quinta-feira, 26 de julho de 2018

EM HOMENAGEM ÀS PALMEIRAS

A propósito da eliminação das velhinhas “palmeiras da praça”, relembro aqui uma memória que publiquei há uns anos atrás, e que dá conta de uma outra utilidade que no meu tempo de meninice nos era proporcionada por elementos retirados dessas mesmas palmeiras, o que nos permitia praticar:
                                         DESPORTOS RADICAIS DO MEU TEMPO
 Também os havia no meu tempo de rapaz novo.
Por exemplo o descer a “ladeira da Praça” num caixote de sardinhas munido de 4 rodas de charrua, manobradas por fios de arame, e conseguir dar a curva sem se estatelar no poial da Fonte (campeão de tal modalidade: o Armandino).
Saltar da parede da Tapada do Zé Cuco para ficar dependurado na ramada de um choupo que os havia no “Choupal” (má recordação para o Tói da Dadinha que ao falhar o salto partiu o braço [e o “Ramona” a puxar para o endireitar !].
Mas hoje quero recordar uma modalidade sazonal, misto de “surf” e skaite”, que se praticava quando da limpeza das palmeiras da Praça, e no local (já desaparecido) designado Cova dos Ginetes.
A verdade é que tal local, assim como o Poço da Morte, provocava-nos um certo fascínio, misto de curiosidade e temor, motivado pelos conselhos paternos, devido à perigosidade dos locais em questão, o que por vezes contribuía, para os mais afoitos uma visita a tais locais, sempre desafiados pelo “não és capaz” provenientes dos mais velhos.
Recordo-me perfeitamente da primeira vez em que desafiado pelo Joaquim de Fátima desci até ao fundo da Cova dos Ginetes. Desci com o coração a tremer e subi com os bofes na boca.
Mas não é disto que vos quero falar:
E o título desta crónica disso dá conta.
Aqueles que ainda tiveram o privilégio de conhecer o local em questão (dizem que foi dali que saíram as pedras para a construção do Castelo, mas disso só o Tói é que nos pode elucidar)), devem estar recordados que havia uma espécie de “estradinha” sinuosa e com vários socalcos pela qual se descia até ao fundo da cova.
Pois bem, a rapaziada depressa encontrou uma outra utilidade a dar à referida “vereda”.
Na altura, quando se fazia e desbaste das palmeiras da praça, a “gaiatagem” fazia bicha (melhor fila), para levar consigo o melhor cacho das maçanicas. Não pelas maçanicas, mas sim para utilizar como escorrega (cavalo, automóvel, comboio) para ir ladeira abaixo, por vezes com grandes “cambalhotas” até ao fundo da Cova dos Ginetes, manobrando o “brinquedo”, de maneira a ir velozmente, sem quedas, e, principalmente evitar um “estatelanço” no vasto silvado que se encontrava no fundo da cova.
E havia até quem fizesse negócio com o seu cacho, trocando uma “voltinha” por meia dúzia de cromos da bola, uns vinténs para o jogo do botão, ou umas guloseimas trazidas para o lanche, sacrificado por uma escorregadela.
Ora digam-me lá se isto não se pode comparar com os actuais skates, só que em vez de se escorregar com os pés se utilizava o rabo, ou pelas pranchas de windsorf, com a diferença de em vez de ondas tínhamos pedregulhos e terra dura q.b.
Boas “escorregadelas”
Chico Manuel



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