A debulha
era um acontecimento na Barranca. A caixa de pirolitos propositadamente
comprada para recompensa do tempo lá passado era um engodo precioso, para
depois do trabalho e do banho num pego da ribeira do Lucifecit, me sentir
recompensado pelo calor sofrido, pelo barulho do tractor, pelo pó da moinha que
se entranhava no ar perto da ceifeira.
Mas se hoje
escrevo sobre tal é apenas para lembrar nomes que ainda hoje recordo com muita
saudade:
O padrinho
Chico Garcias, proprietário do Monte, meu pai o homem do leme, O Crispim o
homem que manipulava o tractor e a debulhadora, o Manecas, o homem que conduzia
o carro de mulas onde se fazia o transporte da semente, o Malato, o Pirolito, O "Farnheira", o Caidi, o Joel, o Jaleca, o Ladislau o homem da cozinha “capachos” e sopas de tomate com fartura.
E a “almeara” crescia, os sacos de trigo e
aveia enchiam, e à noite ao redor da eira, em colchão de palha e lençóis de estrelas, sonhando com o regresso a
casa e à família dormia-se na paz do Senhor.
Chico Manuel
1 comentário:
OBS.
Vim aqui ler e cheguei à boa conclusão que, muitas vezes, quanto menos se
escreve melhor fica a mensagem. Directa,simples,evocativa e com a menção
de quem eram os trabalhadores com os seus nomes próprios, em dura labuta e
com muitas estrelas fazendo sua a luz da noite. Ou esperando por um outro
lençol de trabalhos bastante duros nos dias seguintes da Almeara..
E, vamos repeti-lo, com mais pirolitos do que laranjadas...!
Saudações ao autor
ANBerbem
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