“Estamos a ficar
sem desculpas e sem tempo”
Há
dias que começam bem e 6ª feira, 15 de Março, foi um dia que me deixou cheia de
esperança.
Um dia em que na
Praça do Giraldo vi muitos cartazes a exigir o combate às alterações climáticas
e ouvi muitos jovens a gritar “Não há planeta B” ou “Nós somos a revolução,
menos conversa e mais acção, Aquecimento global não!” E com a alegria que
nestas coisas anima quem sabe da justeza da sua luta ouvi muitos jovens a
cantar “Oh Bella Ciao, Bella Ciao…”
Para muitos jovens
foi o primeiro dia das suas vidas em que vieram para a rua manifestar-se
politicamente, na defesa do nosso futuro comum, pelo combate às alterações
climáticas, mostrando que chegou a hora de pôr fim a décadas de inacção dos
governos.
Em Évora, foram
algumas centenas de crianças e jovens estudantes que aderiram à greve climática
estudantil, juntando-se aos mais de 20.000 estudantes que em muitas cidades do
país vieram para a rua, num movimento global pelo Clima que juntou milhões de
jovens em mais de 1.000 cidades em todo o mundo.
No seu manifesto, os
jovens estudantes portugueses pedem a expansão drástica dos transportes
públicos, o fim das concessões de petróleo e de gás, o encerramento das
centrais a carvão do Pego e de Sines e a expansão da capacidade instalada de
produção de energia solar e exigem que em 2030 a energia eléctrica que
consumimos provenha na totalidade de fontes renováveis. Exigem também que a
neutralidade de carbono seja adiantada para 2030, em vez de 2050 como previsto.
Os jovens sabem que
isto não vai lá apenas com as conferências governamentais. Apesar dos
sucessivos compromissos que vão sendo internacionalmente assumidos para cortar
as emissões de gases com efeito de estufa, 2018 foi o ano em que se registou o
nível mais alto de emissões.
Esta greve climática
estudantil mostra-nos que temos uma geração a ganhar consciência da importância
da sua própria intervenção e do peso que pode ter para pressionar os governos
nacionais e locais a adoptar politicas efectivas de combate às alterações
climáticas.
Saúdo os professores
e educadores que apoiaram e se juntaram aos seus alunos nesta manifestação pelo
Clima.
Pena é que muitos
professores não tenham compreendido a importância do que estava em causa, nem a
importância de apoiar a participação cívica dos jovens. Esses muito menos
compreenderão que foram os seus alunos, os que faltaram às aulas para defender
o Planeta, quem, nesse dia, de facto deu a lição.
Tenho esperança
nestes jovens, na consciência que mostram da urgência da transição para as
energias renováveis, porque não restam dúvidas quanto à causa dos desastres
climáticos, que cada vez mais nos assolam, seja como os incêndios no nosso
país, seja como as cheias ou o ciclone que ontem mesmo matou mais de 70 pessoas
e deixou milhares a precisar de ajuda humanitária em Moçambique.
Deixo aqui as
palavras da jovem sueca de 15 anos Greta Thunberg, agora proposta para o Nobel
da Paz, com que, no ano passado, se dirigiu aos líderes mundiais na Cimeira do
Clima das Nações Unidas
“Estamos a ficar sem
desculpas e sem tempo. Viemos aqui para que vocês saibam que a mudança está a
chegar, quer vocês gostem ou não. O poder é do povo”
Até para a semana.
MARIA HELENA FIGUEIREDO
Sem comentários:
Enviar um comentário