CLÁUDIA SOUSA
PEREIRA
NATAL, UM MUST PESSOAL E INTRANSMISSÍVEL
Gosto da oportunidade de desejar a todos um Bom Natal. Não que me
sinta nesta quadra, como por decreto, mais próxima de quem ou com quem estou
quase sempre, ou com quem nunca estou por razões várias. Descobri que são
razões muito minhas, as que me fazem gostar do Natal, das compras, da bagunça
das combinações, dos excessos ou da impossibilidade de os cometer quando ficam
para ali tão tentadores.
Gosto
do Natal egoisticamente por causa de mim. E aprendi, não há muito tempo, a não
tentar converter, e a condicionar ao mínimo, aqueles que me rodeiam a
sentirem-se assim. Numa imagem que sei ridícula mas comum, não me importo de
sozinha lançar os foguetes e apanhar as canas. Tento sempre, claro está,
aproximar-me de quem me atura ou, vá lá, tolera e “deslargar” (adoro esta
corruptela enfatizante do real aborrecimento de quem a usa no imperativo!) quem
não entra neste espírito.
É
como se esta quadra fosse a “minha quadra” de festejar o que quer que seja. Nem
que seja só o facto de estar viva, o que não acontece a tantos que marcaram, de
uma maneira ou de outra, a minha vida. E mesmo que a vida seja uma coisa
difícil de usar. Festejo as boas memórias da infância que, no Natal, permanecem
quase indeléveis nos sentidos: o frio na rua e o calor em casa, o cheiro que
sai das panelas e do forno; os jingles da época repetidos até à náusea, as
luzinhas e enfeites que quanto mais exuberantes mais risíveis e quanto mais equilibrados
chegam a roçar o belo e o cuidado estético. O que, pelo menos no Natal e nem
que seja só por obrigação ou interesse outro, alguns se empenham em ter.
Gosto
do Natal com todo o meu espírito egoísta e a coberto de quase tudo o que se
apregoa no calendário e que diz que deve ser em sentido contrário. Quase
cobardemente, portanto, mas autorizada por leis várias. É porque posso! E vou
aproveitando…
Um
voto de feliz Natal a quem o queira! E até para o ano.
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