quarta-feira, 21 de junho de 2017

A CRONICA DE OPINIÃO TRANSMITIDA HOJE NA DIANA/FM É DE JOSÉ POLICARPO

                                                     BASTA!
O incêndio de Pedrogão Grande traz-me à memória outros acontecimentos que marcaram dramaticamente a nossa memória coletiva, como são os exemplos do desastre ferroviário de Moimenta – Alcafache, o incêndio do chiado, as chuvadas e o grande incêndio ocorridos na Madeira. Recuso-me, porém, a individualizar as causas porque isso é matéria para os especialistas, mas há uma consequência que não quero omitir que, são naturalmente, as famílias enlutadas e que aqui deixo o meu sentido pesar.
Nos pós-desastres assistimos ao acostumado correpio dos representantes das variadíssimas entidades, públicas e privadas junto dos órgãos de comunicação-social. A maior parte destes protagonistas refugia-se nas causas naturais para explicar a origem das catástrofes. Porém, nem todos andamos distraídos…
Talvez, por isso, é que nenhum alvitra a mais ténue possibilidade de assunção de culpa no sentido jurídico do conceito. Afirmam que fizeram tudo aquilo, que, estavam obrigados, a fazer. Mas, então, as coisas são como são… Os mesmos lamentam as mortes e afirmam que tudo estava organizado para prevenir o desastre, só que acontecimentos absolutamente imprevistos fintaram tudo e todos.
Ora, fica no ar a ideia de que a “ mãe natureza” por vezes é muito ingrata com os nossos responsáveis, políticos e não políticos. Porque nos países do sul da europa, com climas idênticos ao nosso, no caso dos incêndios florestais, comparativamente o número de ignições é muito inferior. Há, todavia, uma pergunta que dever-se-á colocar: Será que nesses países existem politicas de ordenamento do território que defendem melhor a área de floresta e, consequentemente, as pessoas e os respetivos territórios? Deixo a resposta para quem esteja obrigado a respondê-la.
Isto dito, na minha modesta opinião, a catástrofe de Pedrogão Grande terá que ser avaliada de forma objetiva e independente. E, para futuro, pelo menos, deverão ser criados mecanismos que obstaculizem, porque são factos, não são opiniões, a existência de floresta junto das estradas e das casas. É, pois, absolutamente, inaceitável que se permita que pessoas vivam, lado a lado, de verdadeiros “arsenais de guerra”. Como, também, deverão ser criados meios de sensibilização das comunidades, através das câmaras municipais e das juntas de freguesia, no sentido de que os alertas meteorológicos sejam integralmente respeitados. Se o alerta é vermelho, é para ficarem em casa. Porque se o risco é elevado, não deverá ser aumentando por atitudes pouco pensadas.

José Policarpo

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