RUI MENDES
Cada coisa a seu tempo
O
Governo está na sua fase final, a poucos meses de terminar funções.
Talvez
por isso, e porque estamos num ano em que se irão realizar três eleições, o
primeiro-ministro optou por substituir algum do seu conhecido discurso.
Finalmente
o primeiro-ministro desceu à terra, já percebeu que o país não tem condições
para suportar o volume de despesas decorrentes das promessas e expectativas
criadas e, também, os custos do conjunto das reivindicações que os diferentes
grupos profissionais vêm exigindo, pelo que em declarações proferidas na
Assembleia da República referiu: “Não nos peçam para fazer o impossível”,
respondendo assim às exigências dos enfermeiros.
Este
discurso, bem mais realista, servirá como recado para os vários sectores da
administração pública que aguardam soluções para as suas exigências.
Mas
registe-se também que o mesmo António Costa, esta semana em entrevista na SIC,
admitia que em 2020 possam existir aumentos salariais para toda a Função
Pública, dependendo do crescimento económico e da sustentabilidade das contas
públicas.
Admitamos
que esta declaração é completamente fora de tempo, ainda agora entrámos em 2019
e já se fala dos aumentos salariais dos funcionários públicos para 2020, e só
poderá ser compreendida pela proximidade dos três actos eleitorais que
decorrerão este ano.
Também
porque o secretário-geral do PS, ou seja, o mesmo António Costa, não crê numa
maioria absoluta dos socialistas, pelo que importará desde já ir criando
expectativas a um grupo de funcionários que integra mais de 600 mil pessoas.
Temos
como certo a desaceleração da economia europeia em geral e da portuguesa em
particular, tendo a Comissão Europeia revisto em baixa o crescimento da
economia portuguesa em 2019 para 1,7%.
Mas
para além da desaceleração das economias existem outros riscos (Brexit, guerra
comercial, Venezuela, etc) que trazem incertezas e que poderão ter impactos
sérios na nossa economia e nas contas públicas, pelo que custa a entender por
que razão em Fevereiro de 2019 se fala em aumentos para a função pública para
2020, ainda que não se questione a justiça desses aumentos.
É
o criar expectativas desnecessárias, tanto mais que em 2020 o Governo será
outro, terá a constituição que o resultado das eleições legislativas do próximo
mês de Outubro ditar, pelo que será o próximo primeiro-ministro que terá que
resolver essa questão e não o actual, que só fala desta questão para tirar daí
dividendos.
Até
para a semana
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