“Pancho Villa 1” – filme
de média-metragem de Gustavo Menendéz. (duração: 55 minutos)
Gustavo Menendéz foi
autor de dois filmes sobre Pancho Villa. Este, sobre o qual agora escrevemos, e
um outro que o próprio realizador titulou como “Pancho Villa 2”. O “Pancho
Villa 1”, embora de média metragem, é uma ficção, e pretende contar a infância
e os anos de adolescência, ainda no Século XIX, daquele que viria a ser um dos
mais destacados elementos da Revolução Mexicana do início do Século XX. O
outro, é um documentário montado ao estilo de Gustavo Menendéz, com fotos,
filmagens e testemunhos de historiadores especialistas da época.
Mas este, o “Pancho
Villa 1”, é uma obra de ficção, e é como tal que o vamos apreciar.
Assim:
“Lá pelos idos de 1878,
na região do Rio Grande, norte do México, ali mesmo na fronteira do estado
norte-americano do Texas, nasce Doroteo Arango. Era filho de um peão que, como
todos os peões de fazenda, vivia numa pequena casa de adobe, no interior da
própria fazenda. Era a forma que os grandes agrários
(terratenientes, assim lhes chamavam no México) utilizavam para ter sempre à
mão quem os servisse. Era um costume da época e do país, e, de certo modo, o
peão era também propriedade do dono da hacienda. E assim foi criado o nosso Doroteo,
juntamente com um rancho de irmãos, e com mais fome ou menos fome, naquela
“hacienda” que se situava nas margens do rio que faz fronteira entre o México e
os Estados Unidos da América. Até que um dia, era ele muito novo ainda, chegou
a vez de, ele próprio, ser também peão. Era a sina dos pobres naqueles tempos.
Pai peão, filho peão. Mas… mas… o patrão… um dia porque sim (que mais se pode
dizer de uma acção daquelas), violou uma das irmãs do Doroteo. Azar dele. No
dia seguinte, o Doroteo cortou-o às postas com uma catana. Depois desta cena, o
nosso homem fugiu para os Estados Unidos. Voltou passados poucos meses, mas com
outro nome: Francisco Villa. E é já com o novo nome que forma uma quadrilha de
salteadores que, num lado e noutro do Rio Grande, assaltou tudo o que lhe
pareceu proveitoso, tirando disso muito proveito e dividindo com os mais
necessitados. Digamos que era um bandido amado pelos mais humildes. Uma espécie
de Robin dos Bosques. E só dessa forma se explica que não tivesse sido preso
quando as autoridades do México e dos States se encarniçaram em dar-lhe caça
nos dois lados do Rio Grande. Ele fintava-os devido ao extremo conhecimento que
tinha da região e ao apoio da população. Nesta situação se encontra Francisco
Villa, Pancho Villa, como era chamado, quando estala, em 1909, a Revolução
Mexicana”.
E pronto, The End para o
filme “Pancho Villa 1”.
Título Original: “Pancho
Villa 1”
Ano de Produção: 1966
Realização: Gustavo
Menendéz
Argumento: Gustavo
Menendéz
Produtor: Gustavo
Menendéz
Elenco: Ênio Gorender,
Arnald Fenelon, Vera Rossi, Edgar Moura, Áspasia Dupont…
(---- Quando no ano
passado, por mero acaso, na festa anual do “Mundo Obrero”, órgão oficial do
Partido Comunista de Espanha, que se realizou na Casa del Campo, nos arredores
de Madrid, reencontrei Federico Gallego Acrol, amigo desde o tempo em que ambos
trabalhávamos numa multinacional ligada à edição discográfica, em Montevideu,
Uruguai, estava longe de pensar que ele me daria um dos mais belos regallos que
eu jamais tinha recebido. Nada mais nada menos que uma colecção completa dos
filmes de Gustavo Menendéz. – Assim mesmo, novinha em folha, ainda na embalagem
de origem, made in México. – Uma colecção de vinte e cinco cassetes VHS. Tantas
quantos os filmes realizados por aquele autor mexicano. Todos os filmes. Tanto
os realizados nos Estados Unidos e os realizados no México. «E como estava o
meu amigo Federico na posse de tal acervo?» – quis eu saber – resposta rápida
do uruguaio – «Depois de nos termos separado, em 73, na minha cidade de Montevideu,
a polícia e a tropa do Bordaberry, aquele chulo, nunca mais me largou a
braguilha, e tive que fugir para o México, deixando tudo para trás». Estava
explicada a “fortuna” do meu amigo. Mais tarde, disse-me que quando emigrara
para o México, fugindo à polícia política uruguaia, tivera algumas dificuldades
em arranjar trabalho nesse país, mas que quando encontrou Gustavo Menendéz que,
por sua vez, também vinha corrido dos States, todos os problemas se resolveram,
passando a fazer parte da equipa de produção cinematográfica de Gustavo. E
assim se explica estar eu agora na posse desta extraordinária colecção de
filmes (suponho que única no país), de um realizador que é hoje considerado um
autor de culto em toda a América Latina e também nalguns meios dos Estados
Unidos ---)
O que há a dizer sobre
este “Pancho Villa 1”, está escrito aqui acima e pronto. Apenas mais uma
palavra para destacar a excelente interpretação dos actores, não obstante o
facto de serem todos amadores.
Rufino Casablanca
– Monte do Meio – 1996.

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