Homenagem
do Al Tejo a Domingos Maria Peças
EU, DANIEL BLAKE (I, Daniel Blake), de Ken Loach
I, DANIEL BLAKE
(Eu, Daniel Blake)
Mais uma
belíssima e importante obra porque fala dos tempos que atravessamos, do grande
cineasta inglês Ken Loach.
É em Newcastle
que assistimos à tragédia de mais um trabalhador doente e desempregado, que as
teias do sistema capitalista, que como bem sabemos só favorece o capital,
prende e arrasta até ao limite.
Sob a capa de
um simulacro de serviço social assistimos ao calvário de um homem cujo apoio,
que deveria ser obrigatório numa sociedade justa (mas isso claro só no
socialismo), é negado.
Nessa
trajectória encontra outros seres humanos em idêntica situação a quem procura
ajudar.
O filme também
mostra algo extremamento doloroso de ver, mas bem real, como sabemos por
experiência própria no nosso País, que é como o sistema capitalista se serve de
alguns miseráveis a quem explora para oprimir os outros trabalhadores.
Interpretações
brilhantes de Dave Johns, como Dan, e da jovem actriz Hayley Squires, como
Katie, a jovem mãe que, encostada à parede, vê na prostituição o último
recurso para salvar os dois filhos da fome.
Retrato
doloroso do Reino Unido Século XXI (United Kingdom), mas que é também o duma
Europa capitalista, situação que está a abrir caminho de novo, como nos anos 30
e 40 do século passado, a um populismo, racista e xenófobo, que em geral conduz
ao fascismo como forma última que o capital tem de tentar controlar e esmagar
as massas trabalhadoras.
Lembrar ainda
que o primeiro filme que vimos deste grande cineasta foi o famoso KES (Os Dois
Indomáveis), de 1969, passado na região mineira do Yorkshire, uma vez mais numa
misérrima situação social de então a servir de pano de fundo à história de um
miúdo e do seu falcão, Kes. Belíssima obra que logo nos alertou, mesmo que a
contra-corrente, para a existência de um novo grande realizador.
Não há muito
vimos entre as suas últimas obras, o extraordinário documentário, "O
Espírito de 45" (Spirit of '45), sobre a trajectória do seu país, entre e
após as duas grandes guerras mundiais, mostrando com bastante clareza como se
processou a recuperação económica pelas mãos de uma política de esquerda no pós
segunda Grande Guerra, após a derrota eleitoral do político de direita,
Churchill e de como o retorno da política de direita, através do dito
neo-liberalismo, da inominável e fascizante Margaret Thatcher, veio nos anos 80
destruir os direitos sociais do povo britânico e entregar de novo o poder ao
grande capital, envolvendo o país em novas guerras - Malvinas, invasão e destruição
da Jugoslávia para controlo dos Balcãs, Afeganistão, Médio Oriente, etc, etc,
num prenúncio de um 3º conflito à escala mundial, em que o imperialismo nazi é
substituído pelo norte-americano, mas sempre com o grande capital por trás a
comandar.
NÃO
PERCAM!
E não liguem à subtil
desvalorização que é feita à obra e ao seu autor pela maioria da crítica de
cinema dominante, aliás paga pelo grande capital..
Egas Branco
1 comentário:
este Egas Branco chama os bois pelos nomes
e eu subscrevo
Enviar um comentário