sexta-feira, 7 de julho de 2017

CRONICAS DE OPINIÃO TRANSMITIDAS NA DIANA/FM (06/07 e 07/07 - 17)


EDUARDO LUCIANO
                        A Visão dos outros
Tal como em 2016, após o final do mercado de música ibero-americano começámos a receber crónicas e artigos sobre Évora, publicados nas mais diversos jornais e revistas de sítios tão diferentes como o País Basco ou a Eslovénia.
Se se derem ao trabalho de os ler irão entender o verdadeiro fascínio que a nossa cidade exerce sobre quem passa aqui quatro dias a trabalhar.
São dezenas de testemunhos que têm o condão de nos mostrar Évora como ela é e não como alguns a querem caricaturar.
Todos os testemunhos referem uma cidade viva, segura, que os surpreendeu em todos os aspectos e onde querem que se repita este encontro de culturas do mundo ibero-americano no próximo ano.
Vou dar voz a um jornalista basco, Roberto Moso, da rádio Euskadi, que escreveu, em forma de conto, uma crónica sobre a cidade e a sua vivência.
“Era uma vez um formoso lugar repleto de casas brancas com vermelhos telhados. Pelas suas estreitas ruas empedradas acedia-se a amplas e elegantes praças carregadas de história. Nelas podíamos encontrar tanto igrejas medievais como construções romanas.
Aquele lugar, situado no sul de Portugal, era o Alentejo e Évora a sua capital. Naquele espaço singular podia ver-se turistas, sim, mas não era um desses sítios inundados pelo turismo.(…)
(…) Pela tarde era o momento das calmas e tranquilas actuações na Praça do Giraldo. Ao anoitecer chegava o turno dos artistas convidados, shows incríveis em pátios e lugares que pareciam decorados para um filme da Belle Epoque. (…)
(…) Qualquer canto era bom para armar uma Jam sem necessidade de encontro marcado e sem hora para terminar… conversações musicais num clima participativo onde músicos e espontâneos criavam melodias incríveis.
O promotor coreano, o jornalista londrino, a directora de museu, mexicana, e o vereador de cultura do concelho fundiam-se com a música para logo segui-la com palmas para dançar ou para desafiar a noite com manifestações de prazer.
Ao amanhecer, quando o galo cantava, cada um voltava ao seu lugar. Entre olheiras e catarro matinal voltavam as apresentações, as masterclasses, as assinaturas de contratos.”
Foi isto que o jornalista basco e muita gente viu e sentiu na sua passagem por Évora e pelo Alentejo. Alguns não viram porque estavam à procura da frase de terrorismo económico com que iriam começar a pré-campanha eleitoral. Outros não viram porque olham para a cidade como se ela fosse a mesma que Vergílio Ferreira descreve na Aparição, demasiado mergulhados na sua própria bílis e zangados com tudo o que é diferente.
Aproximam-se momentos emocionantes para as próximas noites de Verão. Saiam de casa, desliguem o computador, tirem os óculos com lentes cinzentas e vivam.
Podem começar por ir à opera no próximo sábado. É grátis, é na rua, não exige indumentária especial e é sobre o amor, esse estranho fenómeno que nos faz respirar saúde.
Até para a semana

RUI MENDES
                                                 DISPERSAR RECURSOS
O jornal Público noticiou esta semana, na sua edição do dia 5, que os “tribunais reabertos nem dois julgamentos por mês fizeram. Em média, cada tribunal reaberto fez menos de dois julgamentos por mês. São 191 julgamentos em seis meses, distribuídos por 20 tribunais.” Claro que cada um destes tribunais terá a sua própria razão de existência.  Ainda assim, esta terá sido uma das medidas tomadas pelo actual
Governo apenas com o objectivo de contrariar a medida que havia sido tomada no sentido do encerramento de alguns tribunais. Temos bem presente que muitas das decisões tomadas pelo Governo resultam do Acordo estabelecido com partidos de esquerda, de forma  a possibilitar apoio parlamentar a este Governo, e da necessidade de satisfazer, entre outros, motivos de índole ideológica ou interesses políticos locais.
Com o passar do tempo teremos condições para avaliar o impacto das medidas entretanto tomadas pelo Governo. E avaliar o seu custo benefício. E avaliar também a sua necessidade.
Tudo a seu tempo.
O que estes territórios do interior necessitam é dos serviços que as populações carecem, e que necessitam recorrer com frequência, e de possuírem sectores da economia que sejam geradores de riqueza e que
criem empregos.
O que não é justificável não é necessário.
O que os territórios do interior necessitam é de políticas públicas que promovam os territórios e que fixem pessoas.
E para o Alentejo é algo absolutamente necessário, porquanto é uma região com uma perda acentuada de população.
Bem sabemos que não é fácil inverter tendências que vêm sendo verificadas ano após ano.
Contudo, acertar políticas é precisamente fazer com que elas tenham o efeito esperado.
Cada um de nós poderá fazer a sua própria leitura sobre a existência nos diferentes territórios de um tribunal, mas dificilmente se conseguirá justificar essa necessidade em alguns territórios.
Gerir a coisa pública é não desperdiçar recursos, e a dispersão de recursos não será certamente a melhor forma de aproveitar os meios existentes.
Até parece que temos recursos a mais.
Até para a semana.



AAA VISÃO DOS OUTROS


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