Filmes de cariz político, comentados na altura por Rufino
Casablanca.
Desconhecidos pela maior parte de todos aqueles que se
interessam pela Sétima Arte, dado que a maioria não passou pelos circuitos
comerciais, iniciámos com Abraham
Lincoln, uma série que se irá prolongar ao longo de várias semanas, em que o
leitor interessado poderá entre outros descobrir algo de novo nos mandatos de: Lincoln, Truman, Hendrik, Custer, Eisenhaver, Jonshon e Roosevelt (já publicados) – Kennedy, (hoje publicada a 1ª parte, ficando a faltar a 2ª e mais Bill Cliton e Nixon com quem iremos terminar este tema).
John F. Kennedy (1) ----35º Presidente dos Estados
Unidos da América----
-- Se nos
fosse permitido repetir o que o historiador N. N. Jakovlev já disse, diríamos:
“Segurem-se porque vêm aí os Kennedys”
Aqui se trata
de mais um filme de Gustavo Menendéz, que pretende contar uma pequena parte do
mandato de John F. Kennedy. Este filme conta como, sem margem para recuo,
Kennedy teve que assumir uma das decisões erradas da CIA e do presidente
anterior.
E começa com
a seguinte declaração: “SE OS CIDADÃOS AMERICANOS CONSEGUISSEM VER-SE COMO
MUITOS CIDADÃOS DE OUTROS PAÍSES OS VÊEM, FICARIAM A SABER QUE NÃO SÃO TÃO BEM
VISTOS NO ESTRANGEIRO COMO PENSAM”.
Gustavo
Menendéz realizou dois filmes sobre o presidente John F. Kennedy. Um deles é
este de que hoje aqui falamos. E que trata da invasão da Baía dos Porcos, em
Cuba. (os cubanos chamam-lhe La Batalla de la Playa Girón). O outro, tem como
tema principal o seu assassinato, em Dallas, estado do Texas, no dia 22 de
Novembro de 1963, a exactamente um ano de terminar o seu mandato presidencial.
Título
Original: “A Baía do
Descontentamento Americano”
Título
Português: (não existe porque o filme não passou no circuito comercial em
Portugal)
Ano de
Produção: 1963
Realizador:
Gustavo Menendéz
Argumentista:
Gustavo Menendéz
Intérpretes:
Etzel Hagen, Brunhild Siegfried, James Younger, Samuel J. Hayes… entre outros
(a fita tem a
duração de 2 horas)
E o que a
seguir se conta está tudo lá. Nada é da nossa lavra, mas é possível que aflore,
aqui e ali, a opinião deste escriba sobre os factos narrados no filme.
Kennedy
herdou este imbróglio do presidente anterior, general Ike Eisenhower. Quando
tomou posse, no início de 1961, já esta operação estava em marcha. Tinha sido
uma maquinação do general e do então chefe da CIA, Allen Dulles. Já o treino de
cubanos fugidos da ilha e da revolução e outros mercenários de toda a américa
latina, treinavam afincadamente na Guatemala e na Nicarágua, países que por
essa época tinham governos fantoches tutelados pelos americanos, sob a
orientação de oficiais dos serviços secretos norte-americanos. Já no Panamá se
aparelhavam os navios que haviam de transportar o corpo combatente (era assim
que lhe chamavam), e já em longínquas bases aéreas dos USA, pilotos cubanos
dissidentes, americanos aventureiros e outros latino-americanos, igualmente
aventureiros, e sobretudo mercenários, estavam a postos para o desembarque.
(contrariamente ao que sempre se disse todos estavam bem preparados, bem
treinados, bem pagos, e sabiam muito bem o que queriam e ao que iam. Nada
daquelas tretas que se espalharam depois da sua derrota, de que eram uma tropa
fandanga, mal organizada e mal dirigida no campo de batalha. Como poderiam ser
mal orientados no ar, no mar e em terra, se os instrutores e os comandantes
eram os melhores oficiais da CIA? Agentes experimentados e profissionais da
guerra que já tinham dado provas de eficácia em várias situações igualmente
clandestinas. Como poderiam estar mal preparados se já levavam mais de um ano
de treinos afincados? Estes boatos apenas foram espalhados para tirar mérito ao
exército cubano que os derrotou quando ainda nem sequer tinham pisado o solo da
ilha. O problema para os USA foi que os cubanos abateram vários aviões com
pilotos americanos e mostraram-nos ao mundo, comprometendo assim a primeira
reacção dos ianques, que pretendiam desligar-se da situação e assobiar para o
lado. Por fim, lá reconheceram a responsabilidade que lhes cabia quando o Fidel
exibiu as provas que tinha. A verdade verdadinha é que essa operação custou aos
americanos uma aproximação cada vez maior de Cuba à União Soviética, que mais
tarde viria a dar origem à chamada crise dos mísseis. Mas isso já é outra
história que não cabe neste filme e, como prometido, não será aqui abordada.
Supomos que
este filme foi uma das poucas longas-metragens de Gustavo
Menendéz, pois como já se disse, tem cerca de duas horas de duração.
E foi também um filme apenas feito com actores amadores.
Nada de
especial no campo artístico. Vale como documento histórico, uma visão diferente
de um grande acontecimento dos anos sessenta.
Rufino Casablanca –
Monte do Meio – Novembro de 1997
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