segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

UM CONTO DO HELDER

                                UM conto de natal
Pensei em escrever um conto, não daqueles que a minha avó dizia, "acrescenta-lhe um ponto", mas que ponto hei-de acrescentar, se não sei que conto irei contar e muito menos por onde começar.
Prosa ou poesia? Também a minha avó me dizia ,"tanto faz" o que é preciso é escrever e usar a fantasia.
Fui buscar a caneta e o tinteiro.
Tinha o aparo rombo, não de escrever mas do tombo da vida, quando uma pessoa está longe ou está esquecida.
E o tinteiro? Estava seco, tão seco, e com o Sol brilhava com um azul intenso que cegava, por momentos os meus olhos, quando para ele olhava.
E, de olhos fechados comecei a escrever, sem saber o que dizer, umas linhas em folha de papel pardo, há muito, muito tempo enrugado.
Logo no começo surgiu uma dificuldade, o endereço.
E, olhando em meu redor ninguém vejo para meu auxílio, e logo surgiram duas hipóteses, perguntar a mim mesmo ou partir para o exílio.
Direciono estas linhas para um país do Norte, do Sul, do Leste ou do Oeste?
Tanto faz o que preciso é escrever pelo motivo que me deste, ou não mo deste, que inventei em sonho acordado que sonhei.
Será que estás num país frio? Ou quente?
Quando para ti escrevo preencho o vazio de estares ausente, longe, tão longe que receio que estas linhas se percam no caminho e tu não as possas ler no teu cantinho.
E como me entristece este pensar. É como uma dor a arrastar o coração,  que os meus olhos já choram de emoção.
De olhos fechados vou escrevendo e, de longe, muito longe de mansinho uma luz está aparecendo em seu firme caminhar devagarinho.
Visão ou realidade? Já me confundo e não sei se é ser vivo ou do outro mundo.
Desordenado já me bate o coração ao vê-la aproximar que aflição.
Estás tão bonita, com o manto cor-de-rosa a condizer com a fita, que te aperta a cintura e te evidencia o teu rosto de ternura.
Mulher ou Santa? Decifrar não sou capaz e confuso me interrogo e de joelhos à imagem rogo, em oração por um Natal de Paz.
E sinto-me gelar quando um beijo quente e prolongado me fez acordar,
deste meu penoso e doloroso estado e, ainda meio a dormir, meio acordado,
com o pensamento a falar alto, ainda te peço, em sobressalto, se não te parecer mal, deixa-me ao menos escrever o meu conto de Natal.
Hélder Salgado.
Terena, 15-12-2016.


  




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