segunda-feira, 14 de maio de 2018

CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM

MARIA HELENA FIGUEIREDO
   MORRER COM DIGNIDADE: SIM À MORTE ASSISTIDA
Vi o meu pai morrer novo, em grande sofrimento e depauperação física com um cancro muito agressivo. Acompanhei todos os dias esse sofrimento.
Se um dia também eu tiver uma doença terminal e o sofrimento me for insuportável quero que o meu país me reconheça o direito a morrer tranquilamente, com a minha família e os amigos por perto.
E se decidir que não quero continuar a viver, quero que o Estado não me obrigue ao sofrimento atroz, à decadência física ou a ter que ir a um outro país para aí morrer, como actualmente acontece.
Quero ser eu a determinar nessas circunstancias de forma consciente, informada e livre o que fazer com a minha vida.
E se um profissional de saúde me ajudar nesse ultimo acto consciente da minha vida, quero que não considerem que cometeu um crime e possa por isso ser condenado a uma pena de prisão até 3 anos.
Como eu pensam muitos e muitas portuguesas. Muitos são profissionais de saúde, como por exemplo o Prof Machado Caetano que veio a público testemunhar como no dia a dia se confrontam com pedidos dos seus doentes terminais, que por todas as formas lhes pedem que ajudem a por fim ao sofrimento terrível e eles, médicos, não os podem ajudar porque é crime.
Reconhecer este direito e tão somente isto é o que está em causa no projecto de lei que o Bloco de Esquerda apresentou e que o Parlamento tem para debater sobre a morte assistida ou sobre a eutanásia como tem sido referido.
Reconhecer este direito quando – e apenas quando – a patologia é comprovadamente irreversível e o doente está perfeitamente consciente e pode, até ao ultimo instante decidir o contrário, é o que está na mãos dos deputados decidir.
Nem mais nem menos.
Tudo o resto é manipulação. Falar de morte assistida a propósito de alguém que seja paraplégico ou em coma é distorcer, é manipular … é pouco sério.
O Projecto de lei que os deputados têm para decidir é o reconhecimento de que cada um de nós tem a liberdade de encarar o sofrimento e a morte de forma diversa e que a despenalização da morte assistida é a antecipação benévola, por vontade própria, do fim próximo.
Permitir nestes casos a cada um de nós a escolha do fim é um acto de democracia. É a supremacia da tolerância face à prepotência e ao autoritarismo.
Por isso defendo a despenalização da morte assistida
Até para a semana!



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