quinta-feira, 28 de junho de 2018

CINEMA - CICLO MENENDÉZ Por Rufino Casablanca

“Pancho Villa 2” – Um filme de Gustavo Menendéz. Tem 65 minutos de duração. Trata-se de uma média metragem e já foi realizada durante a estadia de Menendéz no México.
Nas duas obras que Gustavo Menendéz dedica a Pancho Villa, só a primeira é na modalidade de ficção. A segunda, sobre a qual hoje aqui se escreve, tem o formato de documentário, e diz apenas respeito à perseguição que lhe foi movida pelas tropas norte-americanas. Essa perseguição, a que os americanos (do norte, bem entendido), chamaram “Expedição Pershing”, foi comandada exactamente pelo general Pershing, um militar que mais tarde, muito mais tarde, já depois da sua morte, viria a ter a honra de dar o nome a um míssil extraordinariamente eficaz. Segundo Gustavo Menendéz, tudo começou quando Pancho Villa se viu acossado, durante a guerra civil que se seguiu ao deflagrar da revolução, pelas tropas regulamentares mexicanas. Saltou para o outro lado da fronteira, acompanhado da sua própria tropa, e em Março de 1916, tomou de assalto a cidade de Columbus, no estado do Novo-México, território já então norte-americano. Isso foi uma ofensa que os ianques nunca poderiam tolerar, e muito bem, diga-se de passagem, pois tratava-se da invasão de um país vizinho. A tropa invasora, como será bem de ver, não se portou lá muito bem, tendo os desmandos sido mais que muitos, para além de algumas atrocidades que hoje seriam classificadas como atentatórias dos diretos humanos.
As tropas de Pancho Villa, roubaram o que tinham que roubar, sobretudo as armas nos paióis militares da cidade, e de caminho ainda tomaram de assalto outra cidade norte-americana, Glenn Springs, para ser mais exacto, e aqui morreram vários soldados dos américas e foram incendiadas algumas casas. Soaram todos os alarmes em Washington e lá se forma a “Expedição Pershing” que entra pelo México dentro com a missão expressa de dar uma valente lição ao bandido Pancho Villa. Três mil homens, era o número de efectivos daquela expedição. Dela faziam parte dois jovens tenentes que viriam a dar que falar durante a 2ª Guerra Mundial: Eisenhower e Patton. Na expedição não puseram a vista em cima de Villa, e a situação pode resumir-se neste telegrama, enviado pelo comandante da tropa norte-americana para o seu quartel-general: “Que raio de homem este que parece estar em todo o lado e ao mesmo tempo em lado nenhum.”
A expedição punitiva Pershing acabou por não punir coisa nenhuma. Andaram vagueando por todo o norte do México, meteram o nariz em todo o lado e nem sequer puseram a vista em cima do Pancho.                    
O documentário está muito bem montado e tem testemunhos de muitos e variados especialistas da época. Tanto mexicanos como norte-americanos. Está também muito bem documentada no que diz respeito a filmes da altura e com uma enorme abundância de fotografias, sobretudo sobre o funcionamento interno da expedição que se destinava a punir Pancho Villa. Já por essa altura se sabia que os Estados Unidos eram uma grande potência militar, pois é perfeitamente visível a preparação dos seus homens, sobretudo na eficácia demonstrada na forma como a sua engenharia construía pontes sobre os rios que encontravam no caminho e que permitiam a passagem dos efectivos num espaço de tempo muito rápido. É também visível no documentário o excelente serviço de logística que permitiu o desenrolar de toda a operação sem que às tropas faltassem os meios indispensáveis para o bom término daquilo que se propunham. Está ali bem patente a forma eficaz como se abastece um grande grupo expedicionário. Está bem à vista porque o corpo expedicionário americano, uns anos depois, quando a América se decidiu finalmente a entrar na hoje chamada 1ª Guerra Mundial, na altura denominada como Grande-Guerra, resolveu rapidamente a situação, ganhando rapidamente para o lado dos Aliados, o conflito que há quatro anos (1914-1918) dilacerava a Europa.
Documentário 5 estrelas. É esta a nossa classificação final!
 Rufino Casablanca – Monte do Meio – 1996


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