«LYNDON B. JOHNSON – 36º Presidente dos Estados Unidos da
América»
É um documentário. E já foi montado no México, país para onde o
realizador se mudou em 1966. Assim, este realizador que nascera mexicano em
1920 e que adquirira a nacionalidade norte-americana nos finais da década de
trinta, tendo já participado na 2ª Guerra Mundial nas fileiras deste país, sem
abdicar dessa nacionalidade e sem explicações públicas que esclarecessem essa
atitude, voltou a viver no México, para aí mudando toda a estrutura dos
estúdios cinematográficos que tinha na Califórnia, pois além de realizador e
argumentista também exercia, em muitos filmes, a função de produtor, dando
apoio a muitos cineastas independentes que exerciam a sua actividade no chamado
cinema alternativo, isto é, aquele que saía da alçada dos grandes produtores de
Hollywood.
Gustavo Menendéz, tendo como tema principal a política
norte-americana do século XX, tem utilizado a ficção para nos dar a sua visão
sobre a acção de diversos presidentes daquele país, sobretudo do século XX. No
entanto, em relação ao presidente Lyndon Johnson, decidiu fazer uma
obra diferente: um documentário em que utiliza filmagens oficiais, fotos
inéditas do interior da Casa Branca, filmagens e fotos da luta sobre os
direitos cívicos no sul dos Estados Unidos, imagens da guerra do Vietname
(seria impossível fazer um documentário, fosse ele qual fosse, sobre Lyndon
Johnson, sem abordar essa guerra, pois foi durante os seus mandatos que se deu
o início da escalada de envio de soldados americanos para o sudeste asiático),
para além de outros pontos de interesse de uma época de opiniões muito
radicalizadas como foram os anos sessenta.
O filme abre com a tomada de posse de Lyndon B. Johnson, a bordo
do Boeing 707, o avião presidencial que tinha transportado John Kennedy e
restante comitiva a Dallas, cidade em que foi assassinado a tiro no dia 22 de
Novembro de 1963. Imediatamente antes de regressar a Washington, no próprio dia
da morte Kennedy, foi empossado como presidente aquele que, até ali, era
vice-presidente. A cena foi ilustrada com fotos em que se vê Johnson a jurar,
sobre uma Bíblia, a constituição e a bandeira dos Estados Unidos da América.
Nessas fotos, também se vê Jacqueline Kennedy, ainda vestida com o fato que
usava nesse dia e que estava manchado com o sangue do seu marido.
Este documentário implicou certamente uma grande pesquisa
subterrânea e clandestina pois o documentário foi montado logo no ano a seguir
ao fim do mandato de Lyndon Johnson, numa altura em que a maior parte dos
documentos estavam em segredo de Estado. Não nos surpreende a quantidade de
fotos ou filmagens originais sobre os quais o documentário assenta, mas as
denúncias de documentos oficiais e fotos do interior da Casa Branca e do Capitólio,
assim como dos gabinetes dos senadores ou congressistas, que apenas aqui se
verificam, havendo fuga de informação.
Principais pontos em que assenta este documentário:
- Lyndon Johnson não nasceu rico, o que é raríssimo entre os
presidentes norte-americanos.
- Contudo, talvez fosse o que chegou mais rico à presidência.
- Fez fortuna nos meios de comunicação social. (rádio e
televisão)
- Tinha orgulho em ser considerado um “self-made man”.
- No fim vida, em 1972, a sua fortuna foi calculada em cerca de
7.000 milhões de dólares.
- Os efectivos americanos na guerra do Vietnam, atingiram o meio
milhão de militares.
- Começaram os bombardeamentos estratégicos da República do
Vietnam do Norte.
- A incompatibilidade entre o presidente e os Kennedys minou a
política americana.
- O principal conselheiro militar de Johnson foi o general
William C. Westmoreland,
exactamente o mesmo general que foi mais tarde (na
primeira metade da década de setenta), considerado o responsável pela derrota
americana no Vietnam.
Este documentário está visível na Cinemateca Nacional e foi
exibido, fora do certame, no último Festival de Cinema Independente do Algarve,
na cidade de Faro, em Outubro passado.
Rufino Casablanca – Monte do Meio – Novembro de 1997
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