quinta-feira, 10 de maio de 2018

CINEMA - TEMÁTICA: PRESIDENTES U.S.A. - (Por Rufino Casablanca)

                                          LYNDON JOHNSON
«LYNDON B. JOHNSON – 36º Presidente dos Estados Unidos da América»
É um documentário. E já foi montado no México, país para onde o realizador se mudou em 1966. Assim, este realizador que nascera mexicano em 1920 e que adquirira a nacionalidade norte-americana nos finais da década de trinta, tendo já participado na 2ª Guerra Mundial nas fileiras deste país, sem abdicar dessa nacionalidade e sem explicações públicas que esclarecessem essa atitude, voltou a viver no México, para aí mudando toda a estrutura dos estúdios cinematográficos que tinha na Califórnia, pois além de realizador e argumentista também exercia, em muitos filmes, a função de produtor, dando apoio a muitos cineastas independentes que exerciam a sua actividade no chamado cinema alternativo, isto é, aquele que saía da alçada dos grandes produtores de Hollywood.  
 Gustavo Menendéz, tendo como tema principal a política norte-americana do século XX, tem utilizado a ficção para nos dar a sua visão sobre a acção de diversos presidentes daquele país, sobretudo do século XX. No entanto, em relação ao presidente Lyndon  Johnson, decidiu fazer uma obra diferente: um documentário em que utiliza filmagens oficiais, fotos inéditas do interior da Casa Branca, filmagens e fotos da luta sobre os direitos cívicos no sul dos Estados Unidos, imagens da guerra do Vietname (seria impossível fazer um documentário, fosse ele qual fosse, sobre Lyndon Johnson, sem abordar essa guerra, pois foi durante os seus mandatos que se deu o início da escalada de envio de soldados americanos para o sudeste asiático), para além de outros pontos de interesse de uma época de opiniões muito radicalizadas como foram os anos sessenta.
O filme abre com a tomada de posse de Lyndon B. Johnson, a bordo do Boeing 707, o avião presidencial que tinha transportado John Kennedy e restante comitiva a Dallas, cidade em que foi assassinado a tiro no dia 22 de Novembro de 1963. Imediatamente antes de regressar a Washington, no próprio dia da morte Kennedy, foi empossado como presidente aquele que, até ali, era vice-presidente. A cena foi ilustrada com fotos em que se vê Johnson a jurar, sobre uma Bíblia, a constituição e a bandeira dos Estados Unidos da América. Nessas fotos, também se vê Jacqueline Kennedy, ainda vestida com o fato que usava nesse dia e que estava manchado com o sangue do seu marido.
Este documentário implicou certamente uma grande pesquisa subterrânea e clandestina pois o documentário foi montado logo no ano a seguir ao fim do mandato de Lyndon Johnson, numa altura em que a maior parte dos documentos estavam em segredo de Estado. Não nos surpreende a quantidade de fotos ou filmagens originais sobre os quais o documentário assenta, mas as denúncias de documentos oficiais e fotos do interior da Casa Branca e do Capitólio, assim como dos gabinetes dos senadores ou congressistas, que apenas aqui se verificam, havendo fuga de informação.
Principais pontos em que assenta este documentário:
- Lyndon Johnson não nasceu rico, o que é raríssimo entre os presidentes norte-americanos.
- Contudo, talvez fosse o que chegou mais rico à presidência.
- Fez fortuna nos meios de comunicação social. (rádio e televisão)
- Tinha orgulho em ser considerado um “self-made man”.
- No fim vida, em 1972, a sua fortuna foi calculada em cerca de 7.000 milhões de dólares.
- Os efectivos americanos na guerra do Vietnam, atingiram o meio milhão de militares.
- Começaram os bombardeamentos estratégicos da República do Vietnam do Norte.
- A incompatibilidade entre o presidente e os Kennedys minou a política americana.
- O principal conselheiro militar de Johnson foi o general William C. Westmoreland,
  exactamente o mesmo general que foi mais tarde (na primeira metade da década de setenta), considerado o responsável pela derrota americana no Vietnam.
Este documentário está visível na Cinemateca Nacional e foi exibido, fora do certame, no último Festival de Cinema Independente do Algarve, na cidade de Faro, em Outubro passado.
 Rufino Casablanca – Monte do Meio – Novembro de 1997


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