MARIA HELENA
FIGUEIREDO
ÉTICA: NO PSD AFINAL FOI COM A ÁGUA DO
BANHO
Com o orçamento de Estado de 2019 a ser debatido muitos são os
temas que me apetecia abordar hoje aqui: o IVA das touradas é um deles e espero
ainda poder a ele voltar, porque para mim trata-se de facto uma questão de
civilização.
Mas
esta semana que passou um outro acontecimento mereceu a minha atenção, porque
revela como alguns estão na política e como a falta de seriedade causa danos
profundos à democracia porque mina, de forma insidiosa, a confiança que os
cidadãos e cidadãs têm nos políticos e nas instituições.
Ao
contrário do que Rui Rio quis fazer crer e disse nos jornais, o facto de um
deputado ter faltado aos trabalhos parlamentares no Plenário e outro ter
registado, em seu nome, a presença, não é uma mera questiúncula.
Foi
de facto o que se passou com José Silvano deputado e Secretário Geral do PSD,
homem da confiança de Rui Rio, por ele escolhido, a seguir às trapalhadas com
Feliciano Duarte.
Mas
não é uma questiúncula e o facto de o líder do PSD a procurar desvalorizar é
também muito revelador. É que estamos perante um acto grave, não por o deputado
ter faltado a uma sessão, mas porque foi falsificado o registo de presenças.
Soube-se
ao fim de uma semana que tinha sido uma deputada do PSD e amiga Emília
Cerqueira quem tinha validado a presença do deputado faltoso.
O
registo da presença foi feito usando uma password que é por definição pessoal e
intransmissível e que, portanto, o próprio deputado José Silvano distribui.
Pergunta-se
agora: porquê ou para quê deu a uma colega deputada o seu código pessoal. Ele
não explicou e a deputada amiga diz que foi para ir buscar uns documentos da
comissão parlamentar a que pertence e de que precisava. Inadvertidamente
registou a presença.
Mas
acontece que os documentos estão todos acessíveis aos deputados, portanto a
justificação cheira mal.
E
mais, a deputada diz que de vez em quando acede ao computador de Silvano. Se o
faz é legitimo agora admitir que esta justificação não seja um caso isolado e
que de outras vezes o mesmo deputado tenha tido a presença marcada quando
faltava aos trabalhos parlamentares. Tanto mais que o próprio reconhece que
“vai a todas” mas não fica em nenhuma.
Ou
seja, no fundo, o que a actuação deste deputado do PSD nos diz é que para ele é
indiferente estar ou não estar na Assembleia da República e o que interessa é
que lhe registem a presençazinha. Sempre se vencem as ajudas de custo que ele,
aliás, designou por “senhas de presença”.
O
desprezo que o secretário geral do PSD demonstra pela qualidade de deputado e o
sentido de impunidade são tão grandes que na 4ª feira passada, na Comissão de
Transparência quando se ia adoptar o Código de Conduta para os deputados, que
fez ele?
Silvano,
mais uma vez, assinou o registo de presenças e foi-se embora.
Se
a actuação destes deputados é grave, igualmente grave ou mais grave ainda é
desvalorização que Rui Rio tem feito deste caso.
O
que é para espantar já que foi Rui Rio quem disse que a política precisava de
um banho de ética. Disse, aliás, logo na sua primeira entrevista como líder do
PSD, citando Sá Carneiro, que ”política sem ética é uma vergonha”.
Não
é que eu não concorde com Rui Rio nesta sua afirmação: pelo contrário. A actuação
do deputado José Silvano mostra-nos isso mesmo, falta de ética e falta de
vergonha.
Mas
para quem tanto falou da necessidade de banho de ética na política não está mal
ter escolhido para secretário geral do PSD primeiro Feliciano Barreiras Duarte,
que abandonou o lugar por ter inventado parte do seu currículo, e a seguir José
Silvano que falseia as presenças no Parlamento.
É
caso para dizer que Rui Rio deitou fora a Ética com a água do banho
Até
para a semana!
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