esclarecida, porque já nos habituámos aos tabus da banca.
A banca é um tema que incomoda particularmente os politicos, muitos deles terão fortes responsabilidades nestas teias que se foram criando, pelo que as dúvidas são muitas e as resposta poucas.
 Em 2014 quando é injectado capital no Fundo de Resolução para capitalizar o NB o sentido era que o montante injectado seria reposto com a venda do banco. Acontece que tal não aconteceu.
 Em 2017 dá-se a compra de 75% do Novo Banco pela LONE STAR, com o aval do actual Governo, a qual fez-se pela injecção de 750 M€ de capital no Novo Banco, ficando os restantes 25% do capital do banco a ser detidos pelo Fundo de Resolução, fundo que é suportado pelos bancos, entre os quais a CGD que é o banco público e, quando necessário, capitalizado pelos contribuintes portugueses.
Pese embora a venda se tenha efectivado o Fundo de Resolução ficou obrigado a injectar capital no banco, caso se verificassem condições que foram acordadas para a venda ser consumada.
Razão pela qual vão acontecendo estas injecções de capital.
Este Governo não está isento de responsabilidades neste processo. A venda do banco e a forma como foi feita é bem prova disso.
Este Governo tem uma forma curiosa de se desresponsabilizar.
Tomam as decisões e fazem flores com as decisões que tomam, como se a resolução dos problemas acontecesse pela sua acção. Logo que algo corre mal chama-se o passado para achar um culpado. E a partir daí os culpados são sempre os outros.
Diz Mário Centeno que “não há nenhum euro dos impostos dos portugueses a ser utilizado na operação” e que “… no futuro, o Fundo de Resolução vai pagar este empréstimo ao Estado, em 30 anos, com as contribuições do sector bancário“.
Quando fez esta afirmação esqueceu-se que o Fundo de Resolução integra também a CGD, que é um banco público, ou então fê-la no propósito de não preocupar os portugueses.
Só não digo a ver vamos, porque 30 anos é muito tempo e, claro está, daqui até lá este problema estará enterrado e este governo esquecido.
Ainda assim Mário Centeno tratou este assunto com algum cuidado.
 Já António Costa ter-se-á esquecido que estava a falar da banca e referiu que “ficámos com um banco mau e um banco péssimo”, isto para justificar a divisão do ex-BES em dois bancos, no Novo Banco e no Banco Mau, e para se desresponsabilizar da forma desastrosa como este processo tem sido dirigido.
Os portugueses já sabem que de uma forma ou de outra o custo ser-lhes-á imputado. A banca tem saído cara aos contribuintes portugueses.
 Ainda que os custos destas injecções de capital venham a ser suportados pelo Fundo de Resolução, ou seja, pelos restantes bancos, estes farão reflectir esses custos nos seus clientes – leia-se nos portugueses.
Assim, cá estaremos, sempre presentes, para pagar os erros dos outros.
Mas, pelo menos, falem com verdade.
 Até para a semana



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