segunda-feira, 20 de agosto de 2018

DIREITO À OPINIÃO

                           Alandroal e a desertificação
Há cerca de 8 a 9 anos, deu entrada nos serviços da Camara do Alandroal um abaixo-assinado de vários munícipes do nosso Concelho, com uma vulgaríssima pretensão. Queriam que fosse arranjado o caminho que conduz a suas casas e que serve parcialmente o Campo de Tiro de Santiago Maior. Pelo que dizia, um pedido/reclamação feito em ocasiões anteriores e nunca satisfeito. Pois se era certo que alguns melhoramentos eram periodicamente efetuados no referido caminho, certo era também que com as chuvas de inverno todo o esforço, material e despesa escorriam literalmente pelas valas abaixo. Uma situação que levava os cidadãos a pedir a única solução que poderia resolver o problema: o alcatroamento da estrada. De caracter mais urgente para um percurso de cerca de 300 m, que por ser utilizado por moradores todos os dias para entrarem e saírem das suas habitações, é na verdade prioritário.
Como tive oportunidade de ver, numa ocasião em que por lá passei, trata-se de um caminho de terra batida, estreito, com buracos e muitas pedras soltas, que serve meia dúzia de habitações dispersas e alguns proprietários de terrenos locais, que frequentemente sofrem danos nas suas viaturas pelo estado do caminho. Foi portanto sem surpresa que ouvi o presidente da Câmara Municipal da altura que por acaso é o atual Presidente, explanar sobre as dificuldades em atender tal solicitação, quando por todo o concelho há dezenas de caminhos e estradas a necessitar de arranjo e alcatroamento.
Num sistema que inevitavelmente tem de ajustar as suas possibilidades financeiras ao serviço das maiorias e das necessidades urgentes nascem as injustiças para com as minorias e as necessidades não prioritárias. Assim, um cidadão que viva num local isolado, fora dos núcleos urbanos ou das aldeias, embora pague os seus impostos como os restantes, ficará quase automaticamente condenado a usufruir de menos regalias/direitos que os seus conterrâneos. É uma situação tão comum que por vezes já nem reparamos, mas ela cerca-nos por todos os lados… fora dos centros populacionais não há quase nada, principalmente se nos estendermos pelas enormes freguesias do Concelho do Alandroal.
O caso destes cidadãos fez-me lembrar um outro que o meu pai contava, da sua experiência enquanto vereador de um Município vizinho, Algures pelos anos 70 do século passado, quando a falta de eletricidade era ainda um sério problema no concelho, surgiu a oportunidade de eletrificar uma zona que se dividia em dois montes distintos. Não sendo possível levar a luz elétrica aos dois locais, entendeu a autarquia que o mais correto seria estender os cabos ao monte onde moravam mais pessoas. Uma decisão que levou os moradores do outro monte à revolta. Um deles, amigo do meu pai, esteve até vários anos sem lhe falar…
O acesso às infraestruturas básicas por parte dos cidadãos que habitam fora dos núcleos populacionais principais ou em áreas isoladas, é um desafio para autarquias e demais entidades. Por um lado, sabe-se que o dinheiro é escasso e tem de ser aplicado na resolução de problemas que afetem o maior número de pessoas ou que sejam de maior gravidade. Por outro lado, insiste-se na necessidade premente de dar condições ao interior para combater a desertificação e evitar a fuga completa da população para o litoral do país.
Mas sem estradas alcatroadas, sem redes de água e de saneamento, sem rede móvel, sem sinal de televisão, sem internet, como podem os habitantes permanecer? Há quem diga que esse é o preço para uma vida “de qualidade” no campo… Quem assim fala, certamente só conhece a “qualidade” dessa vida através das revistas que falam nos movimentos dos “novos rurais”, ou de esporádicas visitas ao campo… O idealismo desta vida no campo choca com a realidade que muitas pessoas enfrentam.
O mais certo é que os cidadãos que se manifestaram e assinaram o pedido, nunca venham a dispor de uma estrada alcatroada, malgrado a apregoada política de desenvolvimento do interior. No contexto geral do País e do Concelho haverá sempre outras prioridades, o que é inteiramente justo. E ao mesmo tempo completamente injusto.
Enviado para publicação por leitor identificado perante o Administrador do Al Tejo



6 comentários:

Anónimo disse...

Concordo com tudo o diz, pena que não vão aparecendo com tanta regularidade textos escritos dessa maneira sobre os vários problemas do nosso Concelho. Pode ser que o Sr. Presidente o possa ler e tirar do seu texto algumas ilações ,se disso for capaz. O que me choca não é o fazer pouco porque não há dinheiro, não é fazerem só o que é possível, o que choca é virem com essa argumentação e aos olhos de todos continuar a haver para quem manda quer.
Por aqui me fico.
Paulo

Anónimo disse...

"aos olhos de todos continuar a haver para quem manda quer. "

CONSIGO PERCEBER O QUE QUER DIZER, E DE FACTO A RECTIDÃO, PRINCÍPIOS E MOSTRAS DE GOVERNAR DE IGUAL FORMA PARA TODOS, CONTINUA POR ESTES LADOS A NÃO ACONTECER. NESTE CAPITULO DE ARRANJAR CAMINHOS É POR DEMAIS VERGONHOSO O QUE SE PASSA POR AQUI, NÃO HÁ COMO TAPAR O SOL COM A PENEIRA PORQUE ISTO É PEQUENO E TUDO SE SABE E COMENTA.
UNS ARRANJARAM PASSEIOS COM CALÇADA E TUDO, COLOCARAM BANCOS E ÁRVORES PARA SOMBRA, ALCATROARAM CAMINHOS ATÉ ÁS GARAGENS PARTICULARES DE CERTAS PESSOAS POR QUESTÕES DE VOTOS E CAMARADAGEM PARTIDÁRIA, OUTROS ALCATROARAM CAMINHOS ATÉ MONTES PARTICULARES, E JÁ DENTRO DAS PROPRIEDADES PRIVADAS, A APOIANTES E AMIGOS, E O ENGRAÇADO É QUE NÃO FOI PRECISO FAZER ABAIXO ASSINADOS OU PEDIDOS POR ESCRITO DENTRO DA LEI E ENTREGUES NO MUNICÍPIO.
CONTINUAMOS A VIVER NUM CONCELHO EM QUE O IMPORTANTE NÃO É PEDIR E CONSEGUIR VALER DIREITOS, MAS SIM ESTAR DE ALGUMA FORMA LIGADO AO PODER VIGENTE. QUEM NÃO FOR DO CLUBE É DESCARTADO, ALVO A ABATER. AS PESSOAS SÓ SERVEM PARA CONVERTER EM VOTOS, E QUANDO SE TRATA DE MUNÍCIPES QUE LIVREMENTE ESCOLHERAM O OUTRO LADO, DE FORMA ASSUMIDA, NO CONCELHO DO ALANDROAL ESTÃO LIXADOS, NÃO LHES É DADO NADA.

25 DE ABRIL SEMPRE, MAS COM OUTRA GENTE.

Carlos Alberto

Anónimo disse...


Pode ser que o Sr. Presidente o possa ler e tirar do seu texto algumas ilações ,se disso for capaz.






Se calhar não vai ler, porque o tempo dos autarcas é sempre pouco, e agora

em tempo de férias e com a festa cheia de altos nomes, é natural que os

autarcas do Alandroal andem preocupados em ter dinheiro disponível para

pagar fortunas a artistas da moda e super caros que vamos ter na nossas

festas.

Tudo a condizer e lógico para um Concelho que enfrenta dificuldades

económicas e estruturais, como se não fosse possível fazer umas boas festas

com metade do dinheiro que se vai queimar em poucas horas, com artistas bem

mais abrangentes para o tipo de publico que frequenta as nossas festas.

É claro que depois não há verbas para caminhos, para a melhoria do

fornecimento de água e muitas outras coisas urgentes e prioritárias, é de

mais utilidade gastar balúrdios em artistas de topo que apenas umas dúzias

de gaiatos e jovens do nosso Concelho, conhece.

Mas caro comentador,suponhamos que o Sr. Presidente até lê, não duvide que

fica tudo igual.

Porque a compreender e a tirar ilações é o Presidente João Grilo uma pessoa

inteligente, capaz e intuitiva, os problemas são outros, e posso

enumerar alguns.

Falta de humildade, teimosia, rancor, quero posso e mando, ser capaz de não

misturar o trabalho com o resto, entre muitos outros problemas que teima em

não conseguir ultrapassar, se calhar não consegue mesmo.

Sem querer ofender seja quem for, como o meu pai dizia muitas vezes.

Há gente que " Envelhece mas não cresce ".

Boas festas a todos.



Marco António

Anónimo disse...

Caros e caras munícipes de Alandroal:
É por demais evidente a justeza e razão das pessoas que solicitam uma condição básica - a de acesso condigno às suas habitações ou propriedades. O que deveria ter ficado colmatado a meados do século passado, tal como os acessos refiro-me a saneamento básico, etc...ainda se continua a insistir em "outras prioridades"! Mas, haverá prioridades mais prioritárias do que tratar primeiro do essencial, do básico???!!! Gastar dinheiro em bibliotecas e outros afins (sim, o atual presidente era parte do executivo aquando do lançamento de tal obra) para quem???!!! Quem irá a essa biblioteca??!! Prioridades?!?! Mais, não é só o arranjo de caminhos públicos, que servem propriedades privadas, que é certamente e evidentemente prioritário, mas também, o espaço público em geral. Por exemplo, cabe na cabeça de alguém o estado miserável em que se encontra o próprio acesso à sede de concelho, na primeira entrada no sentido de quem vem de Vila Viçosa?!?! Alguém já reparou bem naquela curva apertada, sem guarda ou muro de proteção, que qualquer dia um carro se irá banhar na piscina?!?! Haverá mais prioridade que essa?!?! Bem, não sei, se há penso eu e muitos que são prioridades da caça ao voto, prioridades meramente eleitoralistas que no fundo não servem as pessoas e o seu efetivo bem estar em segurança.
Passem bem!

Anónimo disse...

Grande comentário, parabéns a quem o escreveu.

Ainda anda por aqui à baila a já famosa estrada lá para os lados de Casas Novas de Mares.Qualquer dia morremos todos e o raio da estrada ainda continua de terra batida.
É caso para perguntar o que a classe política e governantes que nos tocaram na rifa nestes últimos anos andaram a fazer????
A trabalhar para a reforma, ISSO É CERTO.

Uma vergonha

Anónimo disse...

Também acho que é uma vergonha caro comentador, já para 10 anos que as pessoas andam a pedir que alguma coisa seja feita no dito caminho e não há ninguém que faça seja o que for, até parece que as pessoas que por ali vivem não pagam os seus impostos ou então há decerto quem não goste deles.
Há dinheiro para o que se quer, festas, jantares, passeios, e para arranjarem uma via de acesso a casas de família não há.
Já chega de desculpas de maus pagadores, 10 anos é muito tempo.



Paula Maria