quinta-feira, 24 de maio de 2018

CINEMA - CICLO PRESIDENTES U.S.A. - Por Rufino Casablanca

                                               JOHN FITZGERALD KENNEDY – 2
Este é o segundo filme que Gustavo Menendéz dedica ao 35º presidente dos Estados Unidos da América, John Kennedy. É um filme em que dá a sua versão do assassinato do único presidente católico dos Estados Unidos. O primeiro era sobre a invasão da Baía dos Porcos, aquela aventura em que a CIA e o presidente anterior tinham metido Kennedy. Não que Kennedy se tivesse arrependido dessa aventura, aventura de que os USA saíram muito chamuscados, diga-se, mas a verdade é não fora planeada por ele e pelo seu staff. Tinha sido uma herança malévola de Eisenhower e de Allen Dulles, chefe da CIA por essa época.
Neste filme Gustavo Menendéz volta aos filmes de média metragem, especialidade sua, deixando de lado as poucas peliculas de longa-metragem que realizou: uma dessas longas-metragens foi exactamente a sua fita anterior, que era também sobre John Kennedy.
O filme conta os factos por ordem cronológica e começa assim:
“No dia 22 de Novembro de 1963, a menos de um ano de terminar o seu mandato, John F. Kennedy, foi assassinado a tiro na cidade de Dallas, Texas. Lee Harvey Oswald, dado como seu assassino, foi preso muito rapidamente e acusado não só de assassinar o presidente, mas também de ser agente de Moscovo e de Fidel Castro. (aqui, o filme é muito vago e não se entende bem se era agente dos russos ou dos cubanos). Os americanos diziam que era dos dois, que aquilo era tudo a mesma coisa, e que tanto fazia ser de uns como dos outros.
O problema começou a crescer aquando da transferência de Lee Harvey Oswald, de uma prisão para outra, uns dias depois do assassinato: subitamente, quando era escoltado por vários polícias, aparece um cidadão bem enfarpelado e bem enchapelado, do meio de uma multidão de fotógrafos e operadores de televisão e zás, prega dois tiros no preso. Morreu mesmo ali, o pobre Oswald. Desta vez o matador era um individuo chamado Jack Ruby. Foi engavetado, pois claro. Era um empresário da noite de Dallas e havia muitos pontos que o ligavam à mafia local, e esteve preso até ser condenado à morte, mas enquanto esperava pelo resultado de um recurso, morreu mesmo de morte morrida. Houve quem suspeitasse de envenenamento, mas não passou disso. Na América é assim: puxa-se da pistola e vai de dar uns tirinhos. Os tribunais depois que resolvam. Só que desta vez nenhum tribunal resolveu este imbróglio. Os tribunais que nos Estados Unidos da América resolvem tudo, desta vez não resolveram nada. Tudo ficou por esclarecer. Houve comissões da Câmara dos Representantes, houve comissões do Senado dos Estados Unidos, houve comissões conjuntas de várias entidades oficiais, FBI inclusive, e nada, nada se apurou. Deu tudo em zero. Louis Stokes, que chefiou a última comissão do Congresso dos Estados Unidos, a 16ª, salvo erro, disse o seguinte: «Não parece provável que estes mistérios venham jamais a ser esclarecidos. Penso que o mais natural é nunca chegarmos a saber o que se passou.» - E é assim que acaba o filme.

Título Original: “Conspiracy”
Título Português: “A Conspiração”
Ano de Produção: 1966
Realização: Gustavo Menendéz
Argumento: Gustavo Menendéz
Elenco: Jimmy Ballew, Smith Dorsey, Anne Bristoll, Herb Allyson….
Realização segura e eficaz. Os actores, como é hábito nos filmes de Gustavo Menendéz, não são profissionais de cinema. Ele costumava recrutá-los nos teatros de província e nota-se um certo maneirismo teatral nas suas actuações. Cinco estrelas para a actriz que desempenha o papel de Jacqueline Kennedy. Está muito bem na interpretação de Primeira-Dama, metidinha no seu fatinho saia/casaco cor-de-rosa e chapelinho a condizer. Apenas uma observação final para a ironia sarcástica com que Gustavo Menendéz sempre olha para o modo de vida nos Estados Unidos da América e para as decisões dos seus governantes. Parece estar a tirar desforra de qualquer desfeita que lá sofreu. Afinal, embora naturalizado, ele é cidadão daquele país.
 Rufino Casablanca – Monte do Meio – Novembro de 1997 


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