UM conto de natal
Pensei em escrever
um conto, não daqueles que a minha avó dizia, "acrescenta-lhe um ponto", mas que ponto hei-de acrescentar, se
não sei que conto irei contar e muito menos por onde começar.
Prosa ou poesia?
Também a minha avó me dizia ,"tanto
faz" o que é preciso é escrever e usar a fantasia.
Fui buscar a
caneta e o tinteiro.
Tinha o aparo
rombo, não de escrever mas do tombo da vida, quando uma pessoa está longe ou
está esquecida.
E o tinteiro?
Estava seco, tão seco, e com o Sol brilhava com um azul intenso que cegava, por
momentos os meus olhos, quando para ele olhava.
E, de olhos
fechados comecei a escrever, sem saber o que dizer, umas linhas em folha de
papel pardo, há muito, muito tempo enrugado.
Logo no começo
surgiu uma dificuldade, o endereço.
E, olhando em meu
redor ninguém vejo para meu auxílio, e logo surgiram duas hipóteses, perguntar
a mim mesmo ou partir para o exílio.
Direciono estas
linhas para um país do Norte, do Sul, do Leste ou do Oeste?
Tanto faz o que
preciso é escrever pelo motivo que me deste, ou não mo deste, que inventei em
sonho acordado que sonhei.
Será que estás num
país frio? Ou quente?
Quando para ti
escrevo preencho o vazio de estares ausente, longe, tão longe que receio que
estas linhas se percam no caminho e tu não as possas ler no teu cantinho.
E como me
entristece este pensar. É como uma dor a arrastar o coração, que os meus olhos já choram de emoção.
De olhos fechados
vou escrevendo e, de longe, muito longe de mansinho uma luz está aparecendo em
seu firme caminhar devagarinho.
Visão ou
realidade? Já me confundo e não sei se é ser vivo ou do outro mundo.
Desordenado já me
bate o coração ao vê-la aproximar que aflição.
Estás tão bonita,
com o manto cor-de-rosa a condizer com a fita, que te aperta a cintura e te
evidencia o teu rosto de ternura.
Mulher ou Santa?
Decifrar não sou capaz e confuso me interrogo e de joelhos à imagem rogo, em
oração por um Natal de Paz.
E sinto-me gelar
quando um beijo quente e prolongado me fez acordar,
deste meu penoso e
doloroso estado e, ainda meio a dormir, meio acordado,
com o pensamento a
falar alto, ainda te peço, em sobressalto, se não te parecer mal, deixa-me ao
menos escrever o meu conto de Natal.
Hélder Salgado.
Terena,
15-12-2016.
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