A JIGAJOGA dos Donaldos Trump
I.
Dado que estamos em campanha eleitoral autárquica, em
ambiente livre e desinibidor e sem os limites de ameaças avulsas, cabe, hoje,
deixar aqui umas tantas reflexões sobre o momento eleitoral que vai seguir-se.
O título escolhido invoca, claro está, “o grande actor
político americano” que acaba de proclamar que é capaz de ordenar “a destruição
total de um país de 25 milhões de habitantes”. Isto como se, ao lado desse país,
não existisse outro com o mesmo nome e as duas Coreias não fossem uma só nação.
Artificialmente dividida desde a guerra dos anos 50 e da longa guerra fria
envolvendo três superpotências naquela área do Pacífico.
Visto assim, pode dizer-se que Donald Trump é um líder
perigoso, inconsistente e errático com demasiado poder e bastante irresponsável
naquilo que vai dizendo. Hoje diz uma coisa para amanhã afirmar o contrário.
Cabeludo e anafado, ameaça e exclui quem não concorda com ele.
[Quanto ao «Kim- coreano» é um ovni saído de uma
monarquia comunista que, à falta de melhor, anda a aprender a rir-se – embora
de uma forma trágica - de si próprio e da elite miliar que continua a dar-lhe o
pasto].
E, no meio disto, percebe-se que mais uma guerra de
onde viesse a sair vencedor é, como será, um dos objectivos que persegue para
tornar o poder mundial da América ainda maior do que já é.
Entretanto, metade da equipa que levou consigo para a
governação já se demitiu ou foi demitida. Ou nem sequer já acredita no que dele
vê e ouve.
O pior disto é que estão a aparecer mais Trump
(s) em
diversas escalas e nos mais diversos e inesperados lugares. É uma
questão de “guerreira oportunidade”, tanto mais provável quanto maior é “anarquia
madura” vigente nas relações internas, locais e internacionais. Com ou sem ONU.
2.
Se isto se passa assim a nível global, pode dizer-se
que, a outros níveis, é também o que vai acontecendo a olho nu. Pode assim
concluir-se que as dominantes nestas eleições autárquicas, em termos muitos
resumidos, não andarão longe dos seguintes desatinos e desconexões funcionais:
- um excesso de
“retórica pessoalista” e triunfalista que cansa, usa e anda a manipular sem decoro os votantes;
- programas eleitorais longos, oportunistas, pouco
claros e repetitivos;
- um novo “Caciquismo local” autocentrado e furtivo
que já se julgava um tanto ultrapassado e que voltou agora em força em muitas
autarquias do país; tanto do Norte como deste nosso Sul;
- uma evidente
impreparação politica de certos candidatos que faz com que muito facilmente
deslizem para as rivalidades pessoais, para o vazio das propostas eleitorais e
para os ataques pessoais permanentes;
- incapacidade
para assumir ( escondendo-os com várias cortinas de fumo ) os erros graves do
seu passado e dos mandatos recentes;
- uma clara e prévia predisposição para se
reproduzirem em cargos do poder autárquico dando, com descarado
despudor, a ideia que são os melhores e únicos sem cuidarem de o provar; ou de
perceberem as causas principais das suas próprias e anteriores derrotas;
- uma apropriação
leviana e indevida do passado dos próprios partidos, banalisando e desprestigiando o seu papel histórico e
democrático, à esquerda e à direita, nas disputas legítimas pelo exercício do
poder politico;
- uma corrida,
em tudo excessiva, aos órgãos de comunicação social e às redes sociais que
acaba por alienar as partes boas do dialogo e da comunicação politica que as
eleições deviam manter. Longas entrevistas que, quase sempre, acabam como
começaram… com autoelogios e distanciamento das realidades sociais envolventes;
- e, por fim,
também somos da opinião que assim “não há equipas que resistam”; assim como,
qualquer candidato, decorrido o período inicial do mandato começa,
imediatamente, a reformar-se correndo para a sua próxima reeleição. Muitas vezes
para resolver apenas problemas de falta de inserção e de continuidade nas suas
qualificações profissionais. Ou de outras e actualizadas competências.
Isto quando se
conhece que, em Portugal, apenas cerca de um terço ou um pouco mais das
promessas eleitorais são efectivamente cumpridas.
Terminamos
pois com o desejo ( e o voto ) que este quadro e cenário politico, não venha a
repetir-se numa autarquia que anda, desde os anos 2000, a ensaiar os mesmos
candidatos e a gerar o mesmo tipo de confrontos pessoais. E ainda, a mesma
ausência de um novo tipo decisor de desenvolvimento e crescimento “ a sério”
aos seus mais diversos níveis.
Viáveis e
Inovadores, se possível!
Porque, se é verdade que as Vilas e aldeias do
Concelho têm um passado que as dignifica, não é menos verdade que temos agora
de ter face às exigências do presente, uma aberta e participativa visão do
futuro.
Exigente, concreta e capaz de servir as populações
enquanto razão de ser essencial, a primeira e a ultima, da próxima votação, em
Outubro .
Saudações
democráticas
António
Neves Berbem
( 22/9/
2017)
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