Não. Hoje não vou falar de um qualquer filme que possa
preencher esta habitual rubrica.
Vou recuar até há minha juventude, e relembrar o fascínio
que sempre me despertaram os “cartazes” de cinema.
No tempo do Peças, o grande culpado do meu saudável vício
pela sétima arte, os cartazes de cinema que se exibia no Alandroal, não eram
habitualmente colocados e afixados nos locais públicos e só no dia em que se
exibia o filme os mesmos eram dispostos normalmente junto da chamada “Arca da
Fonte”. Mas era um regalo para os meus olhos nas noites de cinema e no átrio da
Sociedade Artística, olhar e antecipar as cenas do filme a ser projectado, e
sonhar com os anunciados para as semanas seguintes.
Já mais tarde, e na Póvoa de Santa Iria, no Cine Nazaré, em
sala devidamente apetrechada e razoáveis dimensões, era sempre um dos primeiros
espectadores a cruzar a entrada no intuito de percorrer os vários cartazes
anunciando os próximos filmes. E na manhã seguinte ao “cinema” o acordar e a
ida para apanhar o comboio para o trabalho em Lisboa, nunca se tornava penoso
apenas pela fascinação de, não só saber o próximo a ser exibido, mas contemplar
o cartaz de grande dimensão sempre colocado ao lado das cancelas da linha
ferroviária.
Ainda hoje, nas minhas habituais voltas pela cidade, não
deixo nunca de passar, mesmo por vezes alterando o percurso, pelos placards que
anunciam os filmes a exibir.
Porque a “arte” de pintar os grandes anúncios visíveis em
todos os cinemas de Lisboa tende a desaparecer, ou já desapareceu mesmo,
deixo-vos um vídeo de um dos últimos artistas que se dedicavam a tal ofício.
Chico Manuel
Outubro 2018
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