Congresso
Alentejo XXI
“Semear novos rumos para o futuro”
A Alentejo XXI foi criada em 10 de
Janeiro de 1995 com o propósito de intervir no domínio do desenvolvimento
integrado do meio rural. É uma entidade sem fins lucrativos e tem como
objectivos, a promoção e o apoio à criação de iniciativas. Visa o
desenvolvimento integrado do meio rural em articulação com os centros urbanos.
Foi Montemor-o-Novo a cidade escolhida para a realização do XIII Congresso
Alentejo XXI que decorreu nos dias 14 e 15 de Fevereiro de 2004, com larga
participação. Mais de um milhar de congressistas alentejanos, vieram animar a
nossa terra e trazer uma onda de esperança do desenvolvimento do Alentejo,
considerando os temas desenvolvidos e o entusiasmo e interesse que os
intervenientes colocavam.
A hospitalidade dos montemorenses, o acolhimento a todos os visitantes, e
a eficácia da organização foram variadas vezes salientados. Montemor é uma
referência na maneira de bem receber e de preparar bem a logística a todos os
grupos de trabalho para o bom aproveitamento deste esforço colectivo para
conduzir ao sucesso. Trabalhar para o sucesso e isso foi conseguido. A Câmara
Municipal de Montemor e a população estão de parabéns.
A abertura do Congresso teve lugar no Cine Teatro Curvo Semedo, sendo a
Mesa do Secretariado coordenada por Carlos Pinto de Sá, Presidente da Câmara
Municipal de Montemor-o-Novo, composta pelo Dr. Capoulas Santos em
representação do Presidente da Câmara Municipal de Évora, pelos Presidentes das
Câmaras Municipais de Sines, Portalegre, Beja, Reitor da Universidade de Évora,
Presidente da Casa do Alentejo, Presidente da Associação de Defesa do Alqueva,
Jornal “Diário do Alentejo”, tendo como convidados o Ministro da Economia
(representado pelo seu Secretário de Estado), Governador Civil do Distrito e
Presidente da CCDRA. Na sessão de abertura intervieram, com discursos de
circunstância, relacionados com o Alentejo, a sua realidade de região mais
pobre e desfavorecida, o Presidente da Câmara de Montemor-o-Novo, o Presidente
da CCDRA, e o Secretário de Estado da Economia.
No final dos discursos apontando para um futuro mais promissor “O
Alentejo tem Futuro”, voltou a esperança que este Congresso, o maior, o melhor
estruturado, o mais participado e com mais propostas bem fundamentadas e
credíveis, bem colorido por participação de todas as forças políticas, não se
guerreando como é habitual em campanha eleitoral, mas entendendo-se na sua
qualidade de “alentejanos” que querem, no respeito pelas divergências que são
salutares, tudo fazer para em comum, encontrarem os melhores caminhos, para
alcançarem os mesmos objectivos. Dois
dias de intervenções e debates, não cabem neste espaço, nem mesmo recorrendo às
sínteses das Mesas dos três painéis, com os temas:
1.º “Despovoamento – como contrariar a tendência” – com a Universidade de Évora a coordenar os trabalhos e a participação da Câmara Municipal de Beja, Câmara Municipal de Portalegre, Casa do Alentejo, Prof. Doutora Filomena Mendes e do Dr. Marcos Olímpio;
1.º “Despovoamento – como contrariar a tendência” – com a Universidade de Évora a coordenar os trabalhos e a participação da Câmara Municipal de Beja, Câmara Municipal de Portalegre, Casa do Alentejo, Prof. Doutora Filomena Mendes e do Dr. Marcos Olímpio;
2.º “Base Económica –
Diversificação e Sustentabilidade, Emprego e Investimento” – Com a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo
a coordenar os trabalhos e a participação da Câmara Municipal de Sines, Câmara
Municipal de Évora, Câmara Municipal de Portalegre, Câmara Municipal de Beja,
Prof. Doutor António Serrano, Prof. Doutor Fernando Oliveira Batista, Dr. Josué
Caldeira e Engenheiro Ricardo Vidigal;
3.º “Ordenamento – Integridade
Territorial, Equilíbrio e Solidariedade” – Com a Câmara Municipal de Portalegre a coordenar os trabalhos e a
participação da Câmara Municipal de Évora, Associação de Defesa do Alqueva,
Diário do Alentejo e Prof. Doutor José Luís Ferreira Mendes.
Os temas, de uma riqueza extraordinária, foram bem desenvolvidos, e bem
se pode concluir que este Congresso coloca um marco importantíssimo nas
motivações para a defesa, progresso e desenvolvimento do Alentejo. A “Alma
Alentejana”, identificada na realidade multicolor esteve presente e
reforçou-se, sentido que é necessário ter projectos que unam todos os
alentejanos, que sintam que vestem a mesma camisola multicolor, unissexo, uma
camisola que serve a todos e na qual todos nos orgulhamos, “a camisola
dos alentejanos”, independentemente da
cor política ou partidária.
Sintetizando os três painéis, concluiu-se: Que deste Congresso saiu uma
mão cheia de projectos para potenciar o desenvolvimento. Com uma área que
representa cerca de um terço do País, com uma população de cerca de 500 mil habitantes,
distribuída por quatro sub-regiões Alentejo Central – Évora, Norte Alentejano –
Portalegre, Alentejo Litoral e Sul Alentejano – Beja, forma uma possível e
futura região com fortes potencialidades a explorar para dar a volta ao
Alentejo de, a região mais pobre da Europa para se tornar uma região próspera
onde todos possam usufruir o direito a viver e a serem felizes na sua terra.
Foram citados os exemplos da Irlanda, da Finlândia e da Noruega.
Foram abordadas as causas do subdesenvolvimento, entre as quais a falta
de mão de obra qualificada, falta de quadros técnicos, e motivações credíveis.
Falta investir no “alqueva-humano”, falta-nos construir a infra-estrutura
humana que temos dentro de nós, faltam-nos lideres fortes que nos motivem.
Possivelmente vamos continuar a perder população até 2010, mas é preciso
inverter a situação.
A indústria do turismo, das rochas ornamentais, etc., são potencialidades
a explorar.
O Congresso do Alentejo, em Montemor-o-Novo, o mais participado e mais
bem organizado de todos, com o slogan “semear novos rumos para o futuro”,
deixou a esperança de ter saído daqui mais força e determinação para caminhar
em direcção às diferentes soluções que se apresentaram em todas as áreas do
desenvolvimento, sendo prioritária a formação de quadros, neste Alentejo onde a
problemática do analfabetismo é preocupante, tendo em conta que 60% da
população não possui o ensino básico obrigatório. Daqui
se concluí que o Alentejo aposta numa mão cheia de projectos estruturantes que
podem modificar o cenário do subdesenvolvimento. Foram anunciados: O Alqueva, o
Aeroporto Civil de Beja, porto oceânico de Sines (o de maior profundidade da
Europa) abrigando navios de grande porte, o projecto turístico de “Aldeia”, as linhas ferroviárias de Sines
a Badajoz, passando por Casa Branca e Évora, a rede de alta velocidade (TGV), a
central solar fotovoltaica de Moura, o novo hospital central de Évora. Foram
esperanças que nasceram no Congresso de Montemor e em que todos os alentejanos
querem acreditar
Foi também salientado o papel da Universidade de Évora e dos Institutos
Politécnicos da região, elementos fundamentais no desenvolvimento deste espaço
tão vazio e abandonado. Alqueva foi
apontado como um projecto que visa o desenvolvimento regional, como um projecto
empresarial, como um instrumento para o desenvolvimento inter-sectorial do sul
do País e como uma oportunidade para o desenvolvimento da agricultura do
Alentejo, mas também foi abordado como uma realidade congelada que tanto pode
contribuir para o futuro promissor da região ou manter-se apenas como uma
reserva de água; cabe aos alentejanos decidir.
Faltam mecanismos, salvo raras excepções, que promovam políticas sociais
de apoio aos jovens e aos idosos, à integração e inclusão dos deficientes.
Defendeu-se a questão da imigração no Alentejo que pode ter duas leituras: “um problema e uma oportunidade”, podendo esta última perspectivar uma
mais valia para o desenvolvimento da região e para a atenuação do processo de
desertificação.
O Presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo despediu-se dos
congressistas com uma questão que considerou fundamental: “Este Congresso não é
um ponto de chegada, mas um ponto de partida, e se tivermos essa capacidade de olhar o futuro, julgo que o Alentejo
tem futuro, de certeza que o Alentejo tem futuro”.
Sessão cultural no Curvo Semedo
Integrada no Congresso Alentejo XXI, teve lugar no dia 14 de Fevereiro
pelas 21,30 horas, no Cine Teatro Curvo Semedo, uma Sessão Cultural.
Tratou-se de um serão bem preenchido a que algumas centenas de pessoas
assistiram e aplaudiram.
Pelo palco desfilaram nomes do nosso concelho e do Alentejo: Coral de S.
Domingos, Oficina do Canto, Coral Velha Guarda, de Viana do Alentejo, Quinteto
de Metais da Casa do Povo de Lavre e Coral Alentejano da Universidade de Évora.
No final cantou-se de pé “Grândola Vila Morena”, do saudoso Zeca Afonso.
Corais alentejanos invadem ruas de
Montemor
Cerca de 40 corais alentejanos, com mais de mil coralistas, na manhã do
dia 15 de Fevereiro, percorreram as ruas de Montemor-o-Novo e espalharam o
saboroso cante com sotaque alentejano pelos quatro cantos da cidade.
Tratou-se de uma iniciativa que esteve incluída no Congresso Alentejo XXI
e que viu o seu epílogo frente ao Cine Teatro Curvo Semedo, onde se deu a
reunião dos diversos coros. De seguida
a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo ofereceu um almoço aos coralistas no
Pavilhão de Exposições.
Infelizmente, quinze anos depois desta magnífica iniciativa, muitas das
reivindicações aqui defendidas, ainda não se concretizaram.
Augusto Mesquita
Fevereiro 2019
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