OS FALSOS
DESCENTRALIZADORES
Esta
crónica surge na sequência da relocalização da Agência Europeia de
Medicamentos, a qual irá sair do Reino Unido devido ao Brexit.
Em Portugal já se encontram sediadas duas agências
europeias: a Agência Europeia da Segurança Marítima e o Observatório Europeu da
Droga e da Toxicodependência, ambas com a sua sede em Lisboa.
Por não ser a razão desta crónica não iremos neste
espaço comentar a decisão de candidatar Portugal para acolher mais uma Agência.
Contudo, os argumentos utilizados na candidatura para
a defesa da localização em Lisboa mostram, desde logo, uma determinação
centralizadora que não deixa de nos preocupar.
Lisboa, desde logo por ser a capital do país, reunirá
um conjunto de condições, desde a sua localização geográfica, à capacidade
hoteleira, à rede de transportes, às infra-estruturas, por nela estarem
sediadas um importante conjunto de organismos e universidades, que a colocam
com o perfil de cidade europeia e internacional, e que lhe dão forte
competitividade, inclusive em sede de candidatura para a nova sede da Agência
Europeia de Medicamentos.
Este tipo de argumentação será válido para este caso e
para tantos outros. Parece que em Portugal não existem mais opções senão Lisboa
e, em alternativa, o Porto. Todo o restante território caiu em esquecimento,
parece não existir.
Aliás, existe no discurso político, porque nesse
contexto é algo que é bem recebido.
O país terá certamente tantas outras soluções válidas
e consistentes que poderiam ter dado corpo a uma candidatura desta natureza, e
com um impacto na valorização do território bem maior do que ficando a Agência
em Lisboa, e permitindo que territórios fora das áreas metropolitanas possam
ganhar maior competitividade territorial, criando-se um país com maiores
equilíbrios.
A visão do território deve ser global, e não se consegue
entende aqueles que sistematicamente persistem em agravar as diferenças, seja
de uma forma deliberada ou não.
Mas o que mais preocupa é que este é apenas um
episódio de um filme que vamos continuar a assistir, porque a prática é
centralizadora, ainda que o discurso possa não o ser.
Até para a semana
Rui Mendes
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