RUI MENDES
O ANO QUE TERMINA E O ANO QUE INICIA
Esta semana o ministro das finanças brindou-nos com mais uma das
suas brilhantes conclusões.
Disse Mário Centeno que a “…
contestação social reflecte a melhoria das condições de vida”.
Já sabíamos que a contestação social
manifesta-se quando existe insatisfação, o que não sabíamos é a interpretação
dada por Mário Centeno à contestação social que se vive no país. Os portugueses
não são tolos, pelo que não vão nesta conversa fiada.
O problema destes nossos governantes
é o seu distanciamento da realidade. E nem se dão conta da falta de sentido do
que dizem.
Estão cegos e com a ilusão de
viverem num país que não é manifestamente o país real.
O país em que vivemos é outro, razão
pela qual as pessoas protestam.
Protestam porque não estão
satisfeitas, porque não vêm tratados muitos dos problemas que existem e que as
afectam no seu dia-a-dia, porque lhes prometeram muito e pouco cumpriram,
porque lhes foram geradas expectativas que ano após ano são adiadas. E essa
insatisfação é cada vez mais sentida e, por isso, a contestação social é cada
vez maior.
E é assim que está o país, com
protestos e mais protestos.
Protestos para todos os gostos, quer
apoiados por sindicados, quer por ordens profissionais, quer por associações
profissionais, quer por grupos da sociedade civil.
E com isto o país torna-se mais
instável, menos produtivo e menos competitivo, com um Governo ausente, com um
Governo que pouco resolve, que vira constantemente as costas aos problemas.
O ano de 2018 foi um ano de
fortíssima contestação social, e o ano de 2019 muito provavelmente não será
diferente, porque no próximo ano continuaremos a ter que suportar uma brutal
carga fiscal, porque o Governo não tem respostas, porque no próximo ano o
crescimento económico do país será menor, porque no próximo ano as condições
externas serão imprevisíveis, em particular, em resultado do Brexit e das
eleições europeias.
Este Governo vai deixar a sua marca.
Ficará associado a um país menos
competitivo, ainda mais endividado, em que tudo é nivelado por baixo e em que
as falhas do Estado acontecem de forma regular, seja na protecção civil, seja
nas infra-estruturas, seja na justiça, seja na saúde, seja na segurança, seja
noutra qualquer área.
Estamos a criar um país de
velocidade lenta. O problema é que não estamos a construir um país melhor e
mais justo, estamos a inverter muitos dos indicadores que, ano após ano, vinham
a ser melhorados.
E é por tudo isto, por este Governo
ter criado expectativas que manifestamente não cumpre, que existe este clima
social de permanente constestação.
Por isso 2018 termina em tensão e
2019 inicia em tensão.
Esta será a última crónica de 2018,
pelo que desejo a todos Um Santo Natal e um muito bom 2019
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