terça-feira, 17 de janeiro de 2017

CINEMA

Há relativamente pouco tempo colocamos aqui no Al Tejo  o nome dos filmes eleitos pelo Dr. Egas Branco, que amavelmente nos concede o privilégio da sua colaboração,  como os seus preferidos  em 2016.

Deixamos-lhe hoje, pequenos textos justificativos dessa mesma escolha.

                             BALANÇO CINÉFILO DE 2016 - As minhas justificações de gosto

45 YEARS (45 ANOS), de Adrew Haigh, com Charlotte Rampling, Tom Courtenay
  O argumento do filme é baseado numa novela de um poeta inglês, David Constantine (71 anos), que em entrevista disse que a ideia lhe tinha vindo duma notícia que leu na adolescência, e que o tinha impressionado, sobre o corpo de uma rapariga que havia sido descoberto praticamente intacto, envolvido no gelo de um glaciar alpino. 

Constantine e posteriormente Haigh construíram histórias cujo maior interesse tem obviamente a ver com o comportamento humano a partir da memória de um acontecimento que se julgava definitivamente terminado e que um corpo conservado no gelo vem lembrar."
THE BIG SHORT (A Queda de Wall Street), de Adam McKay, Christian Bale e Steve Carell
 "Não será uma obra claramente anti-capitalista mas antes uma denuncia dos excessos a que o capitalismo em crise, cíclica, conduz, provocando milhões de vítimas, mas que para eles não passam de números... 
A obra, embora se limite aos especuladores menores, que gravitam na órbita do sistema, embora às vezes enriqueçam, e praticamente nunca nos mostre os que efectivamente comandam e ditam as decisões políticas que permitem que tudo continue na mesma, não deixa de impressionar os espectadores. Nem chegamos sequer a ver os émulos dos famigerados Constâncios e Carlos Costas, a não ser em imagens fugazes 
No entanto o filme vai dizendo meia dúzia de verdades sobre quem acaba por pagar de facto as crises capitalistas, ou seja, os trabalhadores e as massas populares. "

LA LOI DU MARCHÉ (A Lei do Mercado), de Stéphane Brizé, com Vincent Lindon e Karine de Mirbeck
 "O autor diz que o seu filme é apenas político no sentido estrito do termo, mas que não quis fazer um panfleto ou uma bandeira da luta de classes, mas apenas debruçar-se sobre um homem em crise, por ter caído aos 50 anos no desemprego, não querendo no entanto perder a sua dignidade como ser humano.
O filme mostra, através de vários episódios na vida deste homem, o estado lamentável da sociedade resultante das políticas neoliberais (em muitos aspectos espécie de fascismo). Não tenho tempo agora para explicitar alguns aspectos a merecerem atenção mas que julgo que os espectadores não deixarão de sentir, como por exemplo o da "selecção de pessoal" nas empresas privadas. Aliás isso foi evidente na reacção dos espectadores da sessão a que assisti."

CINZENTO E NEGRO, de Luís Filipe Rocha, com Joana Bárcia e Flipe Duarte
 "Vontade de rever esta magnífica obra, CINZENTO E NEGRO, tragédia de contornos clássicos, que a crítica dominante desconsiderou. 
De Luís Filipe Rocha, o grande realizador de, por exemplo, o famoso CERROMAIOR, em que adaptou a obra homónima de Manuel da Fonseca, o admirável escritor, poeta, narrador do País a Sul do Tejo.
 Agora é principalmente a paisagem açoriana que domina, em especial do Pico e do seu mítico vulcão.
Brilhante direcção de actores e actrizes. Joana Bárcia e Mónica Calle com duas interpretações que ficam no nosso imaginário cinéfilo e isso nos tempos actuais não é fácil de se conseguir, pelo menos para mim."

WHERE TO INVADE NEXT (E agora invadimos o quê?), de Michael Moore
 "O famoso documentarista norte-americano, MICHAEL MOORE, dá um panorama desolador do estado da democracia, dos direitos dos trabalhadores e dos direitos humanos no seu país. (...)
Em especial o episódio da luta pelos direitos das Mulheres é talvez o melhor momento do filme."


MARAVIGLIOSO BOCCACCIO (Maravilhoso Boccaccio), de Paolo e Vittorio Taviani
 "É a adaptação de um grande clássico italiano, baseado nas histórias do seu DECAMERON, que Pasolini já havia adaptado também brilhantemente, à sua maneira. 
Em tempos de Peste (século XIV) há quem tente fugir-lhe. Também nós agora, com novas pestes (o fascismo e o neo-nazismo crescendo na Europa, na Turquia...) assolando os sítios onde vivemos, precisamos de força para lhes resistirmos e fazer-lhes frente, porque não adianta fugir... 
É um maravilhoso filme dos manos Taviani a não perder, transmitindo a beleza e sabedoria sobre a natureza humana, dos escritos de este grande autor, como o nosso Gil Vicente, Shakespeare, Molière..."

Restantes escolhas serão colocadas amanhã

Sem comentários: