Sexta, 13 Janeiro 2017
As abordagens ao tema da dívida pública
são recorrentes.
Muito se tem escrito
sobre o problema. Mas associado a este está directamente um outro, que não terá
menos importância, e para o qual todos devemos dedicar especial atenção. Falo
das taxas de juro.
E porque abordar hoje este assunto?
Pela simples razão que esta semana
Portugal teve necessidade de recorrer ao mercado para se financiar, de modo a
assegurar que terá liquidez para cumprir alguns dos compromissos que terão que
ser pagos em 2017.
Para colocar 3 mil milhões de dívida
pública, a pagar em 10 anos, apenas uma parte do que irá necessitar este ano,
Portugal ficou a pagar uma taxa de juro de 4,227%.
A taxa de juro aplicada fará toda a
diferença no montante final que terá que ser pago. Irá agravar o montante em
dívida.
Mas interessará também que façamos um
exercício comparativo da taxa paga por Portugal, com os outros países que se
encontram a passar por problemas semelhantes ao nosso.
Se já de si estes 4,227% são superiores
aos 3,4%, que correspondem à actual taxa média aplicada à divida portuguesa, o
que se dirá das taxas que são aplicadas à Espanha de 1,4%, ou à Itália de
1,87%.
Por alguma razão as taxas aplicadas são
tão divergentes.
Uma das principais condições que
influencia a taxa de juro a ser aplicada é o risco. Quanto maior é o risco
maior é a taxa de juro aplicada, quanto menor for o risco menor é a taxa de
juro. Ou seja, quem investe em dívida pública quando sente maior risco permite-se
cobrar uma taxa superior.
Ora, os investidores na divida publica
portuguesa ao exigirem maiores taxas de juro a Portugal fazem-no porque sentem
que os riscos são maiores e porque a nossa economia apresenta fraco crescimento
e está mais vulnerável.
E os riscos pagam-se. No caso pagam-se
com taxas de juro mais elevadas.
Muito nos deverá preocupar a subida dos
juros.
Não só porque no passado recente vimos o
que é a fúria dos mercados e os seus impactos na economia do país, como também
pela inquietação que a subida dos juros gera em toda a sociedade.
Deverá ser uma obrigação de cada governo
a redução da divida e, consequentemente, dos encargos com a dívida, condição
para o equilíbrio do pais e para que não permitamos deixar o país com níveis de
endividamento de tal modo elevados que as gerações futuras fiquem com a
obrigação de pagar os excessos das gerações anteriores.
Se porventura hierarquizássemos os
problemas do país, o problema da taxa dos juros estaria certamente numa das
posições cimeiras.
Mas há quem entenda não valorizar este
problema. Mas não será certamente por não se lhe dar a importância que tem que
o problema não assume dimensões preocupantes.
Até para a semana
Rui Mendes
Sem comentários:
Enviar um comentário