quinta-feira, 17 de maio de 2018

CINEMA - Temática: Presidentes U.S.A.

Numa das muitas “pen”- onde íamos acondicionando alguns dos escritos que nos chegaram com a assinatura de Rufino Casablanca, encontramos recentemente uma colectânea de filmes, a maioria com a realização de Gustavo Menendez, tendo como argumento a vida e obra de alguns Presidentes dos Estados Unidos da América.
Filmes de cariz político, comentados na altura por Rufino Casablanca.
Desconhecidos pela maior parte de todos aqueles que se interessam pela Sétima Arte, dado que a maioria não passou pelos circuitos comerciais, iniciámos com Abraham Lincoln, uma série que se irá prolongar ao longo de várias semanas, em que o leitor interessado poderá entre outros descobrir algo de novo nos mandatos de: Lincoln, Truman, Hendrik, Custer, Eisenhaver, Jonshon e  Roosevelt (já publicados) – Kennedy, (hoje publicada a 1ª parte, ficando a faltar a 2ª  e mais Bill Cliton e Nixon com quem iremos terminar este tema).

              John F. Kennedy (1) ----35º Presidente dos Estados Unidos da América----

-- Se nos fosse permitido repetir o que o historiador N. N. Jakovlev já disse, diríamos: “Segurem-se porque vêm aí os Kennedys”
Aqui se trata de mais um filme de Gustavo Menendéz, que pretende contar uma pequena parte do mandato de John F. Kennedy. Este filme conta como, sem margem para recuo, Kennedy teve que assumir uma das decisões erradas da CIA e do presidente anterior.
E começa com a seguinte declaração: “SE OS CIDADÃOS AMERICANOS CONSEGUISSEM VER-SE COMO MUITOS CIDADÃOS DE OUTROS PAÍSES OS VÊEM, FICARIAM A SABER QUE NÃO SÃO TÃO BEM VISTOS NO ESTRANGEIRO COMO PENSAM”.
Gustavo Menendéz realizou dois filmes sobre o presidente John F. Kennedy. Um deles é este de que hoje aqui falamos. E que trata da invasão da Baía dos Porcos, em Cuba. (os cubanos chamam-lhe La Batalla de la Playa Girón). O outro, tem como tema principal o seu assassinato, em Dallas, estado do Texas, no dia 22 de Novembro de 1963, a exactamente um ano de terminar o seu mandato presidencial.
Título Original: “A Baía do Descontentamento Americano”
Título Português: (não existe porque o filme não passou no circuito comercial em Portugal)
Ano de Produção: 1963
Realizador: Gustavo Menendéz
Argumentista: Gustavo Menendéz
Intérpretes: Etzel Hagen, Brunhild Siegfried, James Younger, Samuel J. Hayes… entre outros
(a fita tem a duração de 2 horas)
E o que a seguir se conta está tudo lá. Nada é da nossa lavra, mas é possível que aflore, aqui e ali, a opinião deste escriba sobre os factos narrados no filme.
Kennedy herdou este imbróglio do presidente anterior, general Ike Eisenhower. Quando tomou posse, no início de 1961, já esta operação estava em marcha. Tinha sido uma maquinação do general e do então chefe da CIA, Allen Dulles. Já o treino de cubanos fugidos da ilha e da revolução e outros mercenários de toda a américa latina, treinavam afincadamente na Guatemala e na Nicarágua, países que por essa época tinham governos fantoches tutelados pelos americanos, sob a orientação de oficiais dos serviços secretos norte-americanos. Já no Panamá se aparelhavam os navios que haviam de transportar o corpo combatente (era assim que lhe chamavam), e já em longínquas bases aéreas dos USA, pilotos cubanos dissidentes, americanos aventureiros e outros latino-americanos, igualmente aventureiros, e sobretudo mercenários, estavam a postos para o desembarque. (contrariamente ao que sempre se disse todos estavam bem preparados, bem treinados, bem pagos, e sabiam muito bem o que queriam e ao que iam. Nada daquelas tretas que se espalharam depois da sua derrota, de que eram uma tropa fandanga, mal organizada e mal dirigida no campo de batalha. Como poderiam ser mal orientados no ar, no mar e em terra, se os instrutores e os comandantes eram os melhores oficiais da CIA? Agentes experimentados e profissionais da guerra que já tinham dado provas de eficácia em várias situações igualmente clandestinas. Como poderiam estar mal preparados se já levavam mais de um ano de treinos afincados? Estes boatos apenas foram espalhados para tirar mérito ao exército cubano que os derrotou quando ainda nem sequer tinham pisado o solo da ilha. O problema para os USA foi que os cubanos abateram vários aviões com pilotos americanos e mostraram-nos ao mundo, comprometendo assim a primeira reacção dos ianques, que pretendiam desligar-se da situação e assobiar para o lado. Por fim, lá reconheceram a responsabilidade que lhes cabia quando o Fidel exibiu as provas que tinha. A verdade verdadinha é que essa operação custou aos americanos uma aproximação cada vez maior de Cuba à União Soviética, que mais tarde viria a dar origem à chamada crise dos mísseis. Mas isso já é outra história que não cabe neste filme e, como prometido, não será aqui abordada.
Supomos que este filme foi uma das poucas longas-metragens de Gustavo Menendéz,  pois como já se disse, tem cerca de duas horas de duração. E foi também um filme apenas feito com actores amadores.
Nada de especial no campo artístico. Vale como documento histórico, uma visão diferente de um grande acontecimento dos anos sessenta.
 Rufino Casablanca – Monte do Meio – Novembro de 1997



Sem comentários: