sexta-feira, 16 de junho de 2017

CRONICA DE CINEMA - Egas Branco

          Homenagem do Al Tejo a Domingos Maria Peças
                 EU, DANIEL BLAKE (I, Daniel Blake), de Ken Loach
                                I, DANIEL BLAKE (Eu, Daniel Blake) 
Mais uma belíssima e importante obra porque fala dos tempos que atravessamos, do grande cineasta inglês Ken Loach.
É em Newcastle que assistimos à tragédia de mais um trabalhador doente e desempregado, que as teias do sistema capitalista, que como bem sabemos só favorece o capital, prende e arrasta até ao limite. 
Sob a capa de um simulacro de serviço social assistimos ao calvário de um homem cujo apoio, que deveria ser obrigatório numa sociedade justa (mas isso claro só no socialismo), é negado.
Nessa trajectória encontra outros seres humanos em idêntica situação a quem procura ajudar.
O filme também mostra algo extremamento doloroso de ver, mas bem real, como sabemos por experiência própria no nosso País, que é como o sistema capitalista se serve de alguns miseráveis a  quem explora para oprimir os outros trabalhadores.
Interpretações brilhantes de Dave Johns, como Dan, e da jovem actriz Hayley Squires, como Katie,  a jovem mãe que, encostada à parede, vê na prostituição o último recurso para salvar os dois filhos da fome. 
Retrato doloroso do Reino Unido Século XXI (United Kingdom), mas que é também o duma Europa capitalista, situação que está a abrir caminho de novo, como nos anos 30 e 40 do século passado, a um populismo, racista e xenófobo, que em geral conduz ao fascismo como forma última que o capital tem de tentar controlar e esmagar as massas trabalhadoras.

Lembrar ainda que o primeiro filme que vimos deste grande cineasta foi o famoso KES (Os Dois Indomáveis), de 1969, passado na região mineira do Yorkshire, uma vez mais numa misérrima situação social de então a servir de pano de fundo à história de um miúdo e do seu falcão, Kes. Belíssima obra que logo nos alertou, mesmo que a contra-corrente, para a existência de um novo grande realizador. 
Não há muito vimos entre as suas últimas obras, o extraordinário documentário, "O Espírito de 45" (Spirit of '45), sobre a trajectória do seu país, entre e após as duas grandes guerras mundiais, mostrando com bastante clareza como se processou a recuperação económica pelas mãos de uma política de esquerda no pós segunda Grande Guerra, após a derrota eleitoral do político de direita, Churchill e de como o retorno da política de direita, através do dito neo-liberalismo, da inominável e fascizante Margaret Thatcher, veio nos anos 80 destruir os direitos sociais do povo britânico e entregar de novo o poder ao grande capital, envolvendo o país em novas guerras - Malvinas, invasão e destruição da Jugoslávia para controlo dos Balcãs, Afeganistão, Médio Oriente, etc, etc, num prenúncio de um 3º conflito à escala mundial, em que o imperialismo nazi é substituído pelo norte-americano, mas sempre com o grande capital por trás a comandar.
 NÃO PERCAM! 
E não liguem à subtil desvalorização que é feita à obra e ao seu autor pela maioria da crítica de cinema dominante, aliás paga pelo grande capital..
Egas Branco

1 comentário:

Anónimo disse...

este Egas Branco chama os bois pelos nomes
e eu subscrevo