sexta-feira, 6 de julho de 2018

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM


                                                                                                                RUI MENDES
                                                      CRISE MIGRATÓRIA
Aquando da elaboração da crónica da passada semana estava na expectativa que o Conselho Europeu finalmente tivesse uma posição europeia para tratar o problema dos migrantes que chegam à Europa, sejam eles refugiados ou migrantes que procuram um outro país na expectativa de melhores condições de vida. Ambos os casos requerem respostas. Provavelmente diferentes, mas a Europa terá que saber arranjar soluções para um e outro caso.
O contexto actual europeu não é fácil.
A Alemanha, principal motor da Europa, vive um contexto governativo que obriga a vários equilíbrios, quer entre a CDU e o SPD, quer entre CDU e CSU. O Estado da Baviera irá a eleições no próximo mês de Outubro e isso interfere na forma como a CSU aborda o problema dos migrantes, porque naquele estado a AfD, partido da extrema direita, tem ganho eleitorado fruto da sua posição mais extremada em relação aos migrantes.
A França assume uma posição expectante.
O Reino Unido está de saída da UE pelo que as suas principais preocupações são internas.
A Itália possui um recente governo, de características populistas, e será o país europeu que mais é afectado com o problema, porque é à Itália que chega o maior fluxo de migrantes.
Áustria, Hungria e Polónia assumem posições mais musculadas e optam por não permitir a entrada de migrantes nos seus territórios.
Os países do sul, em especial, a Itália e a Grécia, mas também a França e a Espanha são aqueles que sofrem o primeiro impacto, porque servem de porta de entrada.
Ora, neste quadro, é difícil conseguir uma política migratória para a Europa. O Acordo conseguido, em sede do Conselho Europeu, é muito limitado. É pouco. Mesmo muito pouco o que se alcançou.
Apenas se conseguiu, com o acordo dos 28, aumentar o controlo das fronteiras externas, dando mais meios e poderes à Agência Europeia de Controlo de Fronteiras Externas e criar plataformas de desembarque em países limítrofes das fronteiras da União Europeia, para que a triagem dos migrantes, tanto quanto possível, se faça fora do território europeu, evitando assim a entrada de grande parte dos migrantes.
O que se conseguiu é empurrar o problema para fora das fronteiras da UE, de uma forma desumana, permitindo que o que temos assistindo no mediterrâneo continue a existir.
Certamente continuarão a operar as redes organizadas de transporte de migrantes e, em consequência, continuarão as mortes silenciosas no Mediterrâneo.
E estamos certos que os fluxos migratórios terão tendência para crescer.
Os líderes europeus, todos eles, sem excepção, não foram capazes de arranjar uma solução, conforme se haviam comprometido, com base num equilíbrio entre responsabilidade e solidariedade.
As migrações são um assunto fracturante no seio da Europa e continuará a sê-lo, porque os líderes europeus não conseguem ultrapassar as divergências, numa matéria que mina o espírito europeu.
À boa maneira europeia a decisão foi não decidir.
 Até para a semana




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