EDUARDO LUCIANO
O NÍVEL MAIS BAIXO
Esta
poderia ser uma crónica de análise de resultados eleitorais. Poderia ser também
uma crónica em tom ufano de quem saiu vitorioso de uma peleja eleitoral. Também
seria admissível que fosse uma espécie de ajuste de contas.
Não
será nada disso. É apenas um olhar muito pessoal para o que aconteceu durante a
campanha e pré campanha eleitoral.
De
todas as campanhas eleitorais em que participei, esta foi aquela em que onde a
atitude de alguns foi mais ao fundo do pior que um ser humano pode ter.
Dirão
que tal se deve à possibilidade de tornar público por qualquer pessoa, para um
universo imenso de espectadores, de tudo o que se passa entre as suas orelhas.
Não desvalorizando que essa possibilidade torna mais visível a indigência
intelectual de uns e a ausência de carácter de outros, não se deve seguramente
à visibilidade das redes sociais a capacidade de alguns de julgarem os seus
dissemelhantes pelas bitolas do seu comportamento e até diria do seu pensamento
se achasse que pensam.
Valeu
tudo. Desde a criação de perfis falsos para difamar e injuriar, até à
utilização de publicidade paga como propaganda eleitoral.
Desde
criar situações de falso alarme para provocar um suposto facto de insegurança,
até à violação do direito à imagem com gravações vídeo não autorizadas de
pessoas e bens.
A
propagação da mentira através da estratégia cobarde de divulgar sem dar a cara,
ou a deselegância do insulto em forma de título de crónica, são apenas exemplos
de uma forma insidiosa de agir que marcou esta campanha eleitoral.
Durante
algum tempo fui alvo pessoal dessa forma de agir e senti na pele o que valiam e
como eram desprezíveis os agentes de tal estratégia.
Apesar
de incomodado entendi não reagir. Sabia que mais tarde ou mais cedo se
cansariam e eu acabaria por me poupar ao desgaste de uma luta que não valeria a
pena.
Recebi
inúmeras mensagens de solidariedade de gente que não sendo apoiante da força
política que me candidatou, percebia que a dignidade e o direito ao bom nome
não podiam ser beliscados quando o que estava em causa eram opções políticas
diferentes.
Bem
sei que alguns me diziam uma coisa em privado e manifestavam simpatia pública
pelas atoardas que iam sendo escritas, mas entendi isso como um dever de
mostrar publicamente o contrário do que pensavam, apenas por mera oportunismo
clientelar.
Não
há ajuste de contas a fazer, mas há uma consciência maior de quem são e o que
pensam algumas pessoas que sorriem para mim, quando nos cruzamos na rua ou nos
corredores da Câmara.
Também
tive a grata oportunidade de conhecer pessoas que estando nos antípodas do que
penso, foram de uma elevação e honestidade intelectual a toda a prova, antes,
durante e depois do período eleitoral, não deixando de criticar e de propor
soluções alternativas.
A
minha prima Zulmira, aconselha-me a que esqueça esses episódios e que ofereça a
outra face a quem nesta bateu. Desta vez, lamento dizê-lo, não vou seguir o seu
conselho. Quer relativamente aos que o fizeram perante o mundo através das
redes sociais, quer aqueles que o fizeram à mesa de um qualquer repasto para
convencimento de alguma incauta.
Palavra
de Jeremias, o fora-da-lei!
Até
para a semana e desculpem lá o desabafo

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