MARIA HELENA FIGUEIREDO
ENTRE AS ELÉCTRICAS E OS PORTUGUESES, QUEM ESCOLHERÁ O PS?
Na
6ª feira passada na votação do Orçamento, o Parlamento aprovou uma proposta do
Bloco de Esquerda que se traduz na redução das rendas excessivas às Empresas de
energia e esta redução tem, de facto, um impacto na factura da luz que todos –
consumidores domésticos e empresa – pagamos.
A
proposta do Bloco de Esquerda foi aprovada apenas com o voto contra do CDS e a
abstenção do PSD.
A
necessidade de cortar as rendas excessivas pagas injustificadamente às grandes
empresas do sector da energia é uma evidencia a que nem a Troika (de má
memória) fugiu. Do memorando da Troika constava já a recomendação para que
fossem reduzidas, mas o CDS e o PSD não tocaram nos interesses das eléctricas.
A
“Contribuição Solidária para a Extinção da Dívida Tarifária do Sistema Elétrico
Nacional” agora aprovada traduz-se no corte às empresas de energia renovável de
cerca de 30% do subsidio que todos nós consumidores pagamos e terá um impacto
da ordem dos 250 milhões de euros.
Este é um corte que pode ser
de facto significativo para as famílias, porque pagar menos pela electricidade
é também uma forma de recuperar rendimento. Será seguramente muito positivo
também para as empresas, que têm na energia uma componente pesada das suas
contas.
Para
termos a dimensão do que são estas rendas, basta dizer que a EDP Renováveis
vende em Portugal 7% da energia que produz mas é cá que obtém 20 % dos lucros
que regista antes de juros e impostos.
E
se compararmos os preços da energia que pagamos com os que pagam os nossos
vizinhos espanhóis, concluímos que se pagássemos os mesmos preços que em
Espanha nós, os consumidores portugueses, pagaríamos menos 500 milhões de euros
por ano.
O
sector das energias tem sido ao longo de sucessivos governos um dos mais
favorecidos, mas de forma muito evidente o anterior governo do CDS/PSD adoptou
medidas – algumas de legalidade muito duvidosa – de favorecimento escandaloso
das grandes empresas privadas.
É
portanto essencial a revisão destes mecanismos de favorecimento e de
subsidiação excessiva – como são também as “garantia de potência” ou os CMEC –
para que se possam reduzir os custos com energia.
Por
isso foi de grande importância a aprovação da “contribuição solidária”na 6ª
feira e, por isso mesmo, maior foi ainda a perplexidade com que vimos o Partido
Socialista, poucas horas depois de ter votado favoravelmente esta medida,
apressar-se a avocar a proposta para ser de novo apreciada esta 2ª feira, em
Plenário.
É
evidente que as pressões para que nada se altere e para que todos nós
continuemos a pagar estas rendas serão grandes, mas esperemos que o Partido
Socialista seja capaz de não ceder a esses interesses privados e que entre as
rendas para as Eléctricas e o alívio da factura da luz para os portugueses, não
tenha dúvidas sobre de que lado deve estar.
Seria
por demais escandaloso se o Partido Socialista voltasse agora atrás e desse o
dito por não dito, numa obvia submissão aos interesses das Eléctricas.
Até
para a semana.
Sem comentários:
Enviar um comentário