quinta-feira, 27 de abril de 2017

DIREITO À OPINIÃO - Por A.N.B.

                                                  Musica  Jazz  no  Alto da Praça
i)                   Não vamos estar a repisar os elogios que estão já feitos no Al tejo, à actuação do Zé Carvalho na noite de segunda-feira, 25 de Abril. Concordamos inteiramente com eles embora ainda nos apeteça acrescentar mais qualquer coisa.

O Zé Carvalho, soube interagir com os músicos que o acompanharam, com a assistência, com o Alandroal, com a memória do 25 de Abril. E, sobretudo, soube estar à altura dos exemplos musicais fecundos do Zeca Afonso e de Ari dos Santos. Dois compositores que marcaram tanto a música de intervenção portuguesa quanto se deram, eles próprios, aos ideais por si anunciados de uma revolução social que viria a acontecer “num dia inteiro e único de 1974”.    
O enlevo musical que aconteceu na Praça em cenário adequado e propício, acabou como devem acabar estes momentos especiais que vão marcando a vida da nossa terra-povo: num sussurro cantado e partilhado por todos quantos estavam a assistir ao espectáculo do Zé Carvalho. E pronto, todos partimos dali mais uma vez reconciliados com a memória do 25 de Abril. Uma revolução que se tornou parte da História mundo na década de 70.
ii)                 Como não somos críticos musicais, estamos soltos para acrescentar que o Zé Carvalho, na noite de 2ª Feira, se apresentou em plena maturidade do seu percurso musical. A voz é segura, o caminho musical que escolheu e assumiu interpretar tem a acompanhá-lo uma convincente marca jazzística.

Cada canção com poemas simples do cancioneiro de Zeca Afonso que alinhou e cantou acabaram sempre “com um toque de jazz” que mais pareciam ser uma coisa do cantor estar a querer brincar consigo próprio. Com a sua e a nossa infância, com os seus e os nossos ideais. Com as suas e as nossas ilusões. Tão musicais, como bucólicas. Tão sensuais quanto apelativas de amores puros e sadios. Ingénuos, alegres, esperançosos, à procura “do homem novo”.
Ou, se assim ainda o entenderem, à procura de um país novo. Porque se esse país novo naquela madrugada luminosa esteve e continua à espera de existir, também temos de dizer que é a musica que expressa isso de uma forma mais abrangente.
Tanto o expressa num passado de certas lutas como também nos transporta para o futuro ao virar de cada esquina do tempo. Com mais igualdade. Com mais solidariedade. Com mais liberdade e menos medos.    
Isto perante uma banda musical que o acompanhou, se calhar de uma forma mais inspirada do que é costume, mostrando também ser músicos de grande qualidade e cumplicidade com o cantor e o modo de tornar ali a semear poemas e canções.
Dizer isto, é celebrar o facto do 25 de Abril estar vivo! E de estarmos vivos e guiados pela sua musica sem a qual a vida em sociedade teria sido mais violenta e será mais complicada. Se é que não está a ser cada vez menos lúdica e poética.

Vivam e cada vez mais os poetas e músicos como o alandroalense Zé Carvalho nos silêncios criativos dos montes e lá para as suas casas novas de mares. 
iii)               Por fim, vamos ainda referir que feita a chamada pelo Zé Carvalho, actuaram também o jovem músico do Alandroal, José Leitão e o grupo dos Cantadores dos Reis. 
Do primeiro, pressente-se já que anda a construir o seu talento em cada momento musical em que intervém. Sabe-se que tem veia musical e arte interpretativa na ponta dos dedos. 
Dos segundos, ficámos com a impressão que estão numa curva apertada da sua existência e papel musical numa terra de músicos e de bons cantadores.
Haverá por ali falta de sangue novo. Haverá por ali uma qualquer falta de empenho e ensaios antes das actuações.  Digo isto sem esquecer que tenho no grupo amigos de infância e com a convicção que têm feito o seu trabalho de divulgação musical do Alandroal.
Dizemos isto porque como todos sabem o que foi ou aparece como novo, depressa se faz velho se não for cultivado. Porque acarinhado sempre tem sido.
Resta-nos deixar directamente ao Zé Carvalho uma sugestão para Setembro. Pôr o jazz na festa. Ou espalhado numa qualquer rua da Vila. Seria (se esta ideia fosse aceite) criar uma inovação em que todos os Mile Davis da vila e desta região iriam, por certo, reparar e aderir. O futuro não se constrói só com batidas lentas.
Saudações Democráticas
  Antonio Neves Berbem
    ( 26 de Abril de 2017)

10 comentários:

Anónimo disse...

Foi sem sombra de dúvida o melhor espectáculo musical que vi no Alandroal, não entendo nada de estilos de musica, sei apenas o que gosto, ou não gosto de ouvir, o importante é que a música me crie emoções, me faça sentir alguma coisa e isso aconteceu, ouve momentos arrepiantes de ficar com pele de galinha. Na minha perspectiva de leiga,aconteceu boa musica, feita por bons executantes, e neste meu julgamento meramente pessoal, acho que fomos brindados naquela noite com um banho de notas musicais de grande nível, que engrandeceram a obra de Zeca Afonso e Ary.
Quando dizem que santos da terra não fazem milagres é na maioria dos casos uma verdade inquestionável, mas na noite de 24 para 25 de Abril tivemos um conterrâneo que o fez o ditado cair por terra.

Maria João

Anónimo disse...

Acho a ideia do Sr. Berbem interessante embora não me pareça que uma festa de cariz popular seja o ideal para inserir Jazz, temos a meu ver durante todo o ano outras ocasiões maia apropriadas onde nada se passa a não ser um filme.
Não sei se está recordado mas já tivemos um primeiro festival de jazz do Alandroal com espetáculos que recordo, festival que foi programado precisamente pelo Zé Carvalho.
Há por aqui uma qualquer tendência para dar continuidade ao banal, ao aparentemente fácil e comum, como se toda a gente que vive neste Concelho só gostasse de touros, fado e musica pimba, querem certos governantes locais que sejamos todos à sua imagem e semelhança. Tem se assistido a uma aposta constante na Mediocridade e foleirada e castram o que tudo com potencial, fruto da falta de visão e cultura de quem ultimamente nos tem desgovernado.
Reparei na presença de alguns estrangeiros que vivem no Concelho que nunca mais tinha visto pela vila, é caso para perguntar a quem de direito, porque será.
Foi de facto o concerto de dia 24 uma pedrada no charco, um êxito a todos os níveis que deve estar a dar insónias e urticária a muita gente. Que se tirem ilações e perceba quem de direito que é com coisas que cultivam as pessoas que se faz cultura e não com pimbalhdas que embrutecem e não dignificam o Alandroal e as suas gentes.

Paulo Catarro

Anónimo disse...

Foi de facto muito bom.
Assim vale a pena sair de casa.

Anónimo disse...

Já não ouvia o cantar o Zé à muito tempo, como o vinho do Porto com a idade e maturidade, melhora.
A ver vamos se não nos privam mais uns anos de o poder escutar, pois para além das suas raízes serem do Alandroal, ao contrario de muitos paraquedistas que por aí andam que se julgam conhecedores disto tudo, até escrevem livros sobre o Alandroal, é o Zé é um grande cantor em qualquer parte do Mundo que, pessoalmente gosto muito de escutar e sinto orgulho. É afinal filho dos meus eternos amigos, Demétrio Carvalho e da Maria Eufrásia.

Bom fim de semana a todos

Anónimo disse...

Lendo o comentário de 28 abril, 2017 10:16 com o qual concordo na integra, tenho a impressão que a maioria das pessoas que falam do Zé não tem qualquer informação ou conhecimento de quem eram os seus antepassados, não sabem de todo quem são e e eram os seus familiares e qual a sua verdadeira ligação com o Alandroal, porque se muita gente tivesse esse conhecimento pensava duas vezes antes de dizer disparates e iam dar palpites nas suas terras e não em terra alheia que não conhecem de todo.
Por aqui me fico.

Já agora, bom concerto.
Agora sim, por aqui me fico...

Anónimo disse...

De facto contra factos não há argumentos, embora haja gente com lata para tudo nesta nossa terra, até argumentar sem qualquer argumentação, apenas com intuito de denegrir.
Pelo que se vê já começaram os energúmenos a perceber que a má língua não pega, e embora ainda esbocem veneno nos cafés e esquinas da quadrilhice já neste espaço andam mais comedidos, menos afoitos como se vê pelos comentários que só dizem bem do que de facto merece ser elogiado.
Parabens amigo Zé Carvalho, anda muita gente com azia.

Anónimo disse...

Era o que faltava virem para aqui dizer mal de um acontecimento que foi maravilhoso, que bonita que estava a iluminação do edifício da Câmara, já a tinha visto iluminada mas nunca como no espetáculo deste 25 de abril.
E a música que coisa linda e muito bem executada, só se pode dizer bem.
O único senão da noite, o discurso da Sra Presidente foi demasiado político e muito longo, chato, ao estilo Fidel de Castro.Já não se usa Sra. Presidente.
É a minha opinião que vale o que vale.

Um bom domingo a todos, fiquem com Deus.

Maria Galhardas

Anónimo disse...

Bonito texto Sr. Berbem, estive presente e o que o amigo diz descreve na integra o que de grandioso ali aconteceu, ouve de facto muita energia positiva no ar, uma noite memorável que pessoalmente me vai ficar na memória.
Fala o amigo em Miles Davis, e em acontecer mais vezes JAZZ no Alandroal, concordo, bem podiam ter feito algo no dia de hoje, Dia Internacional do Jazz, ao que parece a data diz muito a outros povos, alguns de cariz comunista onde a cultura é levada a sério como se pode ver na notícia que tirei do Sapo e que aqui deixo, para informação e reflexão de quem tem que fazer acontecer cultura.

Cumprimentos
Paula Maria

A data criada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) foi assinalada pela primeira vez em 2012 para lembrar a importância do jazz e “o seu papel diplomático de unir pessoas em todos os cantos do globo”, como se lê na página oficial do Dia Internacional do Jazz.

Havana, em Cuba, é hoje a cidade anfitriã da iniciativa e, por isso, irá acolher o espetáculo All-Star Global, que irá juntar em palco mais de 50 músicos de jazz de renome internacional, entre os quais Herbie Hancock, Ivan Lins, Esperanza Spalding e Kurt Elling.

Anónimo disse...

Andam por aqui algumas pessoas que vivem num mundo diferente do que na verdade existe no Alandroal, até o Sr. Berbem de quem sou admirador da sua prosa, anda um bocado fora da realidade do que são as pessoas por aqui e em especial quem nos governa, esses sim poderiam ter um papel fundamental na educação e formação cultural das pessoas que vivem no Concelho, mas nada fazem, também por um lado não são muito culpadas, pois dar aos outros o que não se tem é complicado.
Já tivemos muitas coisa que não temos, como um festival de Jazz que embora não seja um admirador, fui ver e gostei, e agora temos outras coisas como as contas quase em dia que na altura não acontecia. O ideal era ter as contas em dia e também um festival de jazz, pode ser que o futuro ainda nos permita ter tudo a que o Alandroal e as pessoas que aqui vivem tem direito.

Não podia terminar este meu desabafo sem dar os parabéns a quem organizou o espetáculo de 24 de Abril, ao Zé Carvalho dei os parabéns no final do espetáculo, na verdade não passava à tempos pelo Alandroal um espetáculo com qualidade idêntica e pelo que se viu, as pessoas daqui também gostam de qualidade e sabem ver quando a dita existe ou não. Que venham mais coisas deste gabarito, já chega de porcarias que nos têm obrigado a consumir.

Anónimo disse...

Abril comemorado com boa música, foi bom de se ver e escutar.
Que para o ano mantenham o nível, o Alandroal precisa de acontecimentos com dignidade, façam pouco mas bom.


João Afonso