JOSÉ POLICARPO
A PIOR DAS VERGONHAS
Que
o nosso país é pouco dado às responsabilidades coletivas, poucos serão os de
boa-fé que terão dúvidas disso. Há mesmo quem defenda que, não é preciso ser
sério e honesto, para estar à frente de um organismo público ou de uma
autarquia. Desde que, para isso, faça obra, ainda que o preço seja duas a três
vezes mais do que aquilo que seria se não houvesse procedimentos à margem da
Lei.
Vem isto a
propósito dos números verdadeiramente, indignos que traduzem o fenómeno da
pobreza no nosso país, que na segunda-feira foram noticiados. Já sabíamos que
somos perdulários no que toca à divida pública, somos mesmo um dos países mais
endividados do mundo. Já sabíamos que somos um dos países que menos confia nos
políticos e no sistema judicial. Agora ficámos a saber que um 1/4 da população
portuguesa vive em risco de pobreza.
Na verdade, estas
2 400 000 pessoas que estão em risco de pobreza são cidadãos portugueses. Por
isso, a nossa comunidade não pode nem deve fazer de conta que não existem. Até
porque se não existissem deveres resultantes da consciência de cada um, como o
da solidariedade, no nosso contrato social, leia-se a Constituição da República
Portuguesa, a dignidade das pessoas está inequivocamente consagrada.
Ora, o critério de
utilização dos recursos públicos tem e deve ser muito mais exigente, como,
também, a sua fiscalização. Casos como os da falência de bancos em virtude de
gestão danosa, não podem acontecer no número que aconteceram. Segundo se fala,
as imparidades, o crédito quase irrecuperável dos bancos, ascendem quase os
cinquenta mil milhões de euros. Se parte significativa deste dinheiro fosse
emprestado a quem sabe criar riqueza, teríamos muito menos pobres, porque
tínhamos mais e melhor emprego. O que falta fazer? Sermos mais exigentes uns
com os outros.
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