A NOTÍCIA, ESSA FONTE MENTIRA
O
regime dos Estados Unidos abriu uma embaixada em Jerusalém como forma de
reconhecimento desta cidade como capital de Israel, construindo com essa
atitude mais um degrau na escalada de violência no médio oriente e mais um
aconchego, moral e material, ao processo de ocupação da Palestina e ao
genocídio que lhe está associado.
O dia da
inauguração da embaixada norte-americana ficou marcado por uma operação militar
israelita que provocou mais de 60 mortos e cerca de 2200 feridos.
O tratamento
noticioso destes acontecimentos primou pela menorização do que aconteceu,
quando não mesmo pela mais básica operação de propaganda ao serviço do
ocupante.
Quando se pretende
tratar a ocupação israelita da Palestina, e o confinar os palestinianos a uma
pequena faixa de território onde são condenados a viver em condições infra
humanas, como se de uma guerra se tratasse, mais não se faz do que prestar
serviço e vassalagem aqueles que durante os últimos 70 anos, ignorando todas as
resoluções da ONU, têm exercido sobre a população daqueles territórios ocupados
verdadeiras acções de extermínio e de limpeza étnica.
As notícias sobre
os acontecimentos desse dia foram escassas, de breves minutos, e com
enquadramento parcial, referindo-se sempre à repressão como …“confrontos”.
É desta forma que
a notícia, essa instituição que tínhamos como fonte de verdade mediada, para a
ser vista como a fonte da mentira descarada.
Nos últimos dois
dias uma bando de energúmenos invadiu as instalações de um clube desportivo e
desatou a bater em tudo o que mexia, desde jogadores a treinadores, não
escapando a essa onda arrasadora o fisioterapeuta, esse tosco que não consegue
meter um golo de baliza aberta.
As notícias,
comentários, pareceres, sugestões, repetições de imagens e outras cenas
tristes, passaram e ainda estão a passar em todos os canais televisivos com
destaques inusuais para uma mera questão de polícia e onde há a lamentar alguns
feridos ligeiros.
Claro que sabemos
que o futebol exerce sobre as massas o fascínio de ser assunto de que todos são
especialistas e por isso é utilizado à saciedade para processos de profunda
alienação da consciência da dura realidade que nos rodeia.
Passaram 48 horas
sobre esses acontecimentos e a coisa promete não abrandar até que todo o país
saiba exactamente a dimensão da sutura na cabeça de um futebolista.
Aqui não se falou
em confrontos ou de guerra ou de acção defensiva para garantir a segurança de
ninguém. Neste caso, como se sabe, foi mesmo um acto terrorista.
Já as mais de 60
vítimas mortais do exército israelita mereceram meia dúzia de minutos no
próprio dia e a palavra terrorismo, se alguma vez foi proferida, terá sido para
acusar os mortos de qualquer coisa que poderiam vir a fazer.
A notícia como
fonte de espesso nevoeiro que leva à canonização da verdade de uns poucos, mas
que a maioria passa a repetir como sendo sua. Ainda que contra os seus próprios
interesses.
Até para a semana
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