quinta-feira, 22 de novembro de 2018

COLABORAÇÃO - PROFESSOR Vitor Rosa

                                            MEDITAR…
Recebi uma mensagem que me levou a repensar a questão surrealista.
Alguém afirmou que eu "surrealizava" o Alentejo...E em parte concordo.
Porquê? 
Porque uma das funções do surrealismo é ocupar-se do sonho...dos sonhos. Posso estar a sonhar, quando me ocupo deste exercício nas pedras. Estas são basicamente do Alentejo...do suporte à representação e evidentemente passando pelo meu sonhar acordado. Porém,será assim tão simples? Talvez! Num sonho o que se esconde? Nada, assim o entendo. Ao revelar-se o sonho torna-se realidade. Adquire-se pois uma verdade, a que o sonho revelou. Assim a partilha do meu sonho, deixa de ser exclusivamente minha e passa a ser de todos. Mas essa é uma função de quem se diz " é artista" o fazer algo que é muito mais para os outros do que para si só. Porém, ao outro cabe estar disponível para recepcionar. Mas é possível deixar concretizar-se um sonho, sem a disponibilizar aos outros? Claro que sim, mas faltará o eco, mesmo que se não repita infinitamente. Por vezes sinto mais necessidade de escrever sobre o que faço do que "fazer"! Por vezes ao descobrir na forma as formas,sinto que o diálogo sobre esse acontecer deve ser registado como memória. Mesmo para evitar que está se torne traiçoeira. É importante tal registo, como importante é na escultura por exemplo, o que se retirou ou acrescentou até à resolução última e final da peça. Agora registo as várias fases do meu trabalho mais do que o fiz alguma vez. Esta acomodação de uma forma de arte a outra permitem-me a tal interação tão necessária para perceber o percurso do trabalho. Até me permite por vezes ironizar com o improviso...que acabei de criar! Mas serão talvez histórias sobre sonhos tornados realidade.
Atelier.17nov18
Vitor Rosa

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