segunda-feira, 18 de março de 2019

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM

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                                                     “Estamos a ficar sem desculpas e sem tempo”
Há dias que começam bem e 6ª feira, 15 de Março, foi um dia que me deixou cheia de esperança.
Um dia em que na Praça do Giraldo vi muitos cartazes a exigir o combate às alterações climáticas e ouvi muitos jovens a gritar “Não há planeta B” ou “Nós somos a revolução, menos conversa e mais acção, Aquecimento global não!” E com a alegria que nestas coisas anima quem sabe da justeza da sua luta ouvi muitos jovens a cantar “Oh Bella Ciao, Bella Ciao…”
Para muitos jovens foi o primeiro dia das suas vidas em que vieram para a rua manifestar-se politicamente, na defesa do nosso futuro comum, pelo combate às alterações climáticas, mostrando que chegou a hora de pôr fim a décadas de inacção dos governos.
Em Évora, foram algumas centenas de crianças e jovens estudantes que aderiram à greve climática estudantil, juntando-se aos mais de 20.000 estudantes que em muitas cidades do país vieram para a rua, num movimento global pelo Clima que juntou milhões de jovens em mais de 1.000 cidades em todo o mundo.
No seu manifesto, os jovens estudantes portugueses pedem a expansão drástica dos transportes públicos, o fim das concessões de petróleo e de gás, o encerramento das centrais a carvão do Pego e de Sines e a expansão da capacidade instalada de produção de energia solar e exigem que em 2030 a energia eléctrica que consumimos provenha na totalidade de fontes renováveis. Exigem também que a neutralidade de carbono seja adiantada para 2030, em vez de 2050 como previsto.
Os jovens sabem que isto não vai lá apenas com as conferências governamentais. Apesar dos sucessivos compromissos que vão sendo internacionalmente assumidos para cortar as emissões de gases com efeito de estufa, 2018 foi o ano em que se registou o nível mais alto de emissões.
Esta greve climática estudantil mostra-nos que temos uma geração a ganhar consciência da importância da sua própria intervenção e do peso que pode ter para pressionar os governos nacionais e locais a adoptar politicas efectivas de combate às alterações climáticas.
Saúdo os professores e educadores que apoiaram e se juntaram aos seus alunos nesta manifestação pelo Clima.
Pena é que muitos professores não tenham compreendido a importância do que estava em causa, nem a importância de apoiar a participação cívica dos jovens. Esses muito menos compreenderão que foram os seus alunos, os que faltaram às aulas para defender o Planeta, quem, nesse dia, de facto deu a lição.
Tenho esperança nestes jovens, na consciência que mostram da urgência da transição para as energias renováveis, porque não restam dúvidas quanto à causa dos desastres climáticos, que cada vez mais nos assolam, seja como os incêndios no nosso país, seja como as cheias ou o ciclone que ontem mesmo matou mais de 70 pessoas e deixou milhares a precisar de ajuda humanitária em Moçambique.
Deixo aqui as palavras da jovem sueca de 15 anos Greta Thunberg, agora proposta para o Nobel da Paz, com que, no ano passado, se dirigiu aos líderes mundiais na Cimeira do Clima das Nações Unidas
“Estamos a ficar sem desculpas e sem tempo. Viemos aqui para que vocês saibam que a mudança está a chegar, quer vocês gostem ou não. O poder é do povo”
Até para a semana.
MARIA HELENA FIGUEIREDO




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