RUI MENDES
ELEIÇÕES NO REINO
UNIDO
Realizaram-se
ontem as eleições parlamentares no Reino Unido.
Eleições que foram marcadas, numa altura em que a
expectativa do voto nos conservadores era claramente maioritária, e que teve
dois sentidos:
O primeiro, o de reforçar o grupo parlamentar dos
conservadores, aumentando os 331 deputados, algo que parecia ser fácil de
atingir há três meses atrás.
O segundo, para dar legitimidade política a Theresa
May, a qual é designada no cargo de primeira-ministra em resultado da demissão
de David Cameron, em consequência da votação do Brexit.
Theresa May foi sempre referindo que estas eleições
seriam para dar força ao governo nas negociações que se avizinham para a saída
do Reino Unido da Comunidade Europeia, algo que o eleitorado não terá acolhido,
até porque os tories tinham a maioria dos deputados, pelo que não seria certamente
pela falta de apoio parlamentar que as negociações com a Comunidade Europeia
estariam enfraquecidas.
Mas veremos como será constituída a base parlamentar
do governo.
E não deixará de ser curioso que, quer uma parte
substancial do partido conservador, quer os liberais, não sendo favoráveis ao
Brexit, poderá ser a base politica que, muito provavelmente, terá que assumir
as negociações do Brexit. Algo que não deixa de ser estranho.
Espera-se que os conservadores tenham aprendido com
estas duas últimas eleições. Ao provocá-las, por razões de estratégica
politica, os eleitores responderam com um resultado inicialmente não esperado.
As eleições não têm resultados previamente
estabelecidos, não servem para validar estratégias pessoais, e os eleitores não
se deixam influenciar quando se pretende utilizá-los para lhes definir
previamente o sentido de voto.
Theresa May não conseguiu nenhum dos seus objectivos.
Não conseguiu reforçar o grupo parlamentar do seu
partido, perdendo a maioria parlamentar. E a sua legitimidade enquanto
primeira-ministra também não ficou fortalecida, ficou muito mais fragilizada.
A estabilidade política do Reino Unido ficou incerta,
precisamente o contrário do que se pretendia com estas eleições.
Com a necessidade de negociar a saída da Comunidade
Europeia estas eleições vieram criar problemas que não se previam, e que
poderão reduzir o foco e a capacidade do Reino Unido no processo que se
aproxima.
E não nos esqueçamos que o Reino Unido tem uma
especial importância para Portugal, não só por ser o nosso aliado histórico,
mas porque existem importantes comunidades de portugueses a viverem e
trabalharem no Reino Unido, e de comunidades, especialmente ingleses, a viverem
em Portugal, pelo que todo este processo não nos será indiferente e as consequências
do Brexit também não o serão.
Até para a semana
Rui Mendes

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