O INÍCIO DO BREXIT
Foi na passada quarta-feira, dia 29, que o Reino Unido, por um seu
representante, fez chegar ao Presidente do Conselho Europeu carta que invoca a
sua saída da União Europeia.
Trata-se de
algo que era aguardado após o resultado do referendo efectuado em 2016.
Donald Tusk,
presidente do Conselho Europeu, proferiu um primeiro comentário à formalização
da saída do Reino Unido da UE, que pela sua lucidez e sinceridade aqui se
reproduz:
“Não existe
razão para fingir que este é um dia feliz, nem em Bruxelas, nem em Londres.
Afinal de contas, a maioria dos europeus, incluindo quase metade dos eleitores
britânicos, deseja que fiquemos juntos, não que nos afastemos. Da minha parte,
não vou fingir que hoje estou feliz. Nós já sentimos a vossa falta.”
Estas
palavras de Donald Tusk traduzem o sentimento dos europeus à saída do Reino
Unido da UE.
O Reino
Unido, ou melhor, parte dele, quis deixar de partilhar as dificuldades de
construir um espaço comum, pese embora a questão não esteja completamente
resolvida internamente. Pelo menos a Escócia vem mostrando a sua clara oposição
a esta saída.
Mas este
espaço a que pertencem 28 países e que apelidamos de União Europeia é um
território que foi crescendo pelo seu projecto.
Um projecto
de paz, de segurança e de direitos, mas também de deveres.
Um espaço de
compromissos e de regras.
Um espaço em
que é necessário o respeito de uns e de outros.
Um espaço
onde existe facilidade comercial, e onde se criou uma única moeda que
fortalece as relações e facilita a vida dos cidadãos.
Um espaço
“sem” fronteiras, de circulação livre pelas pessoas, com um conceito único a
que se apelidou Espaço Schengen.
Um espaço
onde existem um vasto conjunto de programas comunitários que apoiam
transversalmente os cidadãos e os territórios, e que desde logo vieram abrir
novos horizontes às novas gerações, para quem hoje o mundo não se limita às
fronteiras dos territórios nacionais.
Bem sabemos
que quando falamos da Europa, falamos de várias europas. Da UE, da zona
euro, do Espaço Schengen e que todos têm espaços territoriais diferentes.
Mas talvez tenha sido esta a forma possível de se ir construindo a União
Europeia.
Algo
ambicioso e que é necessário compromisso, e para esse compromisso é
necessário cedências e partilha de valores.
Certamente
que não tem sido um percurso fácil, que estamos muito aquém do esperado na
coesão territorial, em várias matérias laborais e económicas e em tantas outras
matérias.
Mas estamos
a percorrer um caminho que é necessário trilhar.
Estamos num
tempo em que o mundo ou está em guerra ou está em confronto politico, e a
Europa terá que saber fazer a diferença.
E por tudo
isto custa a perceber a atitude do Reino Unido, porque ela vem dividir, e
certamente não beneficiará ninguém, nem a UE nem o UK, e virá criar
preocupações e problemas a um vastíssimo número de cidadãos de todas as 28
nacionalidades, e dar espaço aqueles que defendem políticas de terra queimada.
Até para a
semana
Rui Mendes
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