JOSÉ POLICARPO
Há censuras e censuras!
Escrevo,
como sempre, esta crónica até à véspera de quarta-feira, pois é publicada,
invariavelmente, neste dia da semana. Por coincidência, nesta quarta-feira,
discutir-se-á no parlamento português uma moção de censura à presente
governação socialista.
Na verdade, a apresentação de uma
moção de censura a oito meses das eleições legislativas não terá quaisquer
consequências de índole formal à governação, porquanto no presente contexto
politico os partidos da extrema-esquerda que apoiam a atual solução
governativa, em tempo algum, assumiriam o ónus de derrubar o governo que
durante quatro orçamentos tanto acarinharam. Sim, acarinharam porque os
votaram. Terei razão!?!
Ora, o contexto social mudou,
mudou drasticamente se o quisermos comparar com os dois anos anteriores, mesmo
considerando os três. A paz social de que o presidente da república tantas vezes
invocou para não criticar a geringonça deixou de existir e terá como causa
principal a sobrevivência dos partidos da extrema-esquerda, sobretudo a do
Partido Comunista português. O Bloco pouco conta para esta equação pelo facto
de ainda não ter a preponderância nos sindicados igual à do seu “amigo” da
esquerda mais radical.
Contudo, houve um caldo, um
contexto político, para que as reivindicações socias se tenham vindo a fazer
sentir. A geringonça para além de afirmar que a austeridade tinha desaparecido como
se tratasse de um passo de mágica, prometeu tudo a todos. Como esta situação
não é materializável, porque não há recursos financeiros que o permitam, as
classes profissionais do sector público acordaram do sonho, e bateram com
estrondo na irredutibilidade de Costa. Qual sejam: a dívida pública a níveis
nunca vistos, um crescimento económico sofrível, de 2,1%, abaixo das
perspetivas do governo e os sinais económicos muito preocupantes vindos da
economia europeia. Destes últimos, temos os exemplos dos devaneios italianos em
sede orçamental, as exigências sociais dos franceses e por último, o brexit.
Pelo que, o governo socialista
estará sempre refém, ou do seu populismo, ou do ideário da extrema-esquerda.
Não haverá suficientes razões para ser censurado o atual governo? Deixo a
resposta aos nossos ouvintes e leitores.
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