RUI MENDES
O PAGAMENTO AO FMI
Foi com pompa e circunstância que membros do Governo, em
conferência de imprensa, nos deram a notícia que a dívida que Portugal contraiu
ao Fundo Monetário Internacional (FMI), no montante de 28 mil milhões de euros
para cumprimento das necessidades de financiamento para execução do programa de
ajustamento, foi totalmente liquidada, e que o Governo o fez por antecipação do
prazo.
O Governo terá liquidado a parcela em falta ao FMI que totalizava
4,7 mil milhões de euros.
Na conferência de imprensa o ministro das finanças fez ainda
questão de referir que os objectivos para redução do rácio da dívida para 2018
e 2019 serão atingidos, respectivamente 121,2 e 118,5% do PIB.
Dito assim até parece que Portugal
cumpriu antecipadamente o pagamento de uma parcela da sua dívida externa. Mas
não.
Não, porque o que o Governo faz é
uma gestão da dívida, ou seja, para pagar ao FMI o Governo contraiu divida
perante outros, mudaram os credores.
Ainda recentemente a comunicação
social nos dava nota de que a dívida pública portuguesa tinha atingido em
Outubro um novo máximo histórico, 251,1 mil milhões de euros.
Ainda que o peso da dívida em
relação ao PIB tenha vindo a melhorar, o certo é que a dívida nominal não só
não reduz como este Governo tem sido um causador do crescimento da dívida.
Quando este Governo iniciou funções,
em 2015, a dívida do país era inferior a 230 mil milhões de euros.
Pois este será mais um dos feitos
deste Governo.
Se no passado o elevado montante da
dívida sempre foi referenciado como uma das causas da crise, essa razão
continua e não deixa de ser bastante preocupante.
O pagamento desta parcela de 4,7 mil
milhões ao FMI só será de louvar porque gera redução de juros, mas tal medida
enquadra-se numa lógica da gestão da dívida, nada mais.
Este governo pode ter
dificuldades em saber como governar, mas sabe fazer política. Digamos que sabe
vender. Com o tempo acreditamos é que sejam cada vez menos aqueles que queiram
comprar.
A desconfiança da politica resulta precisamente de nunca ser
contada a história toda. Falar por meias verdades. E a história que está por
detrás do pagamento ao FMI é uma meia verdade.
Esta semana fecho esta crónica, com um ditado popular que se
aplica a este Governo: Um olho no peixe, outro no gato.
Até para a semana
Sem comentários:
Enviar um comentário