MARIA HELENA
FIGUEIREDO
Se as mulheres param o Mundo para
No
dia 8 de Março as mulheres saíram à rua.
Foram muitos milhões
no mundo inteiro as mulheres que assinalaram este dia com uma paragem ao
trabalho, às múltiplas tarefas que desempenham nas fábricas, nos escritórios,
em casa, como cuidadoras, na greve feminista internacional, numa luta pelo
reconhecimento dos seus direitos e pela liberdade.
Portugal aderiu pela
1ª vez à greve feminista internacional e alguns, poucos ainda, sindicatos
convocaram greve para o dia 8 de Março, partilhando desta urgência de lutar
contra a discriminação das mulheres.
Mas esta foi
principalmente uma greve simbólica, que não se pretendia que ficasse confinada
ao mundo laboral. Foi uma greve que apelou a que as mulheres também fizessem
paragens nas suas tarefas em casa, na escola. Uma greve em que a palavra de
ordem “se as mulheres param o mundo pára” fez todo o sentido.
E foi sobretudo a
apropriação da rua pelas mulheres que este ano marcou o dia.
Em várias cidades do
país tiveram lugar manifestações que juntaram dezenas de milhares de mulheres,
em que se viram sobretudo muitas mulheres jovens, mulheres que dizem “Basta!” a
um sistema social sexista e discriminatório, que não reconhece ainda a
igualdade e retira direitos.
Juntas, as mulheres
exigem que sejam tomadas medidas efectivas para pôr fim à violência de género
de que são alvo e que tantas vezes acaba no assassinato. Este ano os femicidios
são já um flagelo e a Justiça mostra-se incapaz de actuar.
Por isso exigimos uma
Justiça não machista e misógina, e magistrados que reconheçam a gravidade dos
crimes que são cometidos contra as mulheres e deixem de desculpabilizar os
agressores e tornar as vítimas em culpadas.
No trabalho as mulheres continuam
a ser discriminadas. São as mais precárias e a desigualdade salarial é
gritante, ganham menos 225 euros por mês que os homens e continuam a ver-lhes
vedados, de facto, os lugares de chefia. É preciso que a igualdade entre homens
e mulheres no trabalho seja uma realidade.
São principalmente as
mulheres que cuidam. Cuidam das crianças, cuidam dos doentes, dos velhos,
cuidam das pessoas com deficiência. As mulheres exigem a corresponsabilização
dos homens e respostas públicas como creches, unidades de cuidados continuados
e residências assistidas.
As mulheres trabalham
em casa mais quase 2 horas por dia que os homens. É também pela igualdade nos
tempos de descanso e lazer que as mulheres se manifestaram.
Em pleno século XXI
as mulheres não andam ainda seguras na rua a qualquer hora do dia ou da noite.
É também pelo direito ao espaço público, que ainda lhes está vedado, que as
mulheres lutam.
E é também ainda pelo
direito ao corpo e à livre expressão da sua sexualidade, que as mulheres ainda
têm que lutar.
Foi por tudo isto,
mas não só, que tantas mulheres saíram à rua no dia 8. Foi também por uma
habitação condigna para todas e todos, pelo direito a uma educação pública
gratuita em todos os níveis, foi pelo bem estar das pessoas e pela
sustentabilidade do planeta.
Sabemos que a mudança
não é fácil e que há muito por fazer, mas este 8 de Março marcou um ponto de
viragem e uma coisa é certa: nada será como antes.
Até para a semana!
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