quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

MEMORIAS DE UM DESPORTISTA – Por Egas Branco

Texto dedicado a todos os Amigos, mas em especial aos que correm!
Abraços

Egas

MEMÓRIAS DOS TRÊS ESTÁDIOS (I)
- ESTÁDIO 1º DE MAIO, em Alvalade, Lisboa
- ESTÁDIO DO JAMOR (antigo EN - Estádio Nacional), na Cruz-Quebrada, Oeiras
- ESTÁDIO UNIVERSITÁRIO, na Cidade Universitária, Lisboa

CAPÍTULO I - OS INÍCIOS NO EN
1- A memória mais antiga do Jamor, que vale a pena mencionar, tem a ver com o desporto escolar dos anos 50 do século XX, com os campeonatos de futebol de 11, a nível dos liceus e escolas, incluindo o Colégio Militar e o Instituto dos Pupilos do Exército, então marcadamente classistas, com o Colégio só para filhos de oficiais e os Pupilos só para filhos de sargentos, isto durante o fascismo. Dado o regime de internato que ambos tinham, apresentavam equipas muito fortes em relação aos "amadores" das restantes escolas. Os jogos eram em geral disputados no campo de treinos, pelado que no Inverno se transformava rapidamente num enorme lodaçal. Só em casos muito especiais, como por exemplo a disputa de finais, se ia para o relvado de treinos. Mas apesar das condições desfavoráveis juntavam às vezes grandes assistências.
Joguei sempre, assim que tive idade (15 ou 16 anos), pelo meu liceu, o D. João de Castro. O responsável pela nossa equipa era o Professor de Educação Física, Serradas Duarte, de quem todos gostávamos muito pelo seu humanismo e mais tarde viríamos a saber que era efectivamente um homem de esquerda, tendo infelizmente falecido muito novo, ainda no nosso tempo de estudantes. Lembro-me da minha estreia, quando mandou avançar o puto, o benjamim da equipa de craques... Alguns dos quais se viriam a distinguir, conseguindo a internacionalização, noutras modalidades (andebol, atletismo, etc).
 Mas o grande acontecimento desses anos, para além do futebol, terá sido a realização de uma grande competição internacional de corta-mato, o Cross das Nações, em meados dos anos 50, que antecederia os Mundiais, nos terrenos anexos, onde mais tarde pensariam fazer um hipódromo, o que felizmente nunca aconteceu e depois um campo de golfe que felizmente também pouco durou e finalmente uma pista de corta-mato, onde Carlos Lopes seria campeão mundial nos anos 80, num autêntico tapete de relva embora acidentado como convinha para um traçado de corta-mato. Portugal tinha então uma grande equipa, com aspirações ao pódio, cujo principal atleta era o famoso Manuel Faria, que sucedera a Filipe Luís e José Araújo e se notabilizara no estrangeiro com vitórias nas famosas S. Silvestres do Rio de Janeiro e de São Paulo, onde derrotaria o famoso atleta soviético Vladimir Kuts, que foi um dos mais célebres fundistas de sempre. Todavia, com uma enorme presença de público a assistir, a desilusão foi muito grande, com os atletas portugueses muito longe do que se podia esperar. Obviamente que assisti a essa primeira grande competição de atletismo no nosso país.
2- Muitos anos mais tarde, no início dos anos 80, voltaria lá, para treinar, em geral de manhã muito cedo, de Verão ou de Inverno, com quaisquer condições de tempo, antes do trabalho, em companhia do meu sobrinho Jorge Branco, podendo dizer que foi aí que começámos a ser corredores de fundo, ultrapassando definitivamente o chamado jogging que havíamos iniciado no Estádio 1º de Maio, do INATEL.
Aí também conheceríamos o Grupo de Manutenção do EN, dirigido pelo saudoso Professor Reis Pires, que havia sido um jogador internacional de basquetebol, a quem nos juntávamos episodicamente, embora aí o objectivo fosse a manutenção simples, ou a outros grupos de atletas (relembro os Mokas) e com bastante regularidade, aos fins-de-semana, ao grupo do grande atleta do Belenenses, Joaquim Branco, que fora recordista nacional de quase todas as distâncias do fundo e meio-fundo, mas nessa altura já veterano, e que muito nos aconselhou sobre a prática desta modalidade de que em pouco tempo nos tornámos fãs.
De tanta gente que conhecemos nessa época não podemos deixar de lembrar os responsáveis pelos balneários, do Estádio Principal, sr. João e dos Campos de Treinos, sr. Domingos, dois bons amigos de muitos anos, o último desde os anos 50, que nos iam contando saborosas histórias passadas com os craques desses anos, em especial do futebol.
Egas Branco
PRÓXIMO: ESTÁDIO DO JAMOR

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