EDUARDO LUCIANO
BARULHO DAS LUZES
Mês difícil, este em que metade do mundo anda a fingir que se
importa com a outra metade. É a aproximação do Natal com o seu cortejo de
almoços e jantares, de troca de correspondência onde as palavras brilham e
tocam sinos entre os parágrafos que evocam a paz e o amor a todos e cada um.
Este
é o mês onde é difícil distinguir os que nos querem bem dos que nos querem
tramar, com um sorriso parecido com aquele que ostentam os pulhas durante o mês
de Dezembro.
A
idade vai criando filtros e permite-me distinguir tranquilamente o que é
genuíno do que apenas se concretiza para cumprimento de calendário. Verdade
seja dita que esses tais filtros também me vão tornando menos caloroso para
cada vez mais pessoas.
Todos
os anos, mais ou menos por volta desta data, escrevo uma crónica dedicada à
hipocrisia sazonal e ao cumprimento de um certo calendário onde a bondade é um
artefacto decorativo que se pendura em qualquer sítio que seja visível pelo
vizinho do lado.
Este
ano acontece mais cedo porque se não o fizesse teria que falar sobre o regresso
da santa aliança que acabou de chumbar um orçamento municipal porque sim.
Teria
que falar de como essa mesma santa aliança geriu a Câmara de Évora durante 8
anos (de 2005 a 2013) possibilitando uma desastrosa revisão do PDM e do Plano
de Urbanização, de como aprovaram o PAEL com o seu cortejo de limitações à
autonomia municipal, de como viabilizaram orçamentos municipais que foram
paulatinamente conduzindo o município à asfixia financeira e ao brutal
endividamento.
Não
o devo fazer nesta altura e por isso mesmo, aproveitando o espírito natalício,
vou desejar a toda a santa aliança um óptimo período festivo com muitos doces e
prendas nos sapatinhos sempre em paz, muita paz.
Até
para a semana
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