EDUARDO LUCIANO
A ÚLTIMA DO ANO
Informou-me a DianaFM que esta seria a última crónica deste ano e
essa informação acaba por condicionar o seu conteúdo, porque quando nos apontam
o final de algo somos tentados a olhar para o passado para fazer balanços e
avaliar as aprendizagens conquistadas.
Quando
se trata de uma crónica deste cariz vamos de imediato à procura do que correu
bem e menos bem na vida política e social que é sempre filtrado pela forma como
vivemos, que apostas fizemos, em que mudanças apostámos e que consequências
tiveram.
Quando
espreito o retrovisor tenho uma estranha e contraditória sensação.
Por
um lado mudei muito do que precisava mudar e conquistei uma convicta
tranquilidade, que perseguia sem saber como perseguir e, não há outra forma de
dizer isto, o balanço não poderia ser mais positivo.
Por
outro lado, este foi o ano em que os fascismos de diversas matizes se afirmaram
e se multiplicaram, o politicamente correcto e os moralismos, velhos e
emergentes, se assumiram como a ditadura da conduta social, obrigando a
exercícios de grande exigência se não quisermos ser trucidados pelos seguidores
acéfalos do certo e do errado determinado pela moda imposta em cada momento.
Na
vida política local foram concretizados avanços significativos na recuperação
financeira do município, vários projectos caminharam para o início da sua
concretização e é possível olhar para o futuro de uma outra perspectiva. Mas
foi também o ano em que quem viabilizou durante 12 anos orçamentos desastrosos,
teve a distinta lata de chumbar o orçamento mais próximo da realidade dos
últimos 20 anos.
Este
foi um ano em que aprendi a usar de forma mais inteligente a comunicação
através das redes sociais, ou seja, reduzi em cerca de noventa porcento a sua
utilização. Também aprendi que quando um sítio é mal frequentado ele não
melhora com a minha presença e portanto não vale a pena o sacrifício. Alguns
interpretaram isso como um certo desinteresse pela vida pública ou até um sinal
de desistência.
Desenganem-se
os que assim pensam. Continuo convictamente empenhado em contribuir para que as
mudanças que entendo necessárias aconteçam e motivadíssimo para as fazer
acontecer.
Foi
um bom ano o que agora está a terminar. Não fosse o fascismo a alastrar, a
comunicação social a piorar, os espreitas da vida alheia a legitimarem-se, o
governo PS a comportar-se muitas vezes como governo PS, os oportunistas locais
a surfar ondas que eles próprios criam, uns quantos que deixaram cair a máscara
do comportamento leal e isento a que estão obrigados e teria sido um ano
perfeito.
Para
o ano ainda vai ser melhor. Prometo!
Como
diz a minha prima Zulmira, a vida dá-nos sempre razão mesmo quando está pela
hora da morte.
Até
para o ano
Sem comentários:
Enviar um comentário