JOSÉ POLICARPO
SABOROSO, MAS SÓ PARA ALGUNS!
Não
obstante o sucesso da economia portuguesa que permitiu sairmos do “lixo” na
classificação das agências de notação financeira, o ano de 2017 foi marcado,
muito infelizmente, por demasiados acontecimentos, se não fossem tão dramáticos
remeter-nos-iam para a comédia menos qualificada. Tipo opera bufa. Conhecem?
Ora, o primeiro
ministro de Portugal ao afirmar que” o ano em curso foi saboroso”, demonstra
uma de duas coisas: ou é muito insensível, ou, então, estaremos na presença de
uma pessoa que vive noutra realidade. Não acredito que alguém possa ser
insensível perante acontecimentos como os incêndios de Pedrogão Grande e do dia
15 de outubro ocorridos no centro do país. Por isso, estou mais inclinado que o
primeiro-ministro viva numa realidade subtraída dos acontecimentos dramáticos.
Porém, este
excesso de otimismo já foi perfilhado no passado pelo seu homólogo e camarada
José Sócrates. Com isto não estou a sugerir que António Costa atue assim porque
quer alcançar resultados ilícitos ou ilegítimos, o que poderá estar aqui em
causa é que a realidade que António Costa acredita conduza o país para um
descalabro que não seria só financeiro, mas e sobretudo social e económico.
Se o país e as
suas instituições não se reformarem para atenderem eficazmente a catástrofes
similares às que atrás referi, teremos certamente acontecimentos e resultados
iguais àqueles que tivemos. Por isso, há uma pergunta que importa fazer:
Queremos que ocorram mais dezenas de mortes e que desapareça o património que
se esfumou, quer privado, quer público?
Na verdade, se a
resposta for não como penso que será, só há um caminho a fazer. O caminho que
galvanize o país a trabalhar no sentido de serem criadas as condições para o
investimento e com isso se faça a redistribuição da riqueza de forma justa e
equilibrada. A litoralização do país criou desequilíbrios com resultados como
aqueles que vivemos no passado recente e não podem acontecer mais.
Por conseguinte, o
contrato social que decorre da Constituição de 1976 deverá ser cumprido todos
os dias. Quando um país tem as assimetrias profundas que tem, trazem
necessariamente problemas profundos. Conclui-se, por isso, que alguém anda a
falhar e não será pouco!
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