segunda-feira, 8 de maio de 2017

A CRONICA DE OPINIÃO DE HOJE TRANSMITIDA NA DIANA/FM

                                           ALMARAZ: UM PERIGO À NOSSA PORTA
A central nuclear de Almaraz, no Estado Espanhol, é a central nuclear mais próxima de Portugal. Situa-se a apenas uma centena de quilómetros da fronteira. Os dois reatores nucleares entraram em funcionamento em 1981 e 1983, sendo dos mais envelhecidos do Estado Espanhol, o que levanta preocupações, agravadas pelos sucessivos incidentes registados.
Em maio de 2015, era noticiado o desleixo na vigilância contra incêndios na central nuclear. Pouco depois, no verão, a Greenpeace divulgava um estudo europeu sobre a aplicação dos mínimos de segurança estabelecidos depois do acidente de Fukushima, no Japão, em 2011. Para a organização, “Almaraz não é segura e não se deveria permitir a manutenção da sua atividade”.
Em 2016, cinco inspetores do Conselho de Segurança Nuclear do Estado Espanhol vieram a público quebrar o silêncio. Depois da última vistoria à central nuclear, motivada por repetidas avarias nos motores das bombas de água, ficou claro que o sistema de refrigeração não dá garantias suficientes e que, dizem os técnicos, coloca sério risco de segurança.
Almaraz é apresentada pela Greenpeace como um caso extremo. A central não cumpre pontos essenciais: não tem válvulas de segurança e sistemas de ventilação filtrada para prevenir uma explosão de hidrogénio como a que ocorreu em Fukushima; não tem dispositivo eficaz para contenção da radioatividade em caso de acidente grave; não tem avaliação de riscos naturais; não está sequer prevista a implantação de um escape alternativo para calor. Depois do relato dos inspetores, já se registou em fevereiro nova avaria e um incêndio;
Se houver algum acidente ou derrame em Almaraz, Portugal incorre numa enorme ameaça. O rio que refrigera a central é o Rio Tejo que, em caso de derrame, arrastaria o material radioativo para Portugal, que se espalharia pelos lençóis freáticos. Rio cuja bacia hidrográfica abrange 8 distritos portugueses, entre os quais o de Évora. Por outro lado, se houvesse uma explosão na central, a radiação seria libertada para a atmosfera e, como os ventos predominantes são na direção de Espanha para Portugal, o nosso território também seria muito afetado;
Recentemente, o Conselho de Segurança Nuclear do Estado Espanhol deu parecer favorável ao pedido de construção de um Armazém Temporário Individualizado na central nuclear de Almaraz.
Tivemos conhecimento há duas semanas, do parecer favorável dado pelo grupo de trabalho formado pelo Governo e liderado pela APA que indica que o armazém constitui-se como uma “solução adequada”. Parecer que esquece a questão central: o armazém temporário individualizado (ATI) só se justifica para prolongar a vida de Almaraz para além de 2020. Infelizmente, o parecer apresentado não estabelece a relação evidente entre o ATI e o funcionamento da central nuclear de Almaraz. Tal parecer é vergonhoso, porque constitui a única pronúncia oficial do Estado Português, pronúncia essa que se baseou em estudos espanhóis, nos quais foi impedido de se envolver pelas autoridades espanholas.
É urgente que as populações se mobilizem pelo encerramento da Central Nuclear de Almaraz, um perigo iminente e uma catástrofe à espera de acontecer.
Até para a semana.
Bruno Martins


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