BASTA!
O
incêndio de Pedrogão Grande traz-me à memória outros acontecimentos que
marcaram dramaticamente a nossa memória coletiva, como são os exemplos do
desastre ferroviário de Moimenta – Alcafache, o incêndio do chiado, as chuvadas
e o grande incêndio ocorridos na Madeira. Recuso-me, porém, a individualizar as
causas porque isso é matéria para os especialistas, mas há uma consequência que
não quero omitir que, são naturalmente, as famílias enlutadas e que aqui deixo
o meu sentido pesar.
Nos pós-desastres
assistimos ao acostumado correpio dos representantes das variadíssimas
entidades, públicas e privadas junto dos órgãos de comunicação-social. A maior
parte destes protagonistas refugia-se nas causas naturais para explicar a
origem das catástrofes. Porém, nem todos andamos distraídos…
Talvez, por isso, é
que nenhum alvitra a mais ténue possibilidade de assunção de culpa no sentido
jurídico do conceito. Afirmam que fizeram tudo aquilo, que, estavam obrigados,
a fazer. Mas, então, as coisas são como são… Os mesmos lamentam as mortes e
afirmam que tudo estava organizado para prevenir o desastre, só que
acontecimentos absolutamente imprevistos fintaram tudo e todos.
Ora, fica no ar a
ideia de que a “ mãe natureza” por vezes é muito ingrata com os nossos
responsáveis, políticos e não políticos. Porque nos países do sul da europa,
com climas idênticos ao nosso, no caso dos incêndios florestais,
comparativamente o número de ignições é muito inferior. Há, todavia, uma
pergunta que dever-se-á colocar: Será que nesses países existem politicas de
ordenamento do território que defendem melhor a área de floresta e,
consequentemente, as pessoas e os respetivos territórios? Deixo a resposta para
quem esteja obrigado a respondê-la.
Isto dito, na minha
modesta opinião, a catástrofe de Pedrogão Grande terá que ser avaliada de forma
objetiva e independente. E, para futuro, pelo menos, deverão ser criados
mecanismos que obstaculizem, porque são factos, não são opiniões, a existência
de floresta junto das estradas e das casas. É, pois, absolutamente, inaceitável
que se permita que pessoas vivam, lado a lado, de verdadeiros “arsenais de
guerra”. Como, também, deverão ser criados meios de sensibilização das
comunidades, através das câmaras municipais e das juntas de freguesia, no
sentido de que os alertas meteorológicos sejam integralmente respeitados. Se o
alerta é vermelho, é para ficarem em casa. Porque se o risco é elevado, não
deverá ser aumentando por atitudes pouco pensadas.
José Policarpo
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